Willian Cavalcanti
Repórter
A Soebras -Associação Educativa do Brasil promoveu na última segunda-feira, 07, no campus São Norberto, a palestra A inclusão dos portadores de necessidades especiais no mercado de trabalho, proferida pelo palestrante Valcir Soares, presidente licenciado da Ademoc – Associação das Pessoas com Deficiência de Montes Claros.
Estudantes e representantes de entidades
participaram da palestra (foto: XU MEDEIROS)
A Ademoc é uma entidade civil sem fins lucrativos, fundada há mais de 20 anos com o objetivo de intervir nas questões sociais, dando apoio ao crescimento e independência das pessoas com necessidades especiais, e segundo seu presidente, a instituição busca estimular o deficiente para que demonstre suas capacidades nos estudos, esportes, trabalho, lazer e convivência, procurando prestar todo tipo de assistência.
A instituição também tem preocupação de inserir o portador de necessidades especiais no mercado de trabalho, para isso desenvolve vários cursos de profissionalização, além de buscar parceiros.
LEIS REGULAMENTAM COTAS PARA DEFICIENTES
Desde 1999, o decreto 3.298 da Presidência da República regulamenta a lei de cotas – que obriga todas as empresas com mais de 100 funcionários a contratarem pessoas com deficiência. As cotas variam de 1% a 5% dependendo do número de empregados.
A inclusão de pessoas com deficiência, que são 25 milhões no país, no mercado de trabalho passa por algumas dificuldades que ultrapassam os próprios limites impostos pela condição física. De acordo com o Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência Física (Conade), o preconceito, a necessária adaptação de ambientes de trabalho – com a inclusão de rampas e o alargamento de portas – até a dificuldade de comunicação com funcionários cegos ou surdos são grandes entraves para ampliar o número de pessoas com deficiência que ocupam postos de trabalho.
Em Montes Claros, onde há 40 mil deficientes, a lei municipal 3.660 obriga as empresas a reservar vagas para estagiários portadores de deficiência em órgão de administração pública direta e indireta do município e a lei municipal 3422 cria reserva de vagas para pessoas com deficiência em concursos públicos municipais.
DIFICULDADE PARA CUMPRIR A LEI
Valcir informa que diversas empresas têm tido dificuldade de cumprir a legislação, já que não encontram mão-de-obra qualificada e alerta sobre o problema.
- Realmente existem vagas, mas falta qualificação. Para tentar contornar o problema, criamos um banco de empregos visando a facilitar a busca pelo profissional qualificado que esteja procurando emprego, estreitando a parceria da Ademoc com as empresas públicas e privadas, como é o caso da Soebras- explica Valcir.
Segundo a Ademoc, o banco de empregos funciona há mais de um ano e já encaminhou aproximadamente 100 pessoas associadas para a ocupação de vagas em empresas da cidade. No banco de dados, o sistema filtra o perfil do candidato, facilitando bastante para as empresas que podem encontrar exatamente o profissional que necessita. Atualmente, há 28 empresas de Montes Claros e região cadastradas.
BARREIRAS A SEREM SUPERADAS
Para o presidente da Ademoc, de forma geral, as principais dificuldades apresentadas atualmente vão desde qualificação (escolaridade mínima, conhecimento em informática e cursos complementares); transporte (transporte adaptado, que prioriza pela ordem: a saúde, trabalho, educação e por fim lazer); deslocamento até os pontos de ônibus e acessibilidade aos locais de trabalho.
- Em Montes Claros, o principal problema é acessibilidade, principalmente a órgãos públicos. É necessário melhorar também o transporte público, que atende atualmente pessoas com problemas nas pernas, cegos e surdos. Os deficientes mentais, para receber o benefício, devem estar matriculados em uma escola especial – enfatiza Valcir.
Valcir Soares afirma que a pessoa tem que exigir seus direitos. E lembra também que o deficiente, apesar de diferente, tem que ser tratado com igualdade. E não somente no ambiente de trabalho, mas em todos os locais. — - Sendo tratado com igualdade. A pessoa se sente valorizada e se torna mais eficiente – conclui o presidente da Ademoc.