(MANOEL FREITAS)
Já estão abertas as inscrições para os interessados em levar os animais de estimação para castração, com valor mais baixo. O prazo para o cadastro termina em 20 de outubro.
O Mutirão da Castração acontece em 2 e 3 de novembro em Montes Claros. O objetivo é combater doenças e diminuir o número de animais nas ruas da cidade. O evento é realizado pela Associação Justo Olhar, UFMG e ONG Pet Sem Fronteiras.
O foco do mutirão é evitar a propagação de zoonoses, principalmente a leishmaniose, endêmica em Montes Claros. “Nós temos um problema grande que é a leishmaniose, além de vários outros problemas sociais e ambientais que esses animais errantes trazem”, explica Ana Laura Ferreira, jornalista, publicitária, graduanda em medicina veterinária e diretora da ONG Pet Sem Fronteiras.
“O projeto Castração Itinerante busca levar o procedimento para os municípios onde há uma grande quantidade de animais infectados com leishmaniose, fazendo o controle populacional. Além disso, é uma forma de contribuir com a diminuição do abandono de animais”, destaca Ana Laura.
A DOENÇA
A leishmaniose é uma doença infectocontagiosa causada por um protozoário transmitido pela picada do mosquito flebótomo infectado, também conhecido como “mosquito palha” ou “birigui”. É considerada uma zoonose e pode acometer homens e cães.
Presidente da Associação Justo Olhar, Aline de Jesus Matos, acadêmica de medicina veterinária, explica que a associação tem o objetivo de proteger os animais. “Fazemos esse trabalho porque a superpopulação de cães e gatos no nosso município causa problemas de saúde pública e também porque é preciso atentar para o sofrimento desses animais”, explica.
Segundo Aline, esse é o quarto mutirão realizado neste ano. Foram 114 castrações em fevereiro e 115 no início de setembro, entre cães e gatos. Para o próximo, serão disponibilizadas 100 vagas, embora a procura seja alta.
“Eu mesma faço as inscrições, e se hoje eu quisesse preencher mil vagas, eu conseguiria. Mas o projeto é de difícil execução, uma vez que o veterinário vem de São Paulo”, conta Aline.
POPULAÇÃO
De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses de Montes Claros, há um número estimado em torno de 8 mil animais nas ruas da cidade, sendo 700 portadores de leishmaniose.
Só neste ano o município registrou 71 casos de leishmaniose visceral – com três mortes – e 21 de leishmaniose tegumentar.
Segundo Flamarion Cardoso Gualberto, coordenador de Saneamento e Controle do Centro de Zoonoses, é importante realizar a castração, pois é uma forma de controle populacional dos animais e um manejo ambiental. A cidade, no entanto, não possui o serviço público.
O Hospital Veterinário Renato Andrade oferece a castração para toda a comunidade há seis anos. Lucas Mendes Soares, coordenador administrativo da unidade, ressalta que é realizado o atendimento eletivo, em que o tutor do animal liga ou comparece na unidade para fazer o agendamento.
“A agenda abre todas as sextas-feiras (para a semana seguinte), às 7h30, até as vagas esgotarem. A unidade possui valores acessíveis à população e facilidades de pagamento”, explica Lucas.
Ele ressalta ainda que o hospital tem uma grande demanda de castração. “Realizamos aproximadamente dez procedimentos por semana e, eventualmente, a unidade intensifica a realização desse procedimento”, diz Lucas, que também prevê um evento como esse no mês de dezembro.