FGTS na mira dos bancos

Instituições já estudam a antecipação do recurso, assim como fazem com o 13º salário

Tatiana Moraes
26/07/2019 às 07:08.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:42
 (CRISTIANO COUTO/ARQUIVO HOJE EMDIA)

(CRISTIANO COUTO/ARQUIVO HOJE EMDIA)

Um dia após o anúncio de flexibilização dos saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) pelo governo federal, os bancos já se preparam para oferecer aos clientes a antecipação do chamado “saque-aniversário”, mediante, claro, um deságio.

O modelo será semelhante à antecipação do 13º salário, porém, como o risco para as instituições financeiras é praticamente nulo, já que o dinheiro está na conta do trabalhador, especialistas acreditam que os juros sejam mais baixos. Eles alertam que é necessário bastante cuidado na hora de usar a medida.

“A pessoa tem que tomar cuidado porque o dinheiro já é dela. E é um dinheiro com a qual ela não contava antes. Tem que ser colocado na balança: é algo urgente? Ela precisa muito do dinheiro naquele momento?”, observa o professor do departamento de Economia do Ibmec, Felipe Leroy. Se a resposta for “não”, o ideal é esperar a data de aniversário do contrato para retirar o capital.

No “saque-aniversário”, o trabalhador pode retirar uma parte do FGTS todos os anos. No entanto, em caso de demissão, mesmo sem justa causa, ele não pode optar por resgatar todo o recurso. Para isso, terá que escolher voltar ao modelo antigo e esperar dois anos.

Leroy afirma que mexer no dinheiro é uma decisão complexa. Como o brasileiro tem pouco contato com educação financeira, é esperado que muitos optem pela modalidade de retirada anual sem pensar no futuro. “Não podemos esquecer que o FGTS é uma poupança forçada. Se o trabalhador resgatar o dinheiro agora, como ele vai sobreviver na aposentadoria?”, diz.

Em caso de o trabalhador decidir por tirar o dinheiro do Fundo antecipadamente, o ideal é gastar sola de sapato, conforme afirma o professor do Departamento de Economia da PUC Minas Pedro Paulo Pettersen. Ele explica que os bancos vão oferecer taxas diferentes e vale a pena pesquisá-las e barganhar.

Antecipação feita, o ideal é utilizar o dinheiro para pagar dívidas. Pettersen comenta que o fundo de garantia rende 3% ao ano + TR, e que dificilmente algum débito terá taxa menor do que isso. “Se a pessoa tem uma dívida de 10% ao ano e ela usar o dinheiro par abatê-la, será um bom negócio”.

Ele pondera, no entanto, que, embora a medida prometa uma injeção de R$ 40 bilhões no curto prazo, em um horizonte mais longo ela pode ser um tiro no pé. Isso porque o recurso do fundo de garantia é utilizado para financiar a casa própria. Sem o dinheiro, as pessoas podem ficar sem crédito e o setor desabastecido.
 
OS BANCOS
Em confe rência com jornalistas para apresentação de resultado, ontem, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr, afirmou que o banco deve naturalmente atuar na antecipação do FGTS, aguardando a regulação da modalidade.

A assessoria de imprensa do Itaú afirmou que “no caso do FGTS como garantia para crédito, o banco está estudando as condições estabelecidas pelo governo para avaliar a oferta dessa linha”. Na mesma linha, o Santander comunicou, por nota, que está “avaliando alternativas de oferta com esse perfil”. O Banco do Brasil está em período de silêncio e, por isso, não comentou a medida. A Caixa disse que a previsão de envio de comunicado com as informações oficiais é 5 de agosto.

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