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Segunda-Feira,17 de Novembro

Professores pedem respeito e valorização

Jornal O Norte
Publicado em 14/10/2008 às 11:14.Atualizado em 15/11/2021 às 07:46.

Paula Machado


Repórter



A educação é uma ferramenta essencial na vida de um indivíduo. Começa em casa e, depois, é trabalhada através dos professores nas escolas. Em comemoração ao Dia do Professor, torna-se até necessário mostrar como é de fato é a vida desse profissional e os problemas que todos eles enfrentam.



Muitos professores concordam que, para poderem dar aula em uma escola pública, hoje, é necessário ter muito dinamismo. Ter que saber lidar com os alunos e encontrar novas maneiras de prender a atenção deles. O dinamismo e a inovação têm que acompanhar o ensino, para chamar a atenção dos alunos.



A escola estadual Antônio Figueira adota esse dinamismo e o coloca em prática. A estudante Fabrícia Snatana Silva, da 7ª série do ensino fundamental está feliz com o ensino aplicado.



- Estudava em outra escola, estou no Antônio Figueira há pouco tempo, mas já pude notar a diferença. Aqui, os professores são compromissados com os alunos e com a tarefa de ensinar. Estou gostando muito da escola – afirma.



A professora de português, Nair Marques de Freitas, concorda com Simone e ressalta que o compromisso do professor não é só com o ensino, mas com o bem-estar e o aprendizado dos alunos.



- O professor público é aquele que optou pela educação e chegou cheio de planos e sonhos em uma escola. Acreditando que tudo fosse possível e que seria capaz de, com seu trabalho, mudar o destino do país. Levar para os alunos mais conhecimento - explica Nair.



RECONHECIMENTO



O aluno Thiago Soares, da 5ª série do ensino fundamental diz que o conhecimento e os estudos são importantes na vida.



- Gosto muito dos meus professores, aprendo muito com eles, gosto bastante das aulas. Sei que o que aprendo aqui me ajudará no futuro, me ajudará a garantir uma carreira de sucesso na vida – diz Thiago.






Marcionília Soares pede mais respeito e


valorização para os educadores



(foto: XU MEDEIROS)



Mas, para a professora Marcionília Soares da Silva, faltaria uma valorização e um reconhecimento desse profissional por parte do governo e da sociedade.



- O professor tem perdido o respeito e a valorização que possuía antigamente. Hoje, ele se sente desmotivado e estressado. Essa realidade é muito triste – afirma Marcionília.



INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA EM SALA



Segundo a professora de português, Simone Pereira, o professor, hoje, assume vários papéis na vida de um estudante. Além de educador, é tido como pai e mãe do aluno, como médico, psicólogo, psiquiatra, assistente social dentre outras funções.



- Somos obrigados a assumir vários papéis dentro da escola, falta um apoio dos pais e uma estruturação familiar melhor para muitos alunos. A base educacional tem que vir primeiro de casa, através dos pais para ser aperfeiçoada nas escolas – diz ela.



Atualmente a indisciplina é o maior problema enfrentado pelas escolas, e essa falta de estruturação familiar, juntamente com a falta de respeito, gera a violência.



- Diante dessa realidade, nós professores não temos muito que fazer. São atitudes de alunos que já não têm nada a perder, que vão à escola só para bagunçar ou porque os pais obrigam. Sentimos que estamos sendo coagidos – ressalta Simone.



Ela afirma que o professor não tem o apoio do ensino fundamental e que muitas vezes não podem fazer nada a respeito.



- Se chamamos a atenção do aluno, levantamos a voz um pouco já alegam ser agressão verbal. Ficamos de mãos atadas, vendo o comportamento desrespeitoso dos alunos – diz Simone.



Para a professora de português, Marcionília Soares da Silva, tem que haver uma preocupação maior dos governantes pela educação. Entende que deveria surgir um projeto efetivo de valorização e investimentos na educação.



- Nossas condições de trabalho não são boas. Ministramos aulas em turmas lotadas e que não têm assistência nenhuma por parte da família. A violência e a indisciplina são um problema social – explica Marcionília.



De acordo com ela, nem a escola e os professores têm a capacidade de suprirem todas as necessidades dos alunos. Afirma que a escola e a família têm que trabalhar juntas para promover a educação e uma melhor formação do estudante.



- Primeiramente tem que haver uma ligação, uma parceria entre a família e a escola, e lógico, políticas sociais eficazes por parte do governo priorizando e melhorando a educação.



Segundo Marcionília, as escolas deveriam ter equipes de profissionais ligados às áreas de psicologia, enfermagem, psiquiatria, assistência social entre outros cursos.



METODOLIA DO ENSINO



A professora Simone diz que a metodologia de ensino não está se mostrando eficaz.



- Hoje, vemos alunos na 5ª série que não sabem nem ler ou escrever. O aluno tem que ter uma base sólida e eficiente de 1ª a 4ª séries para saber as coisas básicas da educação – afirma Simone.



Já para a professora Marcionília, essas falhas no ensino do aluno não são culpa do professor, mas, sim, do sistema de ensino adotado pelo governo.



- Antigamente o aluno que não era alfabetizado corretamente era retido e não passava para a próxima série. Hoje, temos o sistema chamado progressão continuada seguido pelo governo que passa para frente o aluno que não sabe ler ou escrever – afirma Marcionília.



De acordo com ela, esse sistema inviabiliza o ensino e prejudica tanto aos alunos com dificuldades no aprendizado como os alunos que não possuem dificuldade alguma.



- As crianças que têm dificuldades se misturam em sala com as outras, que têm, e fica difícil para o professor parar a aula e dar explicações particulares para três ou quatro alunos, enquanto os demais ficam parados. Da mesma forma é complicado dar aula para os demais enquanto alguns irão ficar prejudicados – explica ela.



Marcionília diz que será necessário, dentro desse sistema, que o governo disponibilize para as escolas profissionais responsáveis pelo reforço escolar dessas crianças, para que elas não fiquem com o ensino fragmentado.



COMUNICAÇÕES VERSUS ENSINO



Atualmente as novas tecnologias têm roubado a atenção e o interesse das crianças. A internet, o vídeo-game, entre outras distrações fazem com que a prática da leitura e da escrita correta morra a cada dia. Devido a essas transformações, as escolas são obrigadas a se adaptarem às tecnologias. E quando isso acontece, elas passam a ter chance quando competem com a agilidade dos meios de comunicação e conseguem prender a atenção dos seus alunos. Mas, segundo Marcionília, não adianta fazer um trabalho meia boca, tem que atingir a escola como um todo.



- O governo de Minas fala que as escolas possuem laboratórios de informática, mas quando você vai olhar são disponibilizadas apenas 14 máquinas para turmas com 37 alunos ou mais. O que faço então? Levo 14 alunos e os outros ficam em sala? Com quem eles ficarão? – questiona Marcionília.



REIVINDICAÇÕES



Os educadores em geral, além da reivindicação salarial, pedem também mais valorização para sua classe e respeito do governo e da sociedade.



- Afinal, no dia em que comemoramos o dia dos professores nada mais justo do que garantir um pouco mais de respeito às pessoas que educam as crianças, enquanto os pais trabalham, às pessoas que ajudam na formação educacional e do caráter das crianças para que se tornem cidadãos honestos e dignos.

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