Galeria dos atletas: Coró, um goleiro que se destacou no futebol montes-clarense

Jornal O Norte
16/02/2007 às 11:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:58

Heberth Halley


Repórter


www.onorte.net/halley

O destaque de hoje da Galeria dos Atletas é o ex-goleiro de futebol, Geraldo Antônio Veloso Barbosa, o conhecido Coró, 67 anos. O ex-atleta e hoje treinador de futebol, diz que o apelido de Coronel veio logo após chegar a Montes Claros, aos 10 anos de idade.



Coró Barbosa atualmente é presidente do Automóvel clube de Montes Claros

- Tinha acabado de chegar da roça. Um colega na época me colocou o apelido de Coronel Farofa, personagem de uma revista infantil, pois, segundo ele, eu parecia com o personagem. Com o tempo tiraram o Farofa e ficou apenas Coronel, e em seguida, Coró – conta.

Lembra ainda que tão logo veio da roça, não sabia o que era futebol, recordando como foi à trajetória para ser goleiro.

- Certa vez uns colegas de rua me chamaram para jogar futebol e ninguém queria pegar no gol. Como era da roça, não sabia de nada, me colocaram lá. Um deles me disse: “Não deixa a bola passar”. Lembro que me destaquei, pulava no chão, fazia de tudo pra não levar o gol – diz.

A partir daí, Coró começa a jogar como goleiro. A turma de amigos monta o time do Atlético e, logo em seguida, o Mackenzie, que tinha as mesmas cores do São Paulo, mas não é o mesmo Mackenzie de hoje. Inclusive, aquele já acabou. Tinha atletas como Gera Gonzaga, Nonato, João Batista Guimarães, entre outros.

Em 1954, o treinador do Ateneu da época, Milton Ramos, vê o time do Mackenzie jogando e chama todos os jogadores para ir para o juvenil do Ateneu. Além daqueles jogadores, o time contava com Japão, Willian, Mauro de Gonho. A equipe se destaca e sagra-se bicampeã juvenil de Montes Claros. De acordo com Coro, o time atinge a marca histórica de 65 partidas sem perder na categoria.

Em 56, com as boas atuações, o goleiro Coró sobe para a equipe profissional, com idade juvenil.

Coró recorda também que sempre havia jogos das equipes de Montes Claros contra as equipes de fora.

- Certa vez, o Cassimiro iria jogar contra os jogadores profissionais de Belo Horizonte. O goleiro Cafunga não pôde jogar e fui chamado. Após a partida, Cafunga me chamou para ir para o Atlético. Fui para BH e fiquei treinando uns três meses, prometeram que me dariam estudo e nada. Aí voltei. Na época o craque do galo era Ziza Valadares, hoje, presidente do clube – conta.

No mesmo ano, na equipe adulta conquista o título amador pelo Broca em cima do Cassimiro por 2 a 1.

Coro lembra que se destacou na época por ser um jogador determinado, mesmo com estatura baixa.

- Naquela época, não se usava luvas. Não tinha ninguém que ensinava fundamentos, treinava sozinho, era muito determinado e disciplinado – conta.

O médico Pedro Santos marca um jogo para o Ateneu no Rio de Janeiro, no estádio do Maracanã, contra o Juvenil do Botafogo, na preliminar entre Brasil e Tchescolováquia, para o dia 05 de agosto de 1956.

- Empatamos em 1 a 1, o gol nosso foi marcado por Manoelzinho, e o do Botafogo por China. Lembro até hoje a escalação completa da equipe que atuou naquele jogo: Coró, Pereirão, Tancredo Macedo, Gorutuba, Vicentinho, Olívio, João Batista Guimarães, Bem Querer, Manoelzinho, Tony Garrotinho e China. Treinador Milton Ramos. O jogo foi noticiado em todo Brasil – lembra.

No mesmo ano, Coro Barbosa recorda de um fato curioso.

- Fui jogar para o time da Bancária contra o Cassimiro e na equipe deles tinha um dos grandes jogadores da época, o Manoelito. Durante o jogo, ele pegou uma bola sem pulo e defendi para escanteio. Meu punho quebrou e continuei jogando. Passou o tempo e não fui ao médico. Até hoje meu punho é quebrado – declara.

Em 57, Jaime Rebello, pai do ex-prefeito Toninho Rebello, chama Coró para trabalhar no banco Minas. Mas, paralelamente, o goleiro atenense conquista mais dois títulos para o Broca, em 57 e 58.



Coró Barbosa em 1960: o atleta defendeu o Ateneu por 11 anos

E depois era a maior rivalidade contra o Cassimiro, um ano era o Mais querido outra vez o Broca que era campeão.

Em 1961, o Banco Minas disputaria uma copa no Rio de Janeiro, e Coró é transferido para a capital mineira para jogar a competição. O time é campeão e Coró volta para Moc, onde ainda disputa mais competições amadoras, sendo campeão outras vezes para o Ateneu.

Lembra que sempre era convocado para a seleção da cidade.

Em 1965, Coró machuca o joelho, e, com a morte do pai, José Luis Barbosa, desanima de jogar e, aos 25 anos, pára definitivamente de atuar.

Com o bom acesso começa a trabalhar como treinador de futebol com equipes como: Ateneu, Cassimiro, Internacional, Magalhães, Vera Cruz, São Pedro, Montes Claros, OAB, entre outras.

Atualmente exerce o quinto mandato como presidente do Automóvel clube e é diretor do Cassimiro de Abreu.

PERFIL

· Partida inesquecível: Um amistoso entre Ateneu 3 x 0 Vasco, em 56, e Ateneu 1 x 3 Seleção de Januária, em 59, peguei muito nas duas partidas.

· Título mais importante: o campeonato amador em 56. Foi importante por estar começando. Ateneu 2 x 1 Cassimiro.

· Título que queria ter ganhado: Naquele tempo a rivalidade entre Cassimiro e Ateneu era muito grande. O estádio lotava. Por isso sempre que perdíamos um título para eles era ruim. Mas vencemos muito mais.

· Defesa mais importante: Foi numa decisão de campeonato amador; Ateneu 2 x 0 Cassimiro. O jogo estava em 1 a 0 e Zé Luiz Pinto cabeceou uma bola no ângulo e fiz uma bela defesa, seria o empate e eles poderiam reagir. Aquela partida começou num dia e terminou no outro, devido a chuva.

· Melhor treinador: Milton Ramos.

· Melhor goleiro: Tú Peixoto

· Companheiro ideal: João Batista Guimarães. Era diferenciado.

· Melhor jogador que viu jogar: Nilson Espoletão

· Em qual goleiro inspirou: em Dick. Jogou no Metalusina e Villa Nova

· Qual melhor amigo no futebol: Foram vários. Seria injustiça citar só um. Mas prefiro ainda não citar.

· Monte uma seleção de todos os tempos de Moc: É o mesmo fato. Posso cometer injustiças. Prefiro não citar.

· Sabemos que teve muitos jogadores bons em Montes Claros mas se tivesse que escolher onze quem seriam: Vou falar então. Mas vão ficar vários de fora. Tú Peixoto, Beto, Rubão, Alair Almeida, Nicomedes, Muriçoca, João Batista Guimarães, Nilson Espoletão, China, Sinval, Manoelzinho e Manoelito.

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