Seis atos de um drama

Saída de Itair e instabilidade emocional são os novos capítulos da crise celeste

Thiago Prata
11/10/2019 às 09:35.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:10
 (BRUNO HADDAD/CRUZEIRO)

(BRUNO HADDAD/CRUZEIRO)

O Cruzeiro vivia um suplício em 2011. Vinha de três empates seguidos contra adversários diretos na luta contra o descenso (Avaí, Athletico-PR e Ceará) e corria o risco de ser rebaixado para a Série B do Brasileiro de maneira cruel, diante do arquirrival Atlético, na última rodada. Mas, no dia 4 de dezembro, o 6 a 1 em cima do Galo, na Arena do Jacaré, deu fim ao pesadelo.

Quase oito anos depois, eis que surge um novo tormento. E como o 6 virou um número quase “sagrado” na história da Raposa, a reportagem traz seis motivos para explicar aquele que vem sendo considerado o pior momento da trajetória do clube.

Os mais recentes elementos presentes na “receita do rebaixamento” são a saída do vice-presidente Itair Machado, ontem, e a instabilidade emocional que tomou conta de grande parte do elenco. Ao fim do empate sem gols com o Fluminense, no Mineirão, na última quarta-feira, pela 24ª jornada da Série A, vários atletas estavam desolados no gramado e no vestiário. Casos de Fabrício Bruno e Dedé, que chegaram a cair e levar as mãos ao rosto, e Henrique, com os olhos marejados após a partida.

“Inacreditável. Eu não sei nem o que falar. (Estou) com vontade de chorar, porque não tem explicação”, resumiu Robinho, outro visivelmente emocionado.

Com apenas 21 pontos, em 18º lugar, o Cruzeiro se vê cada vez mais afundado num mar de lama, provocado por uma série de capítulos de terror. Obviamente os jogadores têm parte da culpa, mas nada apaga a crise política, financeira e moral, fruto da incompetência e dos escândalos da diretoria ao longo da temporada, que, direta ou indiretamente, influenciaram para o quadro negativo atual.

Em outras palavras, as más atuações são a “cereja” de um bolo estragado, feito com ingredientes de uma receita medíocre e que vem causando indigestão aos torcedores, os maiores consumidores dessa crise.
 
1. CRISE FINANCEIRA/MORAL
No dia 26 de maio, antes da derrota para a Chapecoense, o “Fantástico” divulgou uma reportagem apontando várias irregularidades da atual gestão do Cruzeiro, dentre elas lavagem de dinheiro, negociação envolvendo um menor de idade e empresas-fantasmas. Além disso, a dívida chegou a algo em torno de R$ 500 milhões, naquela época.
 
2.CRISE POLÍTICA
Depois da reportagem divulgada pelo “Fantástico”, instaurou-se uma crise política sem precedentes, com brigas envolvendo a cúpula celeste. O presidente do Conselho Deliberativo, Zezé Perrella, antes aliado do presidente do clube, Wagner Pires de Sá, e dos agora ex-vice-presidente Itair Machado e ex-diretor-geral Sérgio Nonato, exige o afastamento da diretoria. No dia 21 deste mês, haverá uma votação envolvendo os conselheiros, que decidirão se Wagner será afastado. 
 
3.LESÕES/VENDAS
Ao longo da temporada, o Cruzeiro conviveu com vários problemas dentro do elenco. É fato que o plantel do segundo semestre é inferior ao do primeiro. Rodriguinho, tido como peça fundamental, não atua desde maio deste ano e será submetido a uma nova cirurgia, após ter sido detectada uma alteração no nível da coluna do jogador. O elenco também sofreu com a saída de atletas como Lucas Silva, Lucas Romero, Murilo e Raniel.
 
4. BRIGAS DE ORGANIZADAS/INVASÃO
Nos últimos jogos do Brasileiro, sobretudo nos do segundo turno, o Mineirão tem sido palco de conflitos envolvendo torcidas organizadas do Cruzeiro. Além disso, houve vários protestos em frente à Toca II, à Sede do Barro Preto e casas de dirigentes e a invasão da Máfia Azul no CT do clube.
 
5.TROCAS DE COMANDO
Houve polêmicas também com relação a trocas de treinadores. Após ser bicampeão do Mineiro (2018 e 2019) e da Copa do Brasil (2017 e 2018), Mano Menezes acabou vítima de uma série de maus resultados no ano e deixou a Toca II. Rogério Ceni debandou do Fortaleza para assumir o time celeste, mas, contestado por figuras do elenco estrelado, como Thiago Neves e Dedé, foi demitido. Com Abel Braga, nada melhorou: dois empates e uma derrota com o novo treinador.
 
6.INSTABILIDADE EMOCIONAL
Após o empate sem gols com o Fluminense, vários jogadores do Cruzeiro deixaram o gramado do Mineirão desolados. Henrique, Dedé e Fabrício Bruno eram alguns deles. Robinho se mostrava transtornado: “a vontade é de chorar”. O lado emocional começa a bater forte.

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