O que ele quer ganhar?

Pesquisa do Google revela que moda é preferência de pais e filhos; confira sugestões de presentes

Flávia Ivo
09/08/2019 às 07:41.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:55

Muitos papais por aí podem dizer que a moda pouco ou nada importa para eles, mas, na hora de desejar um presente para o segundo domingo de agosto, não hesitam: escolhem, preferencialmente, roupas, calçados e acessórios. Pelo menos nesses itens, a lista coincide com a das escolhas dos filhos para o Dia dos Pais. E para por aí, de acordo com recente pesquisa do Google.

O gigante da internet mostrou que 58% dos filhos pretendem presentear com artigos da área de vestuário, enquanto 32% dos pais almejam esses mimos, querendo, em segundo lugar (28%), smartphones e, em terceiro, ferramentas (22%). Já a cria dá a medalha de prata para perfumes e cosméticos (24%) e a de bronze para os celulares (15%).

Para Aldo Clécius, trend hunter e professor do curso de Moda do Centro Universitário UNA, há um motivo para a primeira escolha de ambos ser esta. “Moda tem para todos os bolsos, assim como acessórios e cosméticos. No momento em que vivemos uma crise, isso conta. Também, muitos filhos observam pais pouco cuidados ainda e a data é perfeita para atualizar a imagem deles”.
 
DIFICULDADES
A aparente falta de sintonia no ranking de presentes está relacionada à idade dos filhos e ao contexto familiar, como explica Carolina Ratton, psicóloga especializada em Atendimento Sistêmico de Famílias. 

“De maneira geral, o ato de presentear parece fácil, porém, o próprio levantamento do Google aponta que não é bem assim. A dificuldade de comunicação, a falta de conhecimento e os desejos, conscientes e inconscientes, são aspectos tanto individuais quanto relacionais e coletivos. Expectativas, desejos e realidade se misturam gerando sentimentos de satisfação ou frustração”, analisa.

Conforme a especialista, embora educar filhos não seja uma ciência exata, “os pais que buscam diariamente desempenhar, em todos os aspectos, um papel ativo na criação dos filhos, acabarão colhendo recompensas, seja em forma de presente ou não”.
 
IDENTIDADE
E esse comportamento mais participativo e ligado aos anseios básicos dos filhos vem sendo construído, mesmo que de forma lenta, ao longo dos anos. Exemplo é que, se antes a imagem de pai provedor e autoritário dominava as campanhas publicitárias para a data, hoje, o retrato das relações é o que chama a atenção.

Tanto é que a pesquisa do Google mostrou que 65% dos pais não ou raramente se “enxergam” nas propagandas. E o que mais incomoda a eles é o fato de os comerciais venderem a imagem de pai perfeito (41%) ou que é coadjuvante (32%) na educação dos filhos.

“Um dos desafios da mídia é projetar a realidade dos pais que cuidam, dedicam-se e participam da criação dos filhos de maneira natural, espontânea e masculina. Isto é, não é necessário ‘feminilizar’ o homem para demonstrar que ele é um ‘bom’ pai”, opina Carolina Ratton.
 
VALOR DE VERDADE
O levantamento do Google também apresentou gráfico positivo nas buscas sobre o Dia dos Pais nos últimos anos. Entre 2015 e 2018, houve crescimento médio de 19%. E, quanto maior a procura, maiores as vendas. Em faturamento no e-commerce no ano passado, a data teve resultados semelhantes aos do Dia das Mães.

Apesar de os dados apontarem para o consumo aquecido, o presente pode ser representado por um carinho ou mesmo pela convivência, destaca a psicanalista e consultora de imagem Miriam Lima. 

“A nossa sociedade está com dificuldade de dar presentes singelos, simples, que podem fazer mais sucesso do que os de maior valor financeiro. Às vezes, chamar o pai para bater um papo pode ter um valor imensurável”, considera a especialista. 

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