De fora para dentro: infectologista vê jogos e treinos seguros e surtos no futebol vindo do externo

Alexandre Simões
@oalexsimoes
20/11/2020 às 00:58.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:06
 (Pedro Souza/Atlético)

(Pedro Souza/Atlético)

O surto de Covid-19 nesta semana se transformou no maior adversário do Atlético num momento importante do clube na Série A do Campeonato Brasileiro. A equipe de Jorge Sampaoli tinha a chance de fazer a melhor campanha do turno, o que não pode mais ter, e de disparar na liderança geral.

Mas a derrota de 2 a 0 para o Athletico-PR, na última quarta-feira, no Mineirão, foi uma barreira a isso, num confronto em que o Galo teve quase uma dezenas de desfalques, a maior por causa do novo coronavírus.

A hipótese principal para o problema enfrentado pelos atleticanos é a contaminação ter acontecido na festa de aniversário do gerente de futebol, Gabriel Andreata, que aconteceu na noite de 8 de novembro e madrugada do dia 9.

“Não consigo explicar o que aconteceu no Atlético, pois não tenho acesso ao caso. O que estamos percebendo é que existem os lugares quentes de transmissão. E restaurantes, bares, fazem parte dessa lista. A gente vive tempos difíceis, as pessoas vão a uma confraternização, se soltam mais, acontecem os cumprimentos, o compartilhamento de objetos”, afirma o infectologista Unaí Tupinambás, professor da Escola de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid criado pela Prefeitura de Belo Horizonte.

Segundo o infectologista, os surtos que estão sendo registrados em alguns clubes, sendo neste momento Atlético e Palmeiras as maiores vítimas, são frutos de contaminações de fora para dentro do futebol, pois nos treinamentos e jogos, segundo ele, é muito difícil a transmissão.

“Estamos falando de um grupo que é muito testado, o de jogadores de futebol e integrantes das comissões técnicas dos clubes. E treinamentos e jogos acontecem em lugares abertos, arejados. Acontecer a contaminação neste ambiente é muito difícil”, afirma Tupinambás.

O professor da UFMG revela inclusive que há estudos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sobre o assunto. “O ambiente do futebol é de pouco risco. A gente tem comprovado isso com a volta dos jogos. A CBF tem dados, não publicados, de que o número de casos de transmissão em jogos é pequeno”.

Num cenário de pandemia, é difícil cravar onde começa o surto num grupo, como é o caso do Atlético neste momento. Os estudos mostram que no futebol, o provável é que ele venha de fora para dentro.

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