Nasci em 1961, em Montes Claros, trabalho como mestre de obras e tenho um lindo filho de 7 anos. A primeira vez que experimente o doce sabor de correr foi no dia 13 de fevereiro de 1985, numa prova com distância de 9 km, realizada no bairro Major Prates, em Montes Claros, chegando em sétimo lugar geral. Antes disso eu nunca havia, nem ao menos, feito um treino de corrida e nesse dia, no km 7, incomodado, tirei o tênis e joguei fora, terminando a corrida descalço.

Naquela época, meu único esporte era jogar, lá uma vez ou outra, um futebolzinho com os amigos. Porém, não gostava do clima das peladas, dos ânimos exaltados que não raro pontuavam com brigas entre os atletas.  Por outro lado, a experiência no esporte ‘individual’ e pacífico que era a corrida me agradou.

No final das contas, meu desempenho chamou a atenção das pessoas que estavam no Major Prates naquele dia, dentre eles de um senhor que todos chamavam de Dr. Orlando da Prefeitura. Este senhor havia prometido um par de tênis como prêmio a quem se destacasse na prova, o que me rendeu o calçado para a prática do novo esporte. Isso me serviu como incentivo e, apesar eu ter conhecido pessoalmente o Dr. Orlando, ali me senti motivado para iniciar meus treinos.

Meu apelido de ‘Lagartixa’ vem de quando criança, das brincadeiras com os amigos, jogando pedras nos bichinhos.

Entre os anos de 1990 e 2000, morei no estado de São Paulo, quando cheguei a treinar atletismo pelo Clube Corinthians na cidade de nome Salto.

Meu estilo de correr, que chamou a atenção de muitos, foi desenvolvido sozinho, ao longo do tempo, sempre observando corredores, inclusive pela TV. Não perdia a oportunidade de acompanhar as provas das quais não participo. Faço questão de observar o movimento dos braços, das pernas, as mudanças de ritmo...

Estive à frente da cena das corridas de rua de Montes Claros e região durante seis anos seguidos.

Penso que consegui colocar meu nome, definitivamente, na memória do esporte em Montes Claros, como um grande campeão.

Apesar das incontáveis experiências vitoriosas, para mim, a mais inesquecível foi aquela primeira e sofrida prova do Major Prates, seja pela dificuldade da estreia, ou porque, através dela, fiquei conhecido, fiz amigos que me incentivaram desde então, e fui adotado pela corrida de rua.

Hoje, me tratam como referência, embora eu não ache que seja, mas agradeço sempre aos amigos pelo carinho e companheirismo.

Como é próprio dos atletas, já sofri algumas lesões ao longo destes 18 anos e, tenho me cuidado especialmente, com repouso. Nunca fiz musculação e nem tive patrocinador, exceto de duas passagens de ônibus para o Rio de Janeiro e para São Paulo que ganhou em 1987.

Não desistir é meu lema, e não pretendo parar. Se preciso for, reduzo o ritmo, corro mais devagar, mesmo com dor, mas sigo em frente, até o fim.

Se me pedem conselhos eu sempre digo: Não corra pelo prêmio em dinheiro ou outro bem, mas pela sua saúde.

Na verdade, para mim, todo corredor de rua já é um vencedor independentemente de em qual lugar termine a corrida.