Caixinha de diversão feita por aluna da UFMG ajuda a mudar hábitos de animais

Luisana Gontijo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
24/11/2020 às 01:00.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:07
 ( Maurício Vieira)

( Maurício Vieira)

Uma espécie de caixinha de diversão para pets, que busca inserir na rotina dos bichinhos atividades que vão desenvolvê-los e deixá-los mais felizes, se propõe a ser a solução para dificuldades de adaptação, insegurança e outros comportamentos nocivos identificados pelos donos.

O brinquedo, baseado na técnica de enriquecimento ambiental – que objetiva estimular comportamentos naturais nos animais –, foi desenvolvido pela estudante de Engenharia Elétrica da UFMG Camila Braz, de 20 anos. A jovem pretende ensinar a todos os interessados como fazê-lo, a baixo custo, para melhorar a qualidade de vida dos animais de estimação.

“O cachorro tem que pegar uma bolinha e colocar dentro do brinquedo. A bolinha rola por uma rampa, um mecanismo interno abre um compartimento e desce petisco ou comida”, explica Camila Braz.

Essa brincadeira, diz a universitária, incentiva a desenvolver o olfato, leva o cachorro a exercer comportamentos naturais e pode ajudá-lo a se adaptar. E foi exatamente o que aconteceu com Belinha, cadela que Camila adotou em junho, no auge da pandemia. A nova dona diz que, hoje, a pet é bem mais extrovertida e alegre do que quando chegou à família. Está adaptada.

A estudante conta que logo percebeu, pelo comportamento inseguro e tímido da cachorrinha, o quanto o animalzinho devia ter sido maltratado. Belinha tinha medo de brinquedos e se assustava com tudo. 
 
ADAPTAÇÃO
Determinada a ajudar a cachorrinha a mudar esses hábitos, a se acostumar com o novo lar e ser mais feliz, a universitária revela que começou a pesquisar na internet alguma forma de auxiliar nessa adaptação.

Na internet, a estudante se deparou com a técnica de enriquecimento ambiental. “Vi um brinquedo muito caro, de cerca de R$ 200, fora o valor do frete, que me pareceu o ideal para ajudar a Belinha a se adaptar”, diz Camila. Porem, a inventora disse que não poderia comprá-lo.
 
FABRICAÇÃO
A futura engenheira, então, decidiu fazer um dispositivo similar, cujo custo não passou de R$ 50. A parte física do brinquedo foi fabricada com madeira por Camila, com a ajuda do pai. 

O componente eletrônico usado para fazer a rampa ser acionada, revela, é um dispositivo chamado arduíno, que custou R$ 20. “É uma placa à qual você pode conectar dispositivos e sensores que levam o compartimento a abrir”, detalha.
 
ACESSO FACILITADO
O protótipo fabricado por Camila para melhorar a vida de Belinha foi doado para a biblioteca do Programa de Educação Tutorial da Engenharia Elétrica (UFMG). “A ideia que tenho é facilitar o acesso, sem que as pessoas precisem pagar caro por isso. Pretendo publicar vídeos e artigos ensinando a fazer o brinquedo”, avisa a universitária.

Em vez de madeira, ela diz que pode ser usado papelão na confecção da caixa de diversão, para baratear ainda mais o projeto. Camila Braz pretende publicar no Instagram(@__camilabraz) os vídeos que vão ensinar a construir o dispositivo. Ela informa que quem se interessar pode fazer contato pela rede social para receber orientações gratuitas.

SAIBA MAIS
Brinquedos e apetrechos fabricados com base na técnica de enriquecimento ambiental podem ajudar a diminuir o tédio dos animais, principalmente daqueles que ficam muito sozinhos, ensina o veterinário Marcelo França da Silva, proprietário da petshop Dog Dog e Cat Cat. 

Ele alerta, no entanto, que é de extrema importância que o dono observe o material de que esses dispositivos são feitos, porque há o risco de o bichinho morder o brinquedo e engolir algum pedaço de algo que não vá fazer bem.

Marcelo França indica que há muitos “brinquedos inteligentes” à venda atualmente, que podem diminuir o estresse de gatos, cachorros e outros bichos. A recomendação do veterinário é que os donos busquem orientação na hora de comprar.

“Gato, por exemplo, fica muito frustrado com brinquedinhos a laser. Às vezes, o dono acha que ele está interessado, que está fazendo bem ao animal, porque ele vai atrás da luz do laser. No entanto, como ele nunca consegue pegar, é só uma imagem, dá uma sensação de frustração, o que não é bom para os gatos”, observa.

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