Desde o mês de setembro passado, pesquisadores do Inep/Mec visitaram as 33 escolas que apresentaram melhor desempenho na avaliação aplicando um questionário-padrão aos agentes escolares para detectar os fatores que contribuíram para os bons resultados
Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Promovido pelo ministério da Educação desde o ano passado, o projeto Prova Brasil é a primeira avaliação em caráter universal realizada nas escolas públicas, com objetivo de produzir informações sobre o ensino oferecido por município e escola, individualmente, para melhor direcionamento de recursos técnicos e financeiros.
Na primeira edição ocorrida em novembro de 2005 foram avaliados 3.306.390 alunos de 4ª e 8ª série do ensino fundamental, de cerca de 160 mil turmas de 41 mil escolas em 5.398 municípios.
A escola estadual Antônio Figueira ficou entre as 33 melhores colocadas na avaliação, com melhor índice em Português e Matemática de todo país
(foto: Wilson Medeiros)
Desenvolvida e elaborada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), a prova tem as questões elaboradas a partir do que está previsto para as séries avaliadas nos currículos de todas as unidades da Federação e, ainda, nas recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Além das provas, os alunos respondem a um questionário que coleta informações sobre seu contexto social, econômico e cultural.
A avaliação é realizada pelo Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de educação. De acordo com o resultado divulgado no último mês de setembro pelo Inep/Mec, referente à avaliação de 2005, a escola estadual Antônio Figueira, de Montes Claros, alcançou o melhor índice em Matemática e Português registrado em todo país.
Segundo o relatório divulgado, foram identificados fatores comuns a 33 escolas que, apesar de todas as condições desfavoráveis, conseguiram causar um forte impacto positivo sobre a vida e a aprendizagem dos alunos. Essas escolas atendem a crianças de baixa renda, que não possuem livros infantis em casa e a maioria dos pais tem baixa escolaridade. A estrutura física das escolas também é precária, não são equipadas nem possuem computadores e a maior parte fica em comunidades carentes cuja realidade social é complexa e cheia de desafios e alguns alunos até mesmo falam outra língua, como as crianças que pertencem a povos indígenas, sendo mais vulneráveis à exclusão social. Mesmo assim, conforme o resultado da Prova Brasil, o desempenho médio dos alunos, tanto da 4ª como da 8ª série, estão acima do da média prevista para escolas de perfil semelhante e, pelo relatório, o resultado se deve principalmente à ação da escola como agente de transformação da realidade dos alunos.
DIAGNÓSTICO
Desde o mês de setembro, 12 pesquisadores visitaram as 33 escolas, aplicando um questionário-padrão aos diretores, coordenadores, alunos, professores, pais, funcionários e membros do conselho escolar. Pelos resultados, o motivo do bom desempenho na avaliação teve como fatores comuns o papel central e fundamental do professor; o projeto pedagógico da escola e a participação dos alunos.
As 33 escolas foram escolhidas levando em consideração o contexto de cada uma, como ambiente educativo, prática pedagógica, gestão escolar democrática, ambiente físico escolar, entre outros. Em 32 escolas, o êxito na prova foi atribuído ao empenho, competência, paciência, amizade, interesse e dedicação e o cuidado do professor para com as necessidades de cada aluno, e à abertura para criar através de atividades que estimulam os alunos. Segundo os pesquisadores, esse foi o motivo da boa colocação da escola estadual Antônio Figueira.
Em 25 escolas, os alunos foram reconhecidos como os principais responsáveis pelo bom desempenho, e m 21, à proposta pedagógica, que inclui o desenvolvimento de projetos especiais. É o caso das aulas de artes que ensinam conceitos de geometria, dos projetos de estímulo à leitura, do incentivo ao jogo de xadrez para ajudar no raciocínio matemático, da horta comunitária, do jornal mural e do rádio na escola.