(Vinnicius Silva/Cruzeiro)
A Comissão de Ética do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, com base no Estatuto do clube, enviou um comunicado, via e-mail, ao ex-presidente Wagner Pires de Sá, e ao seu primeiro vice, Hermínio Lemos, pedindo explicações sobre a falta de pagamento de salários e direitos trabalhistas, por mais de 90 dias. A atitude dos dirigentes provocou a perda dos direitos econômicos de vários jogadores, além de inúmeras ações na Justiça do Trabalho.
O processo, apesar de serem situações distintas, é bem parecido com o que resultou na expulsão de 30 conselheiros do Conselho Deliberativo do clube, como antecipou o Hoje em Dia na última sexta-feira (17). A situação foi oficializada nesta quarta-feira (22).
Dependendo das ponderações de Wagner Pires de Sá e Hermínio Lemos, ambos também podem ser excluídos do quadro de conselheiros do clube, sendo que eles ocupam a posição de beneméritos, posto máximo dentro do Conselho Deliberativo, reservado a ex-presidentes do clube e do próprio órgão.
RESPOSTA
“Eu respondi já. Eles me mandaram uma carta, mas sem assinatura. Juridicamente não tem validade. O que eles estão falando lá são coisas recorrentes no Cruzeiro, que é o atraso de salário de jogadores e de direitos trabalhistas”, afirma Wagner Pires de Sá.
Segundo um integrante do Conselho de Ética ouvido pela reportagem, o comunicado foi enviado por e-mail, mas o original também será entregue, com as devidas assinaturas que tornam o documento legal, como pretende o ex-presidente celeste e prevê o Estatuto do clube.
Para Wagner Pires de Sá, todo este processo que ele e Hermínio Lemos passam agora é fruto da briga política dentro do clube. “Não temos de resolver vingança de brigas políticas, de intrigas de poder, essa luta insana. Foi isso que levou quase todos os clubes a caírem. Enquanto o pessoal não pensar o bem maior para o clube, não vamos sair dessa”, garante o ex-presidente cruzeirense.
Hermínio Lemos, que era o primeiro vice-presidente de Wagner Pires de Sá e renunciou juntamente com ele, no final do ano passado, não foi encontrado pela reportagem.
JOGADORES
Entre os jogadores que ganharam o direito de rescisão contratual na Justiça do Trabalho pela falta de pagamento de salários e direitos estão o goleiro Rafael, atualmente no Atlético, o volante Éderson, do Corinthians, o zagueiro Fabrício Bruno, do Bragantino, e o atacante David, do Fortaleza.
Além deles, o meia Thiago Neves, que está no Grêmio, acionou o clube na Justiça do Trabalho, pedindo R$ 16 milhões, e o atacante Fred, que deve voltar para o Fluminense, fez o mesmo, mas quer receber cerca de R$ 75 milhões.
Os direitos econômicos de jogadores são considerados patrimônios do clube. Com base nisso, precisam ser preservados. Eles inclusive constam dos balanços patrimoniais de todas as equipes do futebol brasileiro.
Com a falta de pagamento, vários atletas deixaram a Toca da Raposa II sem que o Cruzeiro recebesse nada. Muito pelo contrário, em vários casos ficou ainda com grandes dívidas trabalhistas pelo não pagamento aos atletas.