Pesquisa e extensão: resultados concretos que fazem a diferença

Jornal O Norte
Publicado em 16/11/2007 às 09:55.Atualizado em 15/11/2021 às 08:23.

Acadêmicos do curso de Odontologia da Soebras/Funorte comemoram resultados de projetos de pesquisa, premiados em várias jornadas científicas promovidas no país



Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net



Muito se tem discutido sobre a qualidade dos cursos de graduação oferecidos no Brasil e o tipo de profissional que está sendo formado para assumir, não só sua função profissional para a qual se habilitou, mas principalmente seu papel social junto à comunidade.



Com a convicção de que o diferencial de um profissional pode estar na forma como se dá sua habilitação, o acadêmico Thiago César Lima, 22 anos, estudante do 8º período de Odontologia na Soebras/Funorte diz que vem dedicando sua atenção às atividades de extensão e pesquisa, buscando, não só uma formação efetiva como profissional da Odontologia, aliando teoria e prática, mas contribuir para o desenvolvimento da pesquisa e de tecnologias para que o país possa avançar nessas áreas.



- O Brasil é rico em material de pesquisa, mas pouco se tem feito pelo desenvolvimento de novas tecnologias, que são importadas de outros países. Esse é um compromisso que a academia tem com a sociedade e com o país, e é preciso que as instituições de ensino superior assumam seu papel e que os acadêmicos se conscientizem da importância de sua participação nos projetos de extensão e pesquisa – alerta o estudante.



O compromisso assumido pelo acadêmico tem dado resultados e, durante a 7ª Jornada e a 6ª Mostra Científica do Curso de Odontologia da Unimontes, realizadas de 24 a 26 de outubro, conquistou o 1º lugar em Pesquisa Oral, com trabalho desenvolvido em parceria com os acadêmicos Edmilson e Luciana, do curso de Odontologia da Unimontes, e Juliana Monteiro, do 10º período do curso de Odontologia da Soebras/Funorte.



O projeto consiste na avaliação dos efeitos provocados nos dentes pelo látex de uma planta típica do serrado mineiro, a Maclura Tinctoria, popularmente conhecida como Moreira.



- A idéia da pesquisa surgiu durante o estágio de Edmilson, no município de Francisco Sá. Ele recebeu um paciente que estava com um grande abscesso no único dente que tinha inteiro – os outros estavam na raiz.  Edmilson achou estranho e perguntou como fez para que os dentes ficassem daquele jeito, e o paciente disse que tinha colocado o látex de Moreira. Então Edmilson buscou pela planta e colocou o látex em um dente de boi. Depois de um tempo, verificou que o dente ficou todo destruído. Então ele desenvolveu o projeto e nos convidou para fazer a pesquisa. Apresentamos a idéia para o professor Paulo Bonan, que nos incentivou a continuar com o trabalho e agora estamos na fase final da pesquisa. Vamos encaminhar os resultados para uma microscopia de luz e, também, fazer alguns testes com rato e cachorro. Caso se confirmem nossas expectativas, estaremos diante de uma nova tecnologia, inédita no país. O látex pode auxiliar na extração sem traumas, em casos de pacientes mais debilitados e, em caso de urgência odon


tológica, pode causar analgesia até que seja feito o tratamento. Estamos muito confiantes nos resultados – diz Thiago.



Na reta final do curso – se forma no próximo ano -, Thiago diz que o maior desafio para os acadêmicos tem sido, realmente, a pesquisa.



- Acredito que, de todos os cursos da Soebras/Funorte, o curso de Odontologia é o que mais participa de projetos de pesquisas e faz mais publicações, mas ainda estamos longe de alcançar aquilo que realmente poderíamos. Os professores incentivam, a instituição possui uma clínica de primeiro mundo, ótimas instalações, melhores até que as da Unimontes, que possui o curso de Odontologia número um do país, mas, infelizmente, nem todos os estudantes têm condições de participar dos projetos, de jornadas em outras instituições, em outras cidades. Acredito que a Soebras/Funorte poderia tentar viabilizar mais recursos para que todos os alunos pudessem participar das atividades de extensão e pesquisa, de forma que pudéssemos desenvolver mais projetos como esse. Além de cumprir o papel social, esse, talvez, seria o maior diferencial do curso, que já é excelente – ressalta o acadêmico.



Thiago diz que o trabalho do professor Paulo Bonan tem sido decisivo nos projetos de pesquisa desenvolvidos pelos acadêmicos do curso.



- O professor nos incentiva, acompanha o processo de desenvolvimento da pesquisa e nos dá novos parâmetros, nos apresenta novas alternativas. Isso é muito enriquecedor e nos leva a estar sempre buscando por novas idéias, novos projetos. Mesmo sendo uma instituição nova, o curso da Soebras/Funorte já conseguiu apresentar até quatro projetos em uma mesma jornada, quando outras instituições, com mais de noventa anos, conseguiram apresentar apenas um. Também já tivemos projetos premiados em jornadas internacionais, quando normalmente, cursos novos sequer conseguem apresentar trabalhos. Se tivermos apoio da instituição e investimento em pesquisa, em breve estaremos disputando o primeiro lugar do país. Para um curso tão novo, é uma conquista bem relevante – argumenta.



O curso de Odontologia da Soebras/Funorte graduou a primeira turma em julho de 2006 e é reconhecido pelo Mec com conceito A. Mantendo constante intercâmbio com a comunidade os acadêmicos participam de uma série de projetos, oferecendo atendimento gratuito, inclusive a pacientes especiais, idosos e crianças, na clínica da instituição, no Campus Amazonas, onde também mantêm plantão para urgências e emergências. Os atendimentos são acompanhados pelos professores e monitores do curso e todo paciente atendido na clínica passa por um processo de escovação, orientado pelos alunos do 1º ao 3º períodos. No período de férias, os acadêmicos também participam do projeto Sorriso no Campo, oferecendo atendimento odontológico e orientação para a prevenção da saúde bucal em cidades do Norte de Minas e outras regiões carentes do estado, como Vale do Jequitinhonha e Zona da Mata e, ainda, atendimento para os pacientes dos PSF – Programa Saúde da Família.



Segundo o coordenador do curso, professor Altair Soares de Moura, a preocupação é formar um profissional especialista que trabalhe com visão generalista.



- Essas atividades são extremamente importantes para a formação do estudante, que têm a oportunidade de vivenciar o mercado de trabalho para o qual está se preparando, ainda na academia. Também é importante que o acadêmico esteja preparado para os desafios da profissão, independente da área em que pretenda se especializar. Além da capacidade técnica e conhecimento teórico, nossa meta é formar profissionais conscientes de seu papel social e comprometidos com a comunidade – completa o professor que também é professor da disciplina Clínica Integrada.

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