O céu é lá embaixo

Riqueza subterrânea é atrativo turístico na Rússia

Frederico Ribeiro
Hoje em Dia - Belo Horizonte
14/07/2018 às 07:37.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:24
 (FREDERICO RIBEIRO)

(FREDERICO RIBEIRO)

MOSCOU – A chuva que varreu o calor de Moscou aperta ainda mais peruanos, argentinos, russos e brasileiros na fila do Bunker 42. É a espera para descer 65 metros e visitar um tesouro enterrado na capital russa. O local construído para abrigar o ditador Josef Stalin durante a Guerra Fria – em caso de ataque nuclear – virou museu, com tour ao custo de R$ 120. Mas há outros palácios subterrâneos erguidos pelas mãos do ex-líder soviético e acessíveis por meio de bilhete de metrô.

A segunda maior malha metroviária da Europa – só perde para Londres – está na terra da Copa do Mundo de 2018. O metrô de Moscou é atração obrigatória. Está crivado de referências à antiga URSS, com painéis em mosaicos, pinturas e jogo de luzes. Vale ver bustos de Vladimir Lenin e homenagens ao escritor Fiódor Dostoiévski .

Passear pelas 15 linhas é conhecer a história da Rússia. Não só na paisagem das plataformas, muitas vezes a 100 metros de profundidade, mas na acessibilidade das 245 estações que se conectam em teia de aranha elétrica, abraçando a megalópole de 12 milhões de habitantes. Nem mesmo os aeroportos distantes do centro ficam fora do alcance dos trilhos.

“É fascinante. Descemos nesta estação só para tirar fotos da arquitetura, das pilastras e desses quadros. Parece uma galeria de arte, um museu. Impressiona o cuidado também. Conservam essa paisagem num lugar onde passam milhões de pessoas por dia”, diz a turista espanhola Cristina López.

Se perder pelo metrô de Moscou acaba virando exercício prático de desventuras. Mistérios rondam a cidade subterrânea, como passagens secretas para o Kremlin, a fortaleza da velha cidade.

O jeito mais popular de pagar pelo meio de locomoção submerso é o cartão Troika, recarregável e com desconto nos acúmulos de viagem.

O bilhete único custa 55 rublos (R$ 3,40), mas pode ser recarregado em caixas eletrônicos próprios quantas vezes o usuário necessitar. Atualmente, há pulseiras magnéticas que os russos utilizam como espécie de cartões fashion.

Não faltam meios de acessar o jeito mais econômico e rápido de cruzar Moscou. À luz do sol, ônibus e táxis disputam espaços limitados com os carros privados num trânsito caótico. Para piorar, os taxistas ainda cobram preços abusivos, sem rodar o taxímetro e combinando o valor da corrida antes – muitas vezes inflacionada ao fim do trajeto, principalmente quando a vítima é estrangeira e não domina a língua.

Quanto ao aeroporto, as conexões do metrô aos terminais são feitas através de trens (Aeroexpress). Apesar da facilidade de até fazer o check-in nestas baldeações, os russos clamam por novas estações que levarão o metrô diretamente para os três principais aeroportos de Moscou.
 
ARTE
Para decorar os palácios erguidos do subsolo, Stalin recorreu aos serviços dos mestres paisagísticos da Rússia Soviética. Tamanho tesouro chegou a ser realocado em outros lugares na tentativa de invasão nazista na Segunda Guerra. Ao mesmo passo que a profundidade das estações serviu de abrigo anti-bombas.

A mais icônica desses tempos de conflitos é a estação Ploshchad Revolyutsii (Praça da Revolução), com suas 18 esculturas que representam desde crianças brincando a poetas, agricultores e soldados da 1ª e 2ª grandes guerras.
 
DE PATINETE A UBER
Há dois anos, o russo Aleksandr Rendakov fez o trajeto de São Petersburgo e Moscou (730 km) com apenas um patinete. Seis dias de sufoco, castigando as rodinhas do skate com guidão. Mas o transporte que parece brincadeira de criança é alternativa de mobilidade urbana na capital. Mãe com filhas, executivos ou entregadores de comida utilizam as três rodinhas (duas dianteiras) para cruzar as ruas.

Na versão high-tech do patinete, o Segway (aquele motorizado e que se locomove na base do equilíbrio corporal) é outro artefato de mobilidade urbana. 

Caso a única alternativa seja encarar os engarrafamentos sem hora para acontecer ou acabar, há o Uber – bem mais barato que os táxis – e até mesmo o aplicativo Yandex (russo), capaz de chamar corridas em veículos particulares ou de táxis cadastrados, com a tarifa em conta e pré-marcada via celular.

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