Se não fosse a paralisação, Campeonato Mineiro já estaria nas últimas etapas

Alexandre Simões
@oalexsimoes
07/04/2020 às 01:52.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:12
 (Bruno Cantini/Atlético)

(Bruno Cantini/Atlético)

Era para o futebol mineiro ter começado a viver, nesse sábado (4) e domingo (5), o início da reta decisiva do Módulo I com a disputa das partidas de ida das semifinais da competição. No calendário original, a fase classificatória seria encerrada na última quarta-feira (1º), com os seis jogos no mesmo horário e a definição dos quatro clubes que seguiriam a luta pela taça e as duas equipes rebaixadas.

Mas o torneio está parado desde o último dia 15 de março, quando foi disputada a nona rodada da primeira fase. Neste momento, os jogadores, que deveriam estar concentrados ou já vivendo o primeiro duelo pelas semifinais, estão de férias. E este cenário acontece justamente num ano em que o título estadual significa muito para as equipes com mais chances de classificação às semifinais.

Líder da primeira fase até o momento, o América busca a primeira década, desde o deca entre 1916 e 1925, com dois títulos estaduais. Campeão em 2016, o Coelho tenta repetir a façanha em 2020.

Na segunda colocação, o Tombense sonha em passar a integrar o grupo de clubes do interior que já venceram a Primeira Divisão do Campeonato Mineiro. Desde 1915, essa façanha só foi alcançada por Villa Nova (Nova Lima), Siderúrgica (Sabará), Caldense (Poços de Caldas) e Ipatinga (Ipatinga).

A Veterana, campeã mineira em 2002, numa competição que não contou com América, Atlético, Cruzeiro e Mamoré, pois os quatro primeiros do Estadual de 2001 jogaram a Copa Sul-Minas no período da competição, tem um duplo objetivo.

O time anseia ganhar o Campeonato Mineiro num ano em que as forças da capital estão presentes, algo que escapou em 2015, quando foi vice, e além disso ser o primeiro clube do interior a vencer o torneio por duas vezes na Era Mineirão, iniciada em 1965.

Só duas equipes fora de Belo Horizonte já venceram a elite do Campeonato Mineiro por mais de uma vez. O Villa Nova, em 1932, 1933, 1934, 1935 e 1951; e o Siderúrgica, em 1937 e 1964. Após a inauguração do Gigante da Pampulha, as únicas festas do interior foram mesmo em 2002 e 2005, com Caldense e Ipatinga, respectivamente.

Pressão em cima do Atlético aumenta com Jorge Sampaoli
Entre todos os disputantes, nenhum entrou no Módulo I do Campeonato Mineiro tão pressionado pela obrigação de levantar a taça quanto o Atlético. Única equipe da Série A do Brasileirão no torneio, tem orçamento e qualidade técnica no elenco bem superior aos demais concorrentes.

Mas as coisas começaram difíceis para o Galo, que teve de fazer uma correção de rota no meio da competição. O treinador venezuelano Rafael Dudamel foi demitido para a contratação do argentino Jorge Sampaoli, que era o preferido da diretoria para o cargo no final do ano passado, mas que não tinha chegado a um acordo financeiro com o clube.

A troca ainda é uma incerteza, pois Sampaoli comandou o Atlético em apenas uma partida, os 3 a 1 sobre o Villa Nova, em 14 de março, no Castor Cifuentes, em Nova Lima, quando estreou no comando do alvinegro.

De toda forma, com sua chegada e da sua milionária comissão técnica, a pressão aumenta ainda mais. Ele tem ainda o suporte do diretor de futebol Alexandre Mattos, que assumiu no lugar do demitido Rui Costa.

Outro ponto de pressão sobre o Atlético é a questão política. Sérgio Sette Câmara vive o último ano do seu primeiro mandato à frente do clube e ainda não ganhou nenhum título oficial. Com o time já eliminado das Copas Sul-Americana e do Brasil, fracassos que foram decisivos para a queda de Rafael Dudamel, sobram como competições em 2020 o Campeonato Mineiro e a Série A do Brasileirão, onde a concorrência é muito grande, principalmente de clubes de grande investimento, como Flamengo e Palmeiras.

Assim, o Campeonato Mineiro aparece mesmo como a taça mais viável para Sette Câmara não encerrar seu primeiro mandato sem erguer pelo menos um troféu. (A.S.)

Cruzeiro tenta obter ‘milagre’ nesta edição do Estadual
No caso do Cruzeiro, quinto colocado e com pequenas chances de chegar às semifinais, o título do Campeonato Mineiro significaria uma façanha que só o Vasco, entre todos os grandes clubes que já disputaram as Séries B ou C do Brasileirão, conseguiram: ganhar o Estadual no ano seguinte a um rebaixamento.

Com regras claras de descenso, o primeiro grande a cair foi o Grêmio, em 1991. E no Gauchão de 1992, a taça erguida pelo Internacional deu início a essa escrita, que não conseguiu ser superada por Fluminense (1998 e 1999, ano da Série C); Palmeiras (2003 e 2013), Botafogo (2003 e 2015); novamente o Grêmio (2005); Atlético (2006); e Corinthians (2008).

Depois de dois fracassos, em 2009 e 2014, o Vasco conseguiu, até pela insistência, já que é o clube que mais sofreu rebaixamento entre os 12 grandes do futebol brasileiro, vencer o Campeonato Carioca em 2016.

O Internacional foi a última vítima da maldição da Série B no Estadual, pois em 2017 até chegou à final do Campeonato Gaúcho, contra o Novo Hamburgo, mas acabou derrotado.

Para seguir com chance de conquistar o título mineiro, o que representaria um tricampeonato, o Cruzeiro precisa pensar praticamente apenas em superar a Caldense, sua adversária na última rodada, em Poços de Caldas.

Três pontos separam as duas equipes, com a Veterana tendo uma vitória e quatro gols a mais de saldo. A tarefa do time de Enderson Moreira não é fácil.

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