O desmanche alemão

Seleção campeã no Brasil não consegue passar pela Coreia do Sul e se despede da Rússia

Thiago Pereira
Hoje em Dia - Belo Horizonte
28/06/2018 às 06:31.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:03
 (Twitter oficial dfb)

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Para quem ainda não se cansou dos clichês a respeito do torneio na Rússia, coloque mais um na lista: Copa do Mundo é essa máquina de transformar heróis em vilões no espaço de poucos dias. Que o diga o bacana que ilustra essa página.

Toni Kroos é craque do Real Madrid, um dos algozes do Brasil no 7 a 1 no Mineirão, e maestro da seleção alemã em 2018. Toni Kroos operou, no último sábado, um dos maiores milagres dessa competição, ao anotar um gol de falta, espetacular, no encrencado jogo contra a Suécia.

Toni Kroos garantiu a vitória germânica e a chance de o país se garantir, tranquilamente, para as oitavas, já que o adversário seguinte seria a pouco perigosa Coreia do Sul. 

Toni Kroos, “especialista em assistências”, para usar a expressão do colega Cristiano Martins, fez o que faz de melhor, só que na contramão, ao tocar na bola e “legalizar” o primeiro gol que seu time tomou ontem, contra a Coreia do Sul. 

E foi assim: fim de jogo, fim de competição para Kroos e seus amigos. Festa e foguetório para alguns brasileiros. E a Alemanha segue uma estranha tradição: nas últimas três copas, as seleções campeãs dos mundiais anteriores se despedem ainda na fase de grupos.
 
TRADIÇÃO
A tradicional frieza teutônica, construída historicamente em hordas que vão além do futebol (pense na austeridade da política de Angela Merkel ou nos filmes de Michael Haneke), foi fartamente acionada, como sinal de mérito, depois do jogo contra os suecos. 

Mas gelo, se não estiver bem refrigerado, se desmancha em condições anormais de pressão. Por anormais entenda-se: a inacreditável dificuldade de furar o bloqueio oriental, a surreal goleada que o México tomava no outro jogo da chave, a falta de brilho de um elenco que, em teoria, joga muitas outras equipes que estão na Rússia para escanteio.

E se frieza, na gramática da bola, é o antônimo de desespero, o que dizer de Neuer, um dos arqueiros mais elegantes da história do futebol, se lançando para o cabeceio, falhando, e tomando o segundo gol de misericórdia? Como diria um dos alemães mais notórios da história, Karl Marx: tudo que é sólido se desmancha pelo ar.

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