Willian Cavalcanti
Colaboração para O NORTE
Como os profissionais de educação podem inserir o indivíduo surdo na sociedade. Esse foi o principal tema do “II Seminário de Libras e suas abrangências no contexto pedagógico”, realizado nos dias 06 e 07 de junho, pelos acadêmicos do 8º período de Letras da Funorte e sob a coordenação das professoras Rosani Kristine e Elana Vaz.
INTEGRAÇÃO DO SURDO NA SOCIEDADE
A pessoa surda (e não deficiente auditivo) tem mais dificuldades em adaptar-se à sociedade do que uma pessoa ouvinte. Entretanto, professores, estudiosos e os próprios surdos têm, ao longo do tempo, alcançado muitos êxitos na integração do surdo na sociedade.
O evento, que contou com palestras, mesas temáticas e oficinas, teve participação de Maria Clara Maciel, graduada em Letras pela Unimontes e mestranda em Estudos Lingüísticos pela UFMG, que afirma que com o passar dos anos, a pesquisa sobre a surdez revelou que “não existe deficiência cognitiva ou lingüística”. Essa constatação se deu principalmente porque “a surdez era pesquisada somente na área da saúde, mas hoje sofreu um crescimento qualitativo graças às pesquisas ligadas às Ciências Humanas.”
“Várias pesquisas no Brasil tiveram o papel de desmistificar a relação deficitária na surdez na linguagem. A Lingüística (estudo científico da linguagem verbal humana) hoje tem uma preocupação maior com os fenômenos relacionados à surdez”, afirma Maria Clara.
IDÉIAS ERRADAS
Outra evolução foi a designação da doença, que era tratada como “deficiência”, mas hoje é vista como “diferença”. “Não há falta, mas substituição da linguagem. Os surdos se comunicam por orkut, MSN, e-mail e se entendem. É uma variedade lingüística na escrita, que tem marcas que precisam ser aceitas.”
Os professores de surdos, ao se defrontarem com a educação destes alunos, sentiram que isso os ultrapassava devido à existência de idéias errôneas anteriores, ao desconhecimento do que pressupõe a deficiência auditiva, à falta de condições educativas mínima, dentre outras “A manifestação lingüística dos sujeitos surdos no português escrito poderia ser compreendido como uma variação social, socioleto (língua falada por um grupo social) dos surdos brasileiros.”
EDUCAÇÃO DOS ALUNOS SURDOS
Devido a muitos métodos de ensino que hoje são considerados errados, a integração dos surdos na sociedade moderna, segundo a opinião de muitos, teve um processo mais lento do que deveria.
A professora do curso de Inglês da Unimontes e do ISEIB, Rejane Brito já deu aulas de inglês para surdos e ouvintes, acredita que “ensinar língua estrangeira para o estudante surdo é dar espaço para conhecimento de mundo, ampliar horizontes. É também uma oportunidade de estudar de alcançar interação social.”
POLÍTICAS DE INTEGRAÇÃO
A Política Nacional de Educação Especial (1994) estabelece que são alunos com necessidades especiais “aqueles que apresentam deficiências (mental, auditiva, física, visual e múltipla), super dotação ou altas habilidades ou condutas típicas devido a quadros de síndromes, neurológicos, psiquiátricos e psicológicos que alterem sua adaptação social a ponto de exigir intervenção especializada”.
Já a Declaração de Salamanca em seu artigo 3º (1994, p.3) advoga: “O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e super-dotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias lingüísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desprotegidos ou marginalizados.”
Atualmente, em muitos países, inclusive o Brasil e Portugal, existem escolas públicas com interpretes para surdos. Em Portugal, todas as aulas são interpretadas, para que o surdo possa acompanhar a matéria.
Existem também iniciativas do governo, como por exemplo, aulas para intérpretes de língua de sinais, na tentativa de os formarem para acompanhar surdos que estão tirando licença de condução.
