Eu comecei meu interesse por natação quando tinha 7 anos de idade, no Rio de Janeiro, onde nasci e comecei minhas primeiras braçadas no Clube de Regatas Flamengo. Porém meu pai, Otoni Caribé Cunha, foi transferido para Montes Claros por causa do seu emprego na antiga Fábrica de Cimento de Montes Claros (atual Lafarge) e passei a treinar na Praça de Esportes do Montes Claros Tênis Clube.
Fui muito influenciado pelo meu avô, Otoni José da Cunha, que era professor de Educação Física e gostava de natação, assim como também meu pai. Mas naquela época existia um nadador chamado Ricardo Prado, que era o maior representante do Brasil nas competições internacionais, principalmente os jogos olímpicos. Eu assistia a todas as competições do Ricardo e queria crescer e ser igual a ele. Por isso passei a me empenhar muito na natação.
Uma história que me marca muito ocorreu quando eu tinha 16 anos e apareceu uma oportunidade para que eu fosse praticar natação no Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte, porém, meus pais não tinham condições financeiras de bancar a viagem para a capital mineira. Então, eu e um amigo meu tivemos a ideia de apanhar um carrinho de picolé da antiga sorveteria Espumone e fomos vender picolés para juntar o dinheiro necessário. Quando não tinham carrinhos de picolé, a gente apanhava detergente em nossa casa e íamos lavar carros e motos na cidade para ganhar um trocado e poder viajar.
No fim, não só conseguimos o dinheiro da viagem, como também, na disputa, ganhei de um nadador chamado Roberto Carlos e terminei despertando o interesse do técnico Marco Aurélio, do Minas, para que pudesse treinar lá em BH. Eu fiquei tão entusiasmado com a possibilidade que respondi que queria ir, sem ao menos perguntar ao meu pai. Minha sorte é que quando meu técnico veio conversar com ele, já em Montes Claros, ele me perguntou se eu queria e permitiu que eu fosse para o MTC de Belo Horizonte, um privilégio e tanto.
Participei de várias competições pela Praça de Esportes. A última delas, que considero uma das mais emocionantes, ocorreu depois que retornei da temporada que passei em BH. Competi representando Montes Claros na cidade de Araguari, no Triângulo Mineiro, e conquistei o segundo lugar no Campeonato Mineiro e dois terceiros lugares, também no Campeonato Mineiro.
O melhor de todo esse meu período dedicado à natação foram as amizades que fiz, tanto em Belo Horizonte como também em Montes Claros, principalmente na Praça de Esportes.
Hoje vejo no Projeto de Natação da Praça pequenos alunos que me lembram demais todo o entusiasmo que tive quando eu era criança e engatinhava na natação. Junto com os outros professores, conseguimos montar uma equipe de 80 atletas, sendo que a grande maioria nunca tinha visto natação na vida deles e, hoje, estão disputando campeonato estadual e nacional de natação.
Quando vejo esses meninos de hoje competirem, a emoção aflora, e por vezes uma lágrima termina descendo dos olhos de tanto orgulho e felicidade. Eram crianças que começaram do zero e hoje estão pegando pódio nas principais competições do país.
Eu vejo a Praça como um Centro Esportivo que dá oportunidade a todos de praticar diversos esportes que podem ajudar no seu crescimento. Graças a Deus o nosso projeto de natação está sendo bem sucedido e pode dar também esta oportunidade a todos de continuar seu crescimento esportivo.
A mensagem que eu gostaria de deixar é que as crianças que estão começando na natação possam dar valor aos pais e a tudo que estão recebendo, porque na minha época não existia patrocínio como os de hoje. O que a política atual está fazendo ainda é pouco, mas eu considero que seja um pontapé inicial para o esporte amador em Montes Claros sobressair e mostrar a cara para o Brasil e o mundo. Portanto, alunos, deem valor e se esforcem ao máximo para que seus pais e nós professores possamos ter orgulho de vocês.
