Inspirado na literatura de Guimarães Rosa,


as primeiras atividades do projeto


acontecem no município


de São Francisco

Jerúsia Arruda


Repórter

Ao longo da história, o Norte de Minas Gerais, junto com os Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, tem ficado alheio ao processo sociocultural que se desenrola em Belo Horizonte, na região metropolitana da capital e outras grandes cidades mineiras.

Com a proposta de instaurar no Norte de Minas um conjunto de ações com vistas a desenvolver as potencialidades sociais, culturais e econômicas de todo o território que performa o “grande sertão”, será lançado, no próximo dia 28 de abril, em Montes Claros, o projeto sociocultural Dagobé, realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Humano Daghobé, uma entidade sem fins lucrativos, com sede na cidade de São Francisco.

Previsto para acontecer anualmente, com ações em várias cidades, o objetivo do projeto é realizar ações com periodicidade anual no Norte de Minas Gerais, Vales do Jequitinhonha, Mucuri e São Francisco, com caráter eminentemente socio-educativo-cultural, visando à elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nesse território, através de ações que resultem na geração de emprego e renda, na redução da pobreza e conseqüente promoção da paz social.

De acordo com o professor Anelito de Oliveira, idealizador do projeto e presidente do instituto, as ações vão contribuir para a qualificação profissional de adolescentes e jovens da região.

- A proposta do projeto é desenvolver potencialidades turísticas desse território, especialmente aquelas relativas à ecologia, à cultura e à culinária; organizar Fórum permanente de discussão sobre tradição e processos de modernização nesse território sertanejo, com enfoque, em 2008, do projeto de transposição do rio São Francisco; promover integração dos “Gerais” às Minas, resgatando e fortalecendo laços culturais enfraquecidos ou em vias de desaparecimento e contribuir para a efetivação da cidadania nesse território, inibindo a violência, através do acesso a bens culturais, como música, cinema, artes visuais, dança e literatura – explica.

Anelito diz que o projeto também vai comemorar o centenário de nascimento do escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908/1967), responsável pelo mais detalhado relato sobre as peculiaridades socioculturais desse território.

LANÇAMENTO

No próximo dia 28 de abril, acontece o lançamento oficial do Projeto Sociocultural Dagobé, em Montes Claros, com realização da primeira conferência do ciclo “Travessia rosiana”. Também serão lançados a Coleção Dagobé e o Prêmio nacional de literatura Cidade de Montes Claros. O projeto também será lançado no início de maio, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte.

AÇÕES

O projeto tem seis cidades-pólo: Montes Claros, São Francisco, Curvelo, Janaúba, Teófilo Otoni e Araçuaí, cada uma abrigando um contingente de dez cidades.

A primeira a receber as ações do projeto será São Francisco, no período de junho a agosto de 2008, onde serão realizadas conferências do ciclo “Travessia rosiana”, e do Fórum “Outras margens”, que abre discussões sobre o sertão e processos de modernização da região contemplada pelo projeto.  Nesse primeiro encontro, o fórum discute o projeto de transposição do Rio São Francisco.

O prefeito de São Francisco, José Antônio diz que o projeto é uma forma de aliar forças para viabilizar a revitalização do rio.

- A situação do rio São Francisco é preocupante e precisamos chamar a atenção das autoridades para isso. O índice pluviométrico em São Francisco é cada vez mais baixo e o rio está agonizando. O debate promovido pelo projeto Dagobé vai trazer um novo fôlego para nossa luta pela revitalização do rio – argumenta.

No mês de julho, ainda em São Francisco, será realizada a Mostra de Música “Na pancada do Ganzá”; com a I Mostra de Música do Brasil Profundo.

- Além de fortalecer o turismo cultural, a atividade pretende despertar o interesse, sobretudo entre jovens, pela relação entre arte, sociedade e cidadania – ressalta Anelito.

As ações do projeto em São Francisco encerram com a realização da Mostra de Cinema “Transcinemental”, com enfoque exclusivo de produções experimentais brasileiras e estrangeiras, voltadas para a exploração de novas possibilidades em ambiente audiovisual, e com a Mostra de Dança “Corpo de Baile”, com a realização da I Mostra Norte-mineira de Dança Contemporânea.