Sem comando

Queda de Mano Menezes é mais um capítulo da maior crise do clube

Guilherme Piu / Thiago Prata
09/08/2019 às 07:52.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:55
 (Vinnicius Silva/Cruzeiro)

(Vinnicius Silva/Cruzeiro)

A entrevista coletiva que confirmou a demissão do técnico Mano Menezes, após o revés para o Internacional, na última quarta-feira, foi emblemática, não apenas por conta do fim do ciclo de um dos mais vitoriosos treinadores da história do Cruzeiro, mas também pela ausência de alguém que poderia – ou deveria – estar presente naquele momento, ao lado do agora ex-comandante da Raposa. Em outras palavras, por onde anda o presidente do clube, Wagner Pires de Sá? Por que ele, considerado a maior autoridade da agremiação, não deu as caras durante o anúncio da saída do gaúcho?

Os questionamentos vêm à tona com fundamento. Quando estourou a crise nos bastidores do Cruzeiro, Wagner Pires tentava argumentar utilizando os títulos que angariou pelo clube como sua “defesa”. “Conquistamos três títulos em cinco torneios”, dizia ele, referindo-se às taças da Copa do Brasil de 2018 e do Mineiro de 2018 e 2019. Em suma, sempre ressaltava que o que valia eram os títulos.

Só que, em todas essas conquistas citadas, o treinador era Mano Menezes. Ou seja, mesmo em meio ao momento ruim vivido pelo técnico e o time, esperava-se um pingo de coerência no dia em que o treinador deixou o cargo. Mas Wagner sequer apareceu.

Segundo apurou a reportagem, a cúpula cruzeirense tinha pretensões de dar fim ao vínculo com Mano ainda no primeiro semestre deste ano, após a derrota por 2 a 1 para o Fortaleza, em 12 de junho, porém, mudou de ideia.

A sobrevida do técnico, no entanto, tinha um novo prazo: o fim desta temporada. Só que os planos mudaram outra vez, com a saída do treinador sendo antecipada.

De qualquer maneira, Mano deixa para seu sucessor – qualquer que seja ele – uma função maior do que a do cargo de técnico. 

O técnico gaúcho era um manager dentro do clube, tendo papel crucial na montagem do elenco, em motivar o plantel, na gestão do time profissional e também como peça-chave na transição de jovens valores da base para o time de cima, por três anos consecutivos.

Mano Menezes era também o “agregador” do elenco, que sofreu com salários atrasados nesta temporada em algumas oportunidades. Aliás, Wagner Pires e sua diretoria atrasaram os honorários de funcionários da Toca e da Sede do Barro Preto neste ano. Os títulos são importantes, é claro. Mas uma boa gestão não se resume a eles.
(Colaborou Alexandre Simões)

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