Campeã no último fim de semana no Maradona Classic, em Betim (MG), a atleta Luciana Veloso comemora a conquista que marca não somente sua estreia no fisiculturismo, mas também a realização de um sonho adiado por anos. Por trás do desempenho, Luciana é esposa, mãe de dois filhos e uma profissional de múltiplas formações: enfermeira, esteticista, educadora física, pós-graduada em Docência do Ensino Superior e Nutrição Esportiva. Atualmente, atua como personal trainer e concilia uma rotina intensa com a dedicação necessária para competir. “Eu sempre fui muito dedicada e queria ficar com um corpo bem condicionado”, afirma.
O fascínio pelo fisiculturismo nasceu após assistir a alguns campeonatos. A identificação com os métodos nutricionais e a busca pelo condicionamento perfeito a motivaram. O incentivo definitivo veio de casa. “Meu esposo sempre elogiou a disciplina necessária para subir ao palco. Ele me desafiou e me apoiou”, conta. Mas a jornada não foi linear. No ano passado, ao iniciar uma dieta estruturada por conta própria, sofreu uma lesão que a deixou internada por 10 dias, adiando seus planos.
A retomada aconteceu em março deste ano, durante o ENAF, evento esportivo onde reencontrou o treinador Alexandre Montanha, atleta, nutricionista e um dos coaches mais renomados de Minas Gerais. “Traçamos as estratégias e demos início ao projeto. Ele cuidou de toda a parte nutricional e suplementar, e nos treinos tive o apoio total do meu esposo”, relata.
No último sábado (29), no Maradona Classic, uma das principais competições da NPC Internacional Muscle Contest, Luciana fez sua estreia em grande estilo. Conquistou o top 1 na categoria Master acima de 40 anos, ficou em 5º lugar entre as estreantes e alcançou o 4º lugar na categoria Open, disputando com atletas de vários estados. “Foi maravilhoso estar em um evento tão grandioso e trazer para casa um primeiro lugar. Essa bonequinha é muito importante para nós”, celebra.
Os bastidores, porém, foram marcados por desafios. Sem patrocínio, contou somente com o gesto de generosidade de amigas da academia, que se uniram para comprar o salto usado no palco. “Em cada passo que dei ali, lembrei de cada uma delas.” A rotina também exigiu força mental e física: acordar às 4h30, cardio às 5h, atendimentos, expediente fixo na academia, treinos encaixados entre compromissos e aulas particulares até as 21h. “Treinar não era opção, era obrigação”, afirma.
A parte emocional foi um dos principais obstáculos. “Controlar as emoções foi difícil. A dieta, o pouco sono, a vontade de comer o que gosta… Quase desisti várias vezes por ter discutido com meu esposo”, recorda, rindo.
Aos 42 anos, Luciana encara o início de sua carreira no esporte com maturidade e determinação. Mesmo tendo enfrentado desconfortos abdominais na véspera da competição, já segue dieta e preparação para 2026. A meta é subir aos palcos pelo menos três vezes no próximo ano. “Daí para frente, está nas mãos de Deus.”
E deixa um conselho para quem sonha com o fisiculturismo: “Se você ama o esporte e tem condições psicológicas e financeiras, vá. Perdi tempo demais vivendo o sonho dos outros para agora viver o meu. Nunca é tarde para fazer o que se quer e o que se ama”.

