Audiência com cara de clássico

Rafael tenta romper contrato com o Cruzeiro e pode ir para o Atlético

Alexandre Simões
@oalexsimoes
14/02/2020 às 11:30.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:38

Bicampeão brasileiro (2013 e 2014) e da Copa do Brasil (2017 e 2018) e hexacampeão mineiro (2008, 2009, 2011, 2014, 2018 e 2019). Depois de 12 temporadas consecutivas, numa história iniciada em 2008, quando subiu do time sub-20 como campeão da Copa São Paulo e Brasileiro da categoria no ano anterior, o goleiro Rafael pode ter encerrada nesta sexta-feira sua história no Cruzeiro. Mais do que isso, ele pode ter iniciada a sua trajetória no maior rival, o Atlético.

Em audiência na Justiça do Trabalho, o jogador tenta na tarde desta sexta-feira a rescisão de seu contrato com o clube, que não cumpriu várias obrigações trabalhistas a partir do segundo semestre do ano passado, consequência da grave crise financeira atravessada pelo Cruzeiro.

A ida de um jogador do Cruzeiro para o Atlético, ou do Atlético para o Cruzeiro, por toda a rivalidade que envolve os dois clubes, tem sempre um contexto histórico. E o que envolve Rafael é sem dúvida a vingança.
Sim, há dois anos o futebol mineiro vivia a empolgação da torcida cruzeirense com a volta de Fred ao clube para comandar o ataque de um time que iniciava 2018 favorito a tudo e que terminou o ano, sem ele em campo, pois o centroavante sofreu uma grave lesão no joelho, faturando os inéditos bi (em sequência) e hexa (geral) da Copa do Brasil.

E a empolgação não era apenas pela volta do até então ídolo Fred, que no próximo dia 19 também tem audiência na Justiça do Trabalho contra o Cruzeiro. O fato de ele ter saído do Atlético direto para a Toca da Raposa II tornava especial o seu retorno.

Principalmente porque jogador e clube empurravam com a barriga, o que fazem até hoje, o pagamento de uma multa de R$ 10 milhões estipulada pelo Atlético em sua rescisão caso seu destino fosse o rival Cruzeiro. O caso está na Câmara Nacional de

Resolução de Disputas (CNRD).
 
TROCO
Além da questão técnica, pois o técnico Rafael Dudamel pediu a contratação de outro goleiro com a venda de Cleiton ao Red Bull Bragantino, e Rafael tem muita qualidade, é impossível tirar da sua ida para a Cidade do Galo o sabor da vingança.

A pessoas próximas, o presidente do Núcleo Transitório Dirigente do Cruzeiro, Saulo Fróes, confidenciou que sabe ser para o comando atleticano a chance de um troco contratar Rafael.

E a Cidade do Galo aparece como destino provável pelo fato de ele ter se casado recentemente, em janeiro deste ano, e da sua esposa ter vida consolidada em Belo Horizonte. Desta forma, ele não pretende sair da cidade, mesmo com outros clubes, como Grêmio, Palmeiras e até Santos terem demonstrado interesse na sua contratação.
 
BRIGA
Outra questão que não pode ser descartada do processo de Rafael é o fato de seu agente ser Fábio Mello, acusado por Vitorio Mediolli, quando integrante do Núcleo Dirigente Transitório, de furtar documentos na sede do clube após uma reunião para tratar de questões relativas ao goleiro e ao zagueiro Fabrício Bruno, também representado por ele.

Não será uma audiência qualquer. E Rafael terá esta tarde mais um capítulo na história que já construiu no futebol mineiro graças às suas conquistas com a camisa cruzeirense, o que agora pode ser passado, principalmente se o futuro for mesmo na Cidade do Galo.
 

Um time da crise
 
Se Rafael tiver sucesso na audiência desta sexta-feira, contra o Cruzeiro, quando pede a liberação para poder seguir a sua carreira em outro clube, entre outros direitos trabalhistas cobrados, a Raposa terá um time inteiro formado por jogadores que deixaram a Toca II em 2020 por causa da grave crise financeira vivida pelo clube.

A única posição que ainda não tinha sofrido baixas por saída de jogador por causa da falta de pagamento de direitos trabalhistas ou pela necessidade de se fazer dinheiro era o gol.

Entre promessas, como Fabrício Bruno e Éderson, e veteranos, lista recheada por gente como Henrique, Rodriguinho, Thiago Neves e Fred, o Cruzeiro já perdeu mais de um time. E de todas as saídas, a única venda foi a do lateral-direito Weverton.

Promessa das categorias de base, ele foi usado algumas vezes no segundo semestre do ano passado. Com passagens pela base da Seleção, se valorizou e foi vendido ao Red Bull Bragantino por 1 milhão de euros (cerca de R$ 4,6 milhões).

Muita gente não rendeu dinheiro diretamente, mas abriu mão do que tinha de receber do clube para ficar livre e isso não deixa de ser um alívio no caixa cruzeirense.

Há casos, como o do zagueiro Manoel, que foi para o futebol turco, em que o Cruzeiro até paga parte do salário do jogador.

Mas como não teria condições de arcar com a totalidade do que ele recebe, o prejuízo é menor emprestando o atleta.

O ex-capitão Henrique, com mais de 500 jogos pelo clube, também integra a lista. Como não aceitou a readequação salarial, ele passará a temporada de 2020 defendendo o Fluminense. Se o Cruzeiro voltar à Série A, ele deve retornar, mas aí fica a dúvida se a torcida aceitará.
 
AÇÕES MILIONÁRIAS
Por outro lado, o clube corre o risco de sofrer derrotas grandes na Justiça do Trabalho. O meia Thiago Neves, atualmente no Grêmio, cobra R$ 16 milhões.

O atacante Fred pede quase o dobro disso, sendo que está incluído no valor a multa de R$ 10 milhões que ele teria de pagar ao Atlético caso fosse para o Cruzeiro.

Gol é a única posição que não tem atletas que deixaram o clube este ano

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