Gasolina cara e escassa dispara procura por GNV

Marcelo Ramos
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22/10/2021 às 00:16.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:06
 (FIAT/DIVULGACAO)

(FIAT/DIVULGACAO)

O preço dos combustíveis nas bombas não só assusta os motoristas, mas aperta cada vez mais o orçamento. Com a greve dos tanqueiros em Minas, muitos postos anunciaram ontem mesmo o desabastecimento. E uma das consequências da mobilização pode ser uma nova alta. E sempre que o preço dos combustíveis dispara, o consumidor passa a considerar a conversão do carro para uso do gás natural veicular (GNV) como alternativa para economizar. De acordo com a Gasmig, o aumento das conversões dispararam em Minas.

“No início do ano tínhamos 100 carros convertidos mensalmente no Estado. Hoje já é uma média de 600 veículos. GNV é uma alternativa real”, afirma o presidente da companhia, Pedro Magalhães.

Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o volume de conversões duplicou em relação a 2020. Apenas em agosto foram quase 19 mil instalações no país. De janeiro a setembro, 163 mil conversões. 

Encontrar uma vaga na agenda das oficinas credenciadas para fazer a conversão não está fácil. Algumas pedem prazo de cinco dias para receber o carro. E o tempo do serviço pode levar mais três. 

“A demanda subiu demais”, afirma atendente de uma das lojas da capital. 
 
Mas será que vale a pena converter o automóvel para GNV a essa altura do campeonato? De fato, o preço do metro cúbico do combustível gaseificado é mais barato que a gasolina e se equipara ao valor do litro do etanol. 

Com o congelamento dos preços do GNV por mais 90 dias, anunciado pela Gasmig, o valor médio do gás deverá se manter na faixa de R$ 4,29. Etanol e gasolina não têm o mesmo controle e atualmente registram valores médios de R$ 4,88 e R$ 6,49, nessa ordem.

No entanto, o consumidor que pretende recorrer à conversão deve ficar atento ao custo da aquisição e instalação do kit GNV. O preço médio da conversão gira em torno de R$ 4,5 mil, mas em muitas oficinas o preço do serviço já subiu, com valores em torno dos R$ 5,1 mil. 

Dessa forma, para saber se vale à pena ou não, é preciso analisar cada caso. Fatores como modelo do automóvel, tipo de uso e quilometragem mensal média podem variar bastante. Assim, o que pode parecer uma boa saída pode se tornar um custo desnecessário. Ao mesmo tempo, a ideia de desembolsar quase R$ 5 mil, o que pode pesar no orçamento, a médio e longo prazos, poderá resultar em economia.

Análise ajuda a definir
Uma conta simples: com os R$ 4,5 mil investidos no kit GNV, o motorista poderia abastecer o carro com cerca de 690 litros de gasolina ou 920 de etanol. Digamos que a média de consumo do automóvel é de 10 km/l com o derivado do petróleo. Neste caso o consumidor poderia rodar quase 7 mil km com o valor da conversão. 

Já com o combustível de cana-de-açúcar, geralmente 30% menos eficiente, permitiria rodar 6,4 mil km com os mesmos R$ 4,5 mil. E se levarmos em consideração a média de quilometragem do motorista brasileiro, na casa dos mil quilômetros mensais, só o valor da conversão equivaleria a sete meses de abastecimento, fora o custo do próprio GNV.

Claro que nessa conta não estamos calculando possíveis novos reajustes. Afinal, desde o início do ano o preço da gasolina subiu mais de 50%. 

Comparar o consumo de um carro com gasolina, etanol e GNV é complicado. O volume de gás abastecido é bem diferente do armazenamento no tanque em litros. Para facilitar, vamos usar como referência nosso teste com o Fiat Grand Siena GNV, publicado em janeiro de 2021. O consumo com etanol, na cidade, ficou na faixa de 5,6 km/l. Já com GNV, média foi de 15 km/m³. 

Dessa forma, se o motorista roda em média 30 quilômetros ao dia (naquela conta dos 1.000 km mensais), com etanol irá gastar R$ 26,25, o que corresponde a R$ 0,87 por quilômetro rodado. Já no GNV o custo dos mesmos 30 quilômetros diários seria de R$ 0,28 por quilômetro. Assim, se o motorista do Grand Siena GNV circula mil quilômetros por mês, o custo giraria em torno de R$ 286 (GNV) e R$ 870 (álcool), tendo como base os valores atuais.

Nem tudo são flores quando se converte o automóvel para o GNV. O principal impacto é a perda de espaço no porta-malas. Dependendo do modelo, os cilindros podem reduzir pela metade o volume de bagagem. No caso do Grand Siena, de nosso teste, os dois cilindros ocupam 98 litros dos 520 litros do bagageiro. Outro senão é a perda de performance. 

A conversão do GNV pode ser uma solução para quem não tem como deixar o carro na garagem. Mas é preciso colocar tudo na ponta do lápis. Para quem roda muito pode ser solução. Para quem usa pouco o carro, é salgar carne podre.

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