As cigarras e a formiga

Projeto de recuperação do Flamengo é modelo para “quebrados” Atlético e Cruzeiro

Alexandre Simões
26/11/2019 às 09:36.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:49
 (ALEXANDRE VIDAL/FLAMENGO)

(ALEXANDRE VIDAL/FLAMENGO)

Na Grécia antiga, Esopo escrevia a fábula da cigarra e da formiga, depois recontada por Jean de La Fontaine, em francês, em 1688. Quando se compara as realidades de Atlético e Cruzeiro com o Flamengo, não há como deixar de lado a lição da história infantil.

Nesta década, até o final de semana histórico, os rubro-negros viviam uma situação de carência de taças numa comparação com Atlético e Cruzeiro. Agora, os dois gigantes mineiros amargam crises técnica e financeira provocadas pela evolução das suas respectivas dívidas a partir de 2011.

O Flamengo viveu processo inverso. E o clube que devia R$ 800 milhões em 2012, hoje deve cerca de R$ 350 milhões, sendo R$ 300 milhões em dívidas fiscais, que são pagas através do Profut.

Em 2012, as dívidas de Atlético e Cruzeiro eram R$ 414 milhões e R$ 143 milhões, respectivamente. Hoje, a alvinegra chega a R$ 595 milhões. A cruzeirense está em R$ 445 milhões. Todos esses números são da Sportsvalue, empresa especializada em marketing esportivo.
 
VIRADA
Apesar de não ser mais o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello é o responsável maior pelo processo de recuperação do clube. Colocar a vida financeira em ordem foi fundamental para que a atual gestão tivesse a chance de montar o time campeão da América.

“Em primeiro lugar, não fiz nada sozinho. Tinha uma equipe. No meu discurso de posse disse que nosso passivo ético e moral era maior que o financeiro. E a primeira medida foi contratar uma auditoria da Ernest & Young para saber o valor da dívida, pois os balanços não eram reais. Por isso pulou de R$ 350 milhões para R$ 800 milhões, de 2011 para 2012, com a correção, feita em 2013, quando entrei”, afirma Bandeira de Mello em entrevista ao Hoje em Dia.

O título da Copa do Brasil de 2013, no primeiro ano da sua gestão, foi a única grande taça nos seus seis anos de mandato. O ex-dirigente garante que a falta de títulos não mudou o processo. “Foi preciso ter vontade política para cortar na carne, passar alguns anos se sacrificando. É o que a gente faz nas nossas casas. O profissionalismo é fundamental. Sem nenhum tipo de privilégio, toma lá dá cá”, revela o ex-dirigente.

Passo fundamental, pensando no futuro do clube, foi dado em 2015, quando o Estatuto do Flamengo foi mudado. “Criamos aquela que é chamada de lei de responsabilidade fiscal rubro-negra. São medidas que protegem o clube, mas os rubro-negros terão de ficar sempre atentos”, revela Bandeira de Mello.
 
MUDANÇA
Escolher a desculpa de que a cota de televisão do Flamengo é decisiva para o processo vivido pelo clube é o caminho muitas vezes usado por atleticanos e cruzeirenses.

Entender que os dois clubes precisam se modernizar e mudar suas gestões de forma urgente, é o desafio para os dois lados.

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