‘Forévis’: Mussum é eternizado

Antônio Carlos, intérprete do personagem, ganhou documentário e cervejaria

Paula Machado
30/07/2019 às 07:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:45
 (UM FILME DO CACILDIS/DIVULGAÇÃO)

(UM FILME DO CACILDIS/DIVULGAÇÃO)

Antônio Carlos Bernardes Gomes, o sambista e comediante carioca imortalizado pelo ícone Mussum, de Os Trapalhões, tem uma legião de fãs, amigos e familiares saudosos há 25 anos.

Além de ter um bordão que virou marca de cerveja, o humorista ganhou agora um documentário biográfico, intitulado “Um filme do cacildis”. O longa traz outra visão do homem, líder familiar e fundador do grupo Originais do Samba narrada pelo ator Lázaro Ramos.

Ídolo nas décadas de 1960 e 1980, inventor de uma linguagem astuta e única, Antônio Carlos faleceu aos 53 anos, em 29 de julho de 1994, após complicações decorrentes de um transplante de coração.

Dezoito outonos depois, na mesma data da morte de Mussum, nasceu o primeiro rebento de Sandro, filho do humorista. O neto, que comemorou 7 anos ontem, veio ao mundo prematuramente, aos seis meses.

“Foi para trazer uma coisa boa, uma renovação”, diz Sandro, contendo as lágrimas de emoção.
 
EM CASA
Passista e fanático pela Mangueira e o Flamengo, Antônio Carlos era mais sério no ambiente doméstico, bem diferente do que mostrava nas telas, revela o filho.

“Não que fosse bravo, mas ele se preocupava em dar aos filhos as oportunidades que não teve. Era atento às notas, à educação, ao jeito que a gente falava e tratava as pessoas”, lembra Sandro.

As diferenças entre o intérprete e o personagem chegaram a render a Mussum certa má fama por um período. No entanto, o descendente – hoje empresário cervejeiro – justifica a firmeza de conduta pelo peso da “responsabilidade”.

“Brincavam que ele, por vezes, era mal-humorado, principalmente na fase de Trapalhões e Originais do Samba juntos. Na verdade, ele rodava o Brasil fazendo shows. Pegava voos, estrada e voltava. Fazia questão de estar com a família sempre que possível”, relata.

E não faltavam piadas no ambiente doméstico. “Ele decorava o script em casa. Eu marcava as falas, ele ensaiava, todo mundo se divertia”, relembra.

Uma das principais lembranças, contudo, são as idas semanais do patriarca ao colégio, quando Mussum se revezava com pais de colegas para apanhar os pequenos depois das aulas. “Toda quinta-feira antes de gravar, ele buscava a gente na escola. Era um caos, um caminhão de crianças para vê-lo. Eu pensava: ‘pô, é toda quinta-feira isso, não é uma vez ao ano’. Ficava tenso e me afastava”, recorda, entre risadas.

Diogo Mello, atual sócio de Sandro na Cervejaria Ampolis, fazia parte da turma de colegas no revezamento. Além da Cacildis, a marca tem três outros rótulos: Biritis, Ditriguis e Forévis.
 
LEGADO
Dos quatro filhos, apenas o caçula seguiu carreira artística, como ator. Também conhecido como Mussunzinho, Antônio Carlos Santana estará na próxima novela das 19h da Globo, chamada “Bom Sucesso”.

Na opinião de Sandro, a paixão pelo samba foi “sem dúvidas, o maior legado” deixado por Mussum para as gerações futuras de parentes.

“Toco surdo de primeira, segunda, terceira e caixa. Tirando instrumento de corda, eu toco de tudo. O samba está no sangue”, diz. O gosto pela cerveja é apontado ainda como um fator em comum com o progenitor, por isso a escolha pela produção da bebida.

“Eu queria fazer alguma coisa para homenagear meu pai, não sabia o quê. Pensei em um museu, um bar ou um bloco de Carnaval, mas queria algo que ficasse e não só explodisse no verão; algo que meus netos pudessem conhecer. Daí surgiu a ideia de fazer a cervejaria. É engraçado como ninguém pensou nisso antes”, revela.

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