Ciranda dos técnicos

Marcada pela troca de treinadores, Série A de 2018 já teve mudança em 17 dos 20 clubes

Frederico Ribeiro - Alexandre Simões
Hoje em Dia - Belo Horizonte
13/11/2018 às 10:15.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:48

A rotatividade de comandantes no futebol brasileiro atingiu um ritmo tão alucinante na temporada de 2018, que a Série A do Campeonato Brasileiro, depois de oito edições em que o segredo para o título parecia ser a manutenção do treinador, caminha para ter um campeão que apostou na mudança no meio do caminho. 

Com mais de 93% de chances de levantar a taça, segundo os cálculos do site Probabilidades no Futebol, mantido por professores do Departamento de Matemática da UFMG, o Palmeiras trocou o jovem Roger Machado pelo experiente Luiz Felipe Scolari no andamento da competição, E se deu bem.

No fim de semana, Adilson Batista e Diego Aguirre caíram em América e São Paulo, respectivamente. E lá se vão 35 trocas de treinadores em 33 rodadas da Série A.

Num futebol brasileiro em que há mais troca de comando dos clubes que rodadas disputadas no Campeonato Brasileiro, o campeão nacional pode ser, pela primeira vez na década, um clube que passou por demissão de técnico. Com Luiz Felipe Scolari no lugar do pupilo Roger Machado, o Palmeiras está com uma mão na taça.

Além de quebrar uma escrita que vem desde 2009, Felipão, aos 70 anos completados recentemente, faz girar duas lógicas em construção. A de que o campeão brasileiro só se apresenta por meio de trabalhos de um técnico só – o último vencedor que substituiu técnico foi o Flamengo em 2009, quando Andrade pegou o “bonde andando” de Cuca – e que o sucesso viria apenas através de novos “Fábios Carilles”.

Hoje, ainda há exemplos positivos de soluções caseiras, como Odair Hellmann no Internacional (classificado à Copa Libertadores) e Tiago Nunes no Atlético-PR, semifinalista da Copa Sul-Americana e com um pé na decisão do torneio.

Em contrapartida, Osmar Loss foi sacado no Corinthians, Thiago Larghi deixou o Atlético e Maurício Barbieri se despediu do Flamengo após fracassos na Libertadores e Copa do Brasil. 

MINAS
Atlético e América apostam no sucesso do passado com Levir Culpi e Givanildo Oliveira, respectivamente, em mais uma passagem (a quinta de cada um deles). Na mesma linha, e já com resultados, o Ceará se deu bem ao resgatar Lisca Doido, e o Santos pegou o elevador com o retorno de Cuca após dez anos. 

Na 33ª rodada finalizada ontem com Santos x Chapecoense, Adilson Batista e Diego Aguirre foram as últimas vítimas da máquina de moer treinadores. Foram 35 trocas de comando em 33 rodadas já disputadas, considerando treinadores interinos – como será no São Paulo até o fim do campeonato, com André Jardine substituindo o uruguaio com passagem pelo Galo em 2016, quando sucedeu justamente Levir. 

O recordista é o Vasco, que teve Valdir Bigode como “tapa buraco” por duas vezes, entre Zé Ricardo e Jorginho. Atualmente é Alberto Valentim quem apita os treinos em São Januário, totalizando quatro trocas.

Zé Ricardo, por sua vez, trocou de alvinegros no futebol carioca, indo para o Botafogo em agosto.


Mano, Renato e Odair: heróis da resistência
Dos 20 clubes participantes da Série A, somente três passaram ilesos na dança das cadeiras do Brasileirão, e todos em parte nobre ou segura na tabela. 

No Cruzeiro, Mano Menezes levou a Copa do Brasil pelo segundo ano consecutivo e tem chance até mesmo de terminar entre os seis primeiros colocados.

Renato Gaúcho quase beliscou a final da Copa Libertadores pela segunda temporada consecutiva para o Grêmio, que é o atual campeão do torneio de clubes mais importantes da América, e irá para outra edição.

Ainda no Rio Grande do Sul, o novato Odair Hellman garante vaga no cobiçado torneio ao Internacional após a subida da Série B no ano passado, mas como vice-campeão, pois o título ficou com o América. 

O resto rodou na ciranda típica de quando os resultados não aparecem. Beirando o esdrúxulo das “chegadas e partidas”, Claudinei Oliveira vestiu três camisas neste Campeonato Brasileiro de 2018.

Começou no Sport, pulou para o Paraná e agora está na Chapecoense, três clubes que brigam para não cair num Z-4 onde está o América de Givanildo, com os mesmos 70 anos de Felipão, mas com uma missão muito mais ingrata.
 
RETORNO
Apresentado ontem no CT Lanna Drumond, o técnico Givanildo Oliveira retorna ao América para tentar salvar o time do temido Z-4 e, consequentemente, segurar o clube na Série A do Brasileirão. 

A missão é inglória, mas mesmo não sendo fácil, a matemática ainda aponta possibilidades remotas de o América permanecer na elite do futebol nacional. O que é necessário? Somar pontos, torcer contra adversários diretos e tentar derrubar gigantes, clubes que ainda almejam objetivos muito importantes na competição. 

“ Todos podem ajudar, o torcedor também. Eu não entro em campo, fico do lado de fora orientando, falando. Na hora H é com eles (jogadores)”, disse Givanildo, agora em sua quinta passagem pelo Coelho. 

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