Cachaceiras, sim!

Mulheres que trabalham com a bebida falam sobre paixão pela atividade e pela “branquinha”

Adriana Queiroz
13/07/2019 às 11:09.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:32
 (LUÍSA SALIBA/DIVULGAÇÃO)

(LUÍSA SALIBA/DIVULGAÇÃO)

As mulheres não ficam para trás quando o assunto é cachaça. Cecília Helena Silva, de 48 anos, é paulistana, reside em São Paulo e trabalha com bebidas desde 2012. Tem formação em polímeros e administração. Trabalha com embalagem desde 2004 e está em Salinas desde a última quarta-feira (10), representando empresas onde trabalha – a Premier Pack e Dornas Havana – com estande no 18º Festival Mundial da Cachaça.

Cecília fez cursos no Cana Brasil e na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq). Se apaixonou tanto pelo universo da cachaça que hoje tem uma coleção de aproximadamente 200 rótulos. Ela conta que 90% das garrafas estão abertas porque, para ela, garrafa boa de cachaça é garrafa vazia.

Recentemente lançou um canal no You Tube – “A louca da cachaça” – para mostrar o mundo da cachaça em geral, eventos, novos produtos e os alambiques.

“Comecei no mercado de cosméticos, depois fui parar no mercado da cachaça. Viajo pelo Brasil todo visitando alambiques, destilarias e vinícolas, conhecendo as pessoas, processos e produtos”, conta. Para Cecília, a mulher pode ser o que ela quiser. Pode fazer cachaça, beber cachaça e muito mais. 

“Sou apreciadora e bebo muita cachaça. Tenho em minha casa umas 200 garrafas porque gosto, divulgo, falo da importância de termos a cachaça na coquetelaria, para estar nos melhores bares e restaurantes do Brasil”, afirma.

A ideia do projeto do canal, diz Cecília, é divulgar a cachaça e “levá-la para onde ela tem que estar”. “Tenho trabalhado muito para isso. Ver as pessoas bebendo cachaça me dá grande prazer!”, diz.

Cecília conta que sempre filma os eventos de cachaça, os alambiques por onde passa. “Procuro estar presente em todos esses espaços que posso para conhecer e estudar mais sobre a cachaça”, afirma.

No fim de 2012, as empresas onde atua começaram a trabalhar com madeira. “Aí fiz a formação em carvalho na Quintecense, Tanoaria no Chile, do grupo ISC, que representamos. Fui me aperfeiçoando cada vez mais em madeira”.
 
PREFERÊNCIA 
Falar de cachaça preferida, para Cecília, é complicado. “Posso te dizer que tenho preferência por algumas madeiras, carvalho, jaqueira, jequitibá... cachaças, gosto de quase todas, pois cada uma tem sua particularidade”, explica.

Produto importante na economia de Salinas e de vários municípios do Norte de Minas, e de outros no país, a cachaça tem mudado de status, primando cada vez mais pela qualidade e diferenciação.

“A cachaça está passando por uma transformação de posicionamento e de qualidade. E nós da Premier Pack temos uma grande participação nisto, através das embalagens Premium que trabalhamos”, ressalta Cecília.
 
DEDICAÇÃO 
Outra amante da cachaça é Cris Amorim. Se dedicou na formação profissional para produzir o que há de melhor no mundo da “branquinha”.

Aos 50 anos, toca o alambique da família, a Tiê, depois de ter atuado por anos como produtora artística.

“Minha vida na cachaça foi uma feliz coincidência. A fazenda em Aiuruoca foi comprada para ser uma nova fonte de renda, uma aposentadoria”, conta. A família começou plantando floresta, mas logo descobriu que do outro lado das terras havia um rapaz que produzia uma cachaça famosa na região.

“Nosso mestre alambiqueiro é uma verdadeira joia. Só que para realmente produzir, precisaríamos começar do zero, projetando e construindo um alambique dentro de normas e padrões. Teríamos realmente que nos profissionalizar”, lembra.

Cris investiu em vários cursos, tirou as licenças. O processo todo demorou dez anos, pois não tinha verba. “Dois meses depois que colocamos o produto no mercado, em 2012, ganhamos nossa primeira medalha internacional, prata no concurso de destilados de Nova York”, revela.
 
ÁREA PARA MULHER
Para Cris, há participações brilhantes de mulheres no mercado da cachaça. “Mas, infelizmente ainda são pontuais. Somos poucas mulheres lutando pelo nosso produto mais nobre. Meu trabalho na Tiê é marketing, atendimento ao cliente, pós-atendimento, vendas e entrega na cidade de São Paulo”. 

Cris lamenta por não participar do Festival Mundial em Salinas. “Infelizmente, não iremos pela demanda de trabalho, pois o alambique sou eu, meu marido e os dois mestres alambiqueiros”.

Quanto ao preconceito sobre a participação das mulheres no universo da cachaça, ela brinca. “Sempre sofro preconceito por ser uma verdadeira cachaceira. Principalmente quando converso com quem não é da área ou em abordagem em bares. A palavra cachaceira sempre gera risos. A cachaça, apesar de ser o “ouro” do Brasil, ainda é um produto marginalizado. Estamos lutando para mudar essa imagem no país”. 

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