114 países em um livro

Historiador coleciona cédulas de várias nacionalidades que estarão em publicação

Manoel Freitas
Montes Claros
11/07/2018 às 08:13.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:20
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

A coleção foi iniciada quando ele tinha apenas 14 anos. Hoje, 54 anos depois, o acervo engloba mais de 2.700 cédulas e moedas de 114 países que deram origem ao livro “Ensaio Numismático, características e curiosidades do dinheiro”. É o 51º título do escritor baiano Dário Teixeira Cotrim, que há 40 anos radicou-se em Montes Claros.

Funcionário aposentado do Banco do Brasil, o também advogado, teatrólogo, cronista, genealogista, biógrafo e jornalista é reconhecido como um dos maiores numismáticos de Minas – ciência que trata das cédulas, moedas e das medalhas.

Ocupando pela terceira vez a presidência do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, Cotrim afirma que a numismática tem por objetivo o estudo sob o ponto de vista histórico, artístico e econômico do dinheiro. Segundo ele, se desenvolveu também o conceito de colecionar moedas como forma de investimento, visto que algumas peças costumam se valorizar com o passar dos anos. Por segurança, não revela o valor do acervo, mas admite que uma única cédula possa chegar a R$ 30 mil na atualidade.

A coletânea, de acordo com o escritor, teve início quando chamou sua atenção uma caixinha de lenço do pai, Ezequias Manoel Cotrim, com 11 cédulas de mil réis. De posse da caixinha, Dário começou a organizar uma coletânea de cédulas, moedas, medalhas, bônus, vales e diversos outros documentos que circulam como dinheiro.

“Se eu falar posso parecer louco, mas quando eu tinha 16, 18 anos, no auge da coleção, passava noites em claro olhando o álbum. Já trabalhava o dia todo pensando em chegar em casa e manusear o dinheiro, porque o que encanta é que cada dinheiro é estudado minuciosamente, tem uma característica”, explica o historiador.

Ele conta que todo dinheiro tem uma numeração e uma série. “Quem faz a coleção faz por série, porque cada ministro da Fazenda que toma posse encerra uma série e dá início a outra”.

Indagado qual cédula apontaria como a mais importante de sua coleção, Cotrim mostra uma nota de 5 mil réis, datada de 1833, revelando que a série começou a circular nas Províncias “como troco de cobre, ou seja, nas minas existia grande comercialização de pedras preciosas e o 5 mil réis era o troco. Essa aqui é de Diamantina”.

Dário Cotrim destaca também uma moeda de 40 réis. “Ela é holandesa, mas circulou fartamente no Brasil com um segundo carimbo para valer em todo o território nacional”, conta.
 
CONHECIMENTO
Para o historiador, a numismática ganha espaço nos tempos atuais porque o colecionador de dinheiro é, acima de tudo, “um estudioso que busca através das moedas conhecimentos de história, metalurgia, arte, identificando-as, analisando a composição, distribuindo-as cronológica, geográfica, histórica e estilisticamente”.

Um dos pontos fortes da coleção de Cotrim, como ele destaca, é o chamado “Padrão Mil Réis”, dinheiro brasileiro que circulou até 1942, quando foi introduzido o Cruzeiro, moeda oficial no país até 1964, ano da Revolução, quando passou a ser o Cruzeiro Novo.

O presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros tem a quase totalidade do Padrão Mil Réis, 295 de 300 possíveis. Dentre as preciosidades, há também um pacote com 100 cédulas novas, “adquirido para mostrar como era acondicionado o dinheiro”, bem como um saquinho lacrado pelo Banco Central com mil moedas.
 
CURIOSIDADES
“Dinheiro cortado no meio certinho o banco não recebe. Só recebe o dinheiro rasgado se tiver mais de 51% inteiro, que é completado pela instituição para depois ser acondicionado e devolvido ao Banco Central, devidamente emendado e colado para ser contado pelas máquinas”, afirma.

As mais de 2.700 cédulas da coleção são acondicionadas em pastas de couro e em embalagens de PVC de cristal para garantir a conservação do dinheiro, adquiridos em dólares.

O acervo de 54 anos é dividido em cédulas muito bem conservadas, dinheiro que já foi muito circulado, manuseado, tem alguns rasgões, mas mantém todas as características. As cédulas soberbas, que têm um mínimo de uso, e flor de estampa, dinheiro que nunca foi circulado, não podem ser tocados com as mãos para a gordura do dedo não ficar e cair uma poeirinha.

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