Careca, sim senhor!

Cabeça lisinha deixa de ser tabu entre os homens para virar “troféu”

Patrícia Santos Dumont
16/12/2018 às 07:21.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:35
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

Carecas assumidos e bem resolvidos vêm se tornando cada vez mais numerosos. Diferentemente de décadas atrás, quando levava muita gente ao desespero, a falta de fios é hoje, para muitos homens, motivo de ostentação. Sozinha, no melhor estilo “centro das atenções”, ou junto a uma barba bem feita, a cabeça lustrosa já é vista até como uma forma de dar aquela levantada na autoestima.

Assistente de eventos de 27 anos, Pedro Henrique Braz Pereira travou uma verdadeira batalha contra a calvície hereditária. “Só não fiz implante”, diz, enumerando as tentativas de frear a perda das madeixas: remédios de uso tópico, oral e até laser.

Foi em 2017 que o rapaz decidiu transformar o problema em solução. Aos poucos, adaptou o visual com cortes mais baixos e, no início do ano passado, libertou-se dos fios remanescentes. “O sentimento era ‘não tem mais jeito, preciso encarar’. Hoje, até oriento meu irmão e alguns amigos para que raspem logo, enquanto ainda têm escolha”.
 
NAVALHA
Com um visual 100% lisinho – sem barba nem bigode –, ele mantém a aparência bem cuidada à base de muita lâmina e navalha em casa e, pelo menos uma vez por semana, bate ponto na barbearia que frequenta desde que assumiu a carequice.

Se sofre bullying? Nenhum, garante! “Sempre tem uma piadinha ou outra, ‘cara de batata’, ‘o careca’, mas nada que chateie. Inevitavelmente, (a calvície) acaba virando um ponto de referência, mas é tranquilo”, enfatiza.

O psicólogo Pedro Róldi também deixou tabus de lado ao enfrentar a perda dos cabelos. Após esgotar as possibilidades de reverter a calvície, que dava sinais desde a adolescência, ele eliminou as madeixas. Há quase dois anos, ostenta um visual mais harmônico e equilibrado graças à barba cultivada com a ajuda de um profissional.

“Passei por um processo de aceitação, sim. Fiquei aborrecido, incomodado, mas agora aceito numa boa. Naquela época, as pessoas só falavam sobre isso: ‘nossa, você está ficando careca’. Hoje, ninguém, nem eu mesmo, consigo me imaginar de outra maneira que não seja essa”, diz.
 
PROPOSITAL
Companheira de muitos homens que adotam o visual careca, a barba não é “casual”. Sócio-proprietário de uma barbearia, Wagner Mariano diz que manter um volume na parte inferior do rosto ajuda a balancear as feições.

“Praticamente 90% dos carecas escolhem deixar barba. Assim, não ficam com o rosto totalmente ‘pelado’. Ajuda na simetria e valoriza as proporções”, explica.

SAIBA MAIS
Pesquisa divulgada recentemente pela Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC) mostrou que 42 milhões de brasileiros apresentam calvície. O dado mais curioso diz respeito à faixa etária com maior índice de queda dos fios – 25% têm entre 20 e 25 anos. A questão pode estar associada a problemas emocionais e a fatores genéticos.
 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a alopecia androgenética – nome para calvície – é desencadeada por inúmeros fatores, estando associada ainda ao excesso de hormônios masculinos, motivo pelo qual é mais prevalente em homens. Embora seja um quadro de origem genética e hereditária, a existência de um ou mais casos na família não significa, necessariamente, que a calvície se manifestará em todos.
 
Quem não quer assumir a condição conta com inúmeros tratamentos que prometem preservar a saúde dos fios, retardar a queda ou frear a perda das madeixas. Dentre as opções terapêuticas disponíveis estão medicamentos de uso tópico e antiandrógenos (composto que bloqueia ou inibe o hormônio estimulador de características masculinas) sistêmicos. Lasers também ajudam a estimular o crescimento dos fios. Casos mais acentuados podem ter indicação de transplante capilar. 
 

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