‘Sempre pensei em voltar a Montes Claros. Quem sabe?’

Com passagens por Bangu, América e XV Piracicaba, Cacau fala de bola e futuro

Gian Marlon*
26/10/2019 às 07:32.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:24
 (ARQUIVO PESSOAL)

(ARQUIVO PESSOAL)

Sábado será dia de reencontro dos ex-atletas do América Mineiro dos anos 80 contra o master do Atlético em Belo Horizonte. Um dos célebres jogadores do Coelho que marcará presença no bate bola é o montes-clarense Carlos Henrique Nunes Ribeiro, mais conhecido como Cacau. 

Nos gramados, atuou como lateral-direito e “quebrava o galho” jogando em outras posições. O início na carreira futebolística se deu nos dois tradicionais times de Montes Claros: Ateneu e Cassimiro. Depois, seguiu para o Flamengo e Bangu, no Rio de Janeiro. 

Cacau é um dos filhos de Laudivina Gonçalves Ribeiro – a Dona Cheiro – e de Henrique Nunes Ribeiro. É também irmão de Dequinha, ex-jogador do rubro-negro nos anos 70. Aos 62 anos e casado há 29, teve cinco filhos, sendo três mulheres e dois homens, e mora agora em Piracicaba (SP). 

Em conversa com O NORTE, ele contou sobre o começo da carreira, passagens por clubes, relacionamento com um dos primeiros técnicos na carreira de jogador profissional e da mãe, Dona Cheiro. 

Confira o bate-papo abaixo: 
O começo da sua carreira foi na cidade natal, Montes Claros. Como foram dados os primeiros passos por aqui? 

Meus primeiros passos foram no Ateneu. Depois, o Flamengo veio jogar aqui quando o Dequinha (Ademir Nunes Ribeiro, zagueiro do clube carioca) já estava no Rio de Janeiro. O Flamengo veio jogar aqui e ele me levou. Não deu certo e voltei para Montes Claros. Meu irmão Dequinha veio me buscar e fui para o Bangu. Lá, sim, foi praticamente que comecei minha carreira como jogador de futebol profissional. 
 
Houve dificuldades no início? 
No início, teve muitas dificuldades sim, no Bangu. Era um clube considerado na época pequeno no Rio de Janeiro, mas graças a Deus deu tudo certo e comecei a me destacar. Aos 17 anos, já virei profissional e o Flamengo se interessou em me comprar de novo, mas o Bangu não vendeu. Aí sim, lógico, tive dificuldades, mas graças a Deus começou a dar certo. Do Bangu eu fui emprestado para o América. 

O apelido Cacau vem de onde? É de infância ou veio com o futebol? 
O apelido Cacau é da minha mãe mesmo, e desde pequeno, da Dona Cheiro. Mas não sei o motivo. Ela que colocou esse apelido e graças a Deus me destaquei no futebol com o apelido Cacau.  

Você tinha características de jogador versátil e polivalente, com atuações na quarta-zaga e lateral. Se espelhou em algum jogador? 
Lógico, a gente se espelha sempre em jogadores que na época se destacavam. Com o fato de eu ser lateral tanto direito quanto esquerdo, muitos comentavam que eu jogava igual ao Júnior, do Flamengo. Fico muito agradecido porque joguei com vários jogadores e aprendi muito. Por isso, me destaquei na lateral, zaga e teve alguns jogos em que joguei no meio-campo também.  
 
Jogar no Ateneu e Cassimiro de Abreu tem um fator especial, porque são equipes queridas por todos até hoje e de muita história para contar. O que há de recordação no esporte nesses momentos vividos aqui? 
Momento maravilhoso. Você fazer parte daquela época em que jogava no Ateneu, Cassimiro, que são grandes times de Montes Claros como é até hoje, é uma satisfação muito grande. Principalmente com o professor Bonga (ex-jogador João Bispo), que praticamente colocou a gente pra ser destacado. Para mim, só de ter jogado no Cassimiro, Ateneu e representar Montes Claros é uma das coisas mais importantes da minha vida. 
 
Você já está há muito tempo em Piracicaba com a família. Já pensou em voltar às origens? O que fica de lembrança? 
Sempre pensei mesmo em voltar a Montes Claros, que é de onde eu sai. Uma cidade maravilhosa, mas quem sabe um dia. Minha esposa está aposentando. A gente não sabe o dia de amanhã. De repente, falo que não e de repente que sim. Às vezes, eu falo que vou embora e depois estou de volta para essa cidade maravilhosa. Lembro de muita coisa. Todas as vezes que venho aqui tem novidade na cidade. Ela cresceu muito. Então, para mim isso é novidade. É lembrar do Ateneu na época, do Cassimiro e da minha infância. Da minha mãe, Dona Cheiro, do meu pai, senhor Henrique. Essas lembranças vêm tudo de uma forma muito legal. Lembro de coisas maravilhosas do passado. 

Depois de sair do Norte de Minas, o destino foi o América Mineiro. A sua passagem por lá rendeu oportunidades em outros clubes?
Com certeza. O América foi uma das maiores vitrines pra mim no futebol. Joguei praticamente seis anos no América e tive várias propostas, inclusive do Cruzeiro. Do próprio Atlético Mineiro. Aquele time do América nos anos 80 foi um dos melhores times na minha época. Sempre foi um destaque muito grande. Inclusive, no primeiro ano do Campeonato Mineiro fui destacado como o lateral do ano, eu e Nelinho juntos. Do América Mineiro fui jogar no XV de Piracicaba. Depois, fui jogar no Democrata de Governador Valadares. De Valadares fui jogar no Anapolina em Goiás. Joguei na Desportiva Ferroviária, em Vitória, onde fui campeão estadual e no Araxá também, em Minas, onde encerrei a carreira.

Como foi sua relação com Jair Bala, que foi um dos primeiros treinadores na carreira profissional?
Uma aprendizagem muito legal com o Jair Bala. Inclusive, Jair dava muitos conselhos. É interessante que tem uma história com Jair Bala que é um clássico com o Cruzeiro. A gente no treinamento da sexta-feira, quando acabou, ele não me deixou sair. Eu e o meio-campo Zezinho. Aí (Zezinho) chegou e falou: por que a gente tem que concentrar primeiro que os outros jogadores? Ele (Jair) falou: porque eu preciso ganhar esse clássico. Preciso de você e do Zezinho. Para mim foi um fato muito interessante. Foi uma pessoa maravilhosa na minha vida.


Muitos atletas têm dificuldade até mesmo financeira após o fechamento de um ciclo no esporte. Como tem sido a vida pós encerrar a carreira?
Não é fácil. Nós que estamos acostumados a jogar futebol não esperamos este momento, mas aí também veio a dificuldade, mas graças a Deus foi superado tudo e hoje me sinto muito bem. Agradeço a Deus por tudo, principalmente pela minha esposa Silene, de Piracicaba, e meus filhos que deram uma tremenda força, onde eu superei tudo e graças a Deus a gente está sempre vivendo uma vida maravilhosa. 

Recentemente, o Montes Claros Esporte Clube levou o nome da cidade para o estado. Contudo, teve as atividades encerradas momentaneamente. Espera ver algum time da cidade natal em atuação novamente?
Primeiro, eu fico triste por uma cidade igual a Montes Claros chegar nessa situação que chegou, mas tenho certeza que o grandes homens de Montes Claros, principalmente, a pessoa que mexe com o esporte, com certeza vai resgatar essa parte do futebol. Não só de futebol, mas de vôlei, basquete. Montes Claros sempre foi uma cidade grande e será eternamente. Não pode parar e ficar dessa forma que está. 

TRAJETÓRIABangu, de 1976 a 1980América, de 1976 a 1981XV Piracicaba - de 1989 a 1990
Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por