(Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
Quase cem anos de fundação e uma missão do tamanho de sua história: gigante. Reconstruir o Cruzeiro não será tarefa fácil e demandará alguns anos para que o clube volte a respirar sem aparelhos. O trabalho dos gestores a partir do Núcleo Dirigente Transitório, que iniciou o processo de reconfiguração institucional e financeira da instituição após a renúncia de Wagner Pires de Sá, e agora passou o bastão para Sérgio Santos Rodrigues, pode durar uma década. Isso, levando-se em conta o cenário atual da economia e mudanças na estrutura organizacional até do próprio futebol brasileiro.
Para tentar encurtar essa distância entre um clube pré-falido com mais de R$ 800 milhões de dívidas para um com cenário de administração profissional ao menos básica, a proposta não poderia ser outra: modernizar a gestão e ampliar as receitas do clube, algo que influenciará fora e também dentro de campo.
Desde que assumiu o cargo de presidente do Cruzeiro Sérgio Santos Rodrigues tratou de recuperar a imagem do clube, arranhada por má gestão, calotes em clubes e fornecedores, e investigações policiais. Uma das principais ações foi dar uma “cara” ao clube. E o rosto do Cruzeiro acabou se tornando o do próprio presidente. gregador, Sérgio Santos Rodrigues passou a se comunicar com a torcida em lives semanais que atingiram milhares de pessoas causando grande impacto nas redes sociais do clube. As “Lives do Presidente”, nome dado à atração, foram assistidas por 700 mil pessoas. Isso sem contar o alcance total dos vídeos.
O Cruzeiro voltou a mobilizar positivamente suas redes sociais e fechou junho como o quinto clube com o maior ganho de seguidores no TikTok, onde foram registrados mais de 90% de novos seguidores, segundo levantamento recente do Ibope Repucom, que apresenta dados digitais dos clubes brasileiros. Só nessa plataforma foram 58 mil novos seguidores em junho (Veja arte). O clube também lançou uma campanha para aumentar inscrições no seu canal oficial do Youtube e em decorrência das transmissões ao vivo do presidente, foi possível ultrapassar a marca de 300 mil seguidores pela primeira vez.
“Todo mundo sabe da paixão que tenho pelos esportes norte-americanos, uso a NBA como referência, também o Barcelona, a nossa equipe de inovação teve uma ideia legal, teremos o rachão cinco estrelas no dia 18 de julho transmitido pelo Youtube pela primeira vez”.
E é justamente essa criatividade que analistas de mercado apontam como uma das alternativas para o futebol brasileiro, que pouco diversifica suas receitas. “Hoje a única forma que os clubes têm para monetizar os torcedores são os sócios-torcedores. A questão digital dos clubes nacionais está muito atrás das cinco ligas principais americanas e dos cinco principais campeonatos do mundo. Eles estão anos luz à frente do Brasil em relação à internacionalização e digitaliza-ção, como produção de conteúdo, gamefica-ção”, afirma Gustavo Hazan, gerente de esportes da consuloria EY no Brasil.