Nairlan Clayton Barbosa
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Recebi com muito carinho uma mensagem de uma ouvinte da Rádio Expressão FM 104,9 que relata com absoluta verdade a forma como o rádio atinge o seu ouvinte, especialmente e, sobretudo, no momento das transmissões esportivas de futebol. De fato, me ocorre uma admiração maior quando essa mensagem foi caprichosamente vasculhada e descoberta por uma pessoa que sequer chegou aos 20 anos de idade, mas que nutre uma paixão adulta e sóbria por este veículo que sobrevive às intempéries do tempo e do mercado. Parabéns a Tamara Peres, do Bairro Morada do Parque, pelo artigo enviado. Não me contive e acho salutar dividir com nossos leitores estes dizeres tão reais e explícitos. Transcrevo aqui algumas declarações feitas pelo autor, não identificado pela ouvinte, no Jornal Folha de São Paulo do dia 13 de Maio de 2006:
“O rádio nos traz um futebol vibrante, dramático e misterioso, feito menos dos fatos reais ocorridos em campo do que talento expressivo dos narradores Autênticos artistas da representação, os narradores criam seus bordões pitorescos, dão ao jogo uma velocidade que não existe, modulam a voz à perfeição para criar atmosfera.
Até o silêncio do locutor são expressivos. No crescendo emotivo da narração de um lance de ataque, algumas brechas do discurso deixa-nos ouvir ao fundo o rumor da torcida, pelo qual sintonizamos a nossa expectativa.
Um segundo antes de o desfecho ser narrado, sabíamos se houve gol ou não, dependendo do alarido.
Entramos no clima da partida minutos antes do apito inicial, quando soa a vinheta esportiva e começam a ser transmitidas informações sobre os times, flashes do estádio, perfis de jogadores etc. Da mesma forma, o drama e a comédia ocorridos em campo continuam durante as horas posteriores, nas entrevistas, nos comentários e nos programas especiais.
A imaginação é um músculo, dizia Luís Bunel. Para que não se atrofie, é preciso exercitá-la como exercitamos qualquer outro músculo.
O rádio, para milhões de brasileiros, representa um meio de exercitar a imaginação e a sensibilidade. A TV registra a verdade, e a verdade é o dom de iludir. O rádio, o rádio não. O rádio inventa a verdade junto com a gente.”
De fato, as palavras aqui escritas expressam perfeitamente o que é o Rádio para quem é apaixonado por ele.
Tenho ouvido alguns de nossos companheiros profissionais afirmarem, como donos da verdade, que os locutores que transmitem no rádio FM não têm capacidade para enfrentar o Rádio AM.
Ora, ouso aqui citar o site da Anatel que declara que o que difere uma Rádio AM de uma FM não é a programação, mas sim, sua forma de transmissão apenas. Uma utiliza a amplitude para modular seu sinal e a outra usa uma freqüência para o mesmo.
Portanto, uma Rádio FM pode sim ter o mesmo estilo de programação utilizado pelas rádios AM e seus profissionais terem o mesmo gabarito para transmitirem tais. Isso é uma questão de experiência radiofônica.
Discrepâncias à parte, o bom mesmo é ouvir a emoção do rádio em todas as suas facetas: jornalísticas, esportivas ou entretenedoras.
Que o Rádio continue possuindo a mesma força que durante anos o fez ficar vivo, respirar e demonstrar que os profissionais atrás do microfone têm uma séria responsabilidade: levar a informação correta aos lares dos cidadãos de bem. Que ninguém ouse estragar isso usando o microfone para proveito pessoal ou para falar abobrinhas sem nexo. É preciso ser responsável na qualidade da informação. Termino hoje utilizando um jargão do jornalista Paulo Narciso, acerca dos profissionais locutores: “Quando um locutor abre o microfone, ele tem que saber o que vai dizer. Senão ele depõe contra si próprio e a emissora que representa. Cuidado!”
C.Q.D.
AQUELE ABRAÇO: Hoje o meu abraço vai para o amigo Gera Drumond, da ACI. Não sei por que, mas tivemos uma afinidade recíproca desde a primeira vez que o entrevistei quando ainda estava à frente do Talk “Acontece” pela Expressão FM 104,9. Mais uma vez fiquei muito feliz com suas observações acerca do nosso trabalho nas narrações esportivas, e principalmente, como leitor da nossa “Sapatada” diária aqui no O Norte. Também aproveito hoje para mandar um abraço ao grande Nazareno Dias, o “Naza” que nos incentivou a permanecer neste caminho. E disse que está sempre na escuta de nossas transmissões. Obrigado Naza, pelo carinho! Bom saber que você está de Butuca!
E Parabéns pra mim que hoje completo 38 anos bem vividos de idade! Mas aviso logo: não tem bolo!
