O depoimento do publicitário Cristiano Paz, sócio do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, na sessão conjunta da CPMI do Mensalão e da CPMI dos Correios, foi suspenso duas vezes após confusão entre os parlamentares presentes no plenário.
O tumulto começou quando se soube que o vice-presidente da CPI da Compra de Votos, Paulo Pimenta (PT-RS), recebeu de Marcos Valério ontem, no estacionamento da Câmara, uma lista complementar de transferência de dinheiro que o empresário teria feito durante a campanha eleitoral do PSDB de 1998. Os parlamentares alegaram não ter tido acesso à lista e iniciaram bate-boca. A sessão foi então suspensa pelo senador Amir Lando (PMDB-RO), presidente da CPMI do Mensalão, por cerca de 10 minutos.
O depoimento foi retomado, mas os membros das comissões continuaram interrompendo a sessão com pedidos de questão de ordem relativos à "lista tucana". Amir Lando chegou a ameaçar encerrar a sessão caso o burburinho continuasse, mas a discussão entre os parlamentares prosseguiu.
Paulo Pimenta deu explicações contraditórias sobre como teve acesso à lista. Primeiro, Pimenta afirmou que recebeu na madrugada de hoje, das mãos dos advogados do publicitário Marcos Valério, uma nova lista de sacadores de recursos do Banco Rural, mas sem os recibos. Depois, Pimenta disse que a lista estava sobre sua mesa e que circulou entre vários parlamentares.
As críticas dos membros das CPIs ao comportamento de Paulo Pimenta vieram principalmente dos deputados do PSDB. A deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) questionou o fato de que o deputado Paulo Pimenta se reuniu com um investigado pela CPMI, o empresário Marcos Valério, fora da sessão de depoimento. Julio Redecker (PSDB-RS) e Pompeu de Mattos (PDT-RS) pediram que o presidente da CPMI da Compra de Votos solicitasse as fitas do sistema de segurança do estacionamento da Câmara para que haja certeza de que Pimenta entrou no carro de Marcos Valério.
Diante do tumulto generalizado, Amir Lando suspendeu novamente o depoimento. A segunda interrupção durou cerca de 10 minutos e Cristiano Paz voltou a responder às perguntas de Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPI dos Correios.