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Terça-Feira,26 de Novembro

Pedro e o Lobo pela estrada afora

Jornal O Norte
13/03/2006 às 11:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:30

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Pela segunda vez, o espetáculo infantil Pedro e Lobo, homônimo do clássico infantil russo, adaptado pelo bailarino e coreógrafo Paulo di Tarso é beneficiado por lei de incentivo à Cultura.

Com produção cuidadosa tendo como ponto de partida o respeito à imaginação infantil e ao poder de transformação atribuído às artes em geral, nos anos de 2001 e 2002, incentivado pela Lei Roanet, o espetáculo levou gratuitamente ao Centro cultural Hermes de Paula, mais de 6.000 crianças da rede municipal de ensino de Montes Claros.

O segundo benefício veio em dezembro do ano passado, aprovado pela Lei estadual de incentivo à Cultura, que possibilita a dedução de até 80% do investimento no ICMS.




Grupo Ditarso se prepara para exibir espetáculo infantil em praças


de pequenas cidades do Norte de Minas
(Foto: Bruno Rocha)

O projeto que tem execução prevista entre maio e setembro próximos, propõe a circulação do espetáculo pelos municípios de Bocaiúva, Capitão Enéas, Claro dos Poções, Coração de Jesus, Francisco Sá, Juramento, Lontra e Mirabela. As apresentações acontecerão gratuitamente em noites de domingo, nas praças principais das cidades, em estrutura cênica montada especialmente para o evento.

Segundo Paulo di Tarso, o objetivo é diversificar o universo artístico das comunidades, visando expandir as percepções acerca da cultura, da arte, do mundo e da vida.

PEDRO E O LOBO

Quando encomendou a Prokofiev esta peça sinfônica, o Teatro Infantil de Moscou tinha em mente um material didático que pudesse auxiliar as crianças a distinguir os timbres dos vários instrumentos que compõem uma orquestra. O compositor elaborou, então, um roteiro onde cada personagem seria identificado por um instrumento musical executando uma melodia específica. A ação passou a ser narrada pelos temas e é possível acompanhar, sonoramente, a empolgante aventura do garoto Pedrinho e de seus amigos (um pássaro, um gato e uma pata) que saíram da casa do avô, na captura de um terrível lobo que ameaçava a aldeia.

O triunfo de Pedrinho foi também o triunfo da obra musical. Serguei Prokofiev entregou ao mundo uma das mais ricas composições direcionadas ao público infantil. De 1936 até os nossos dias, Pedro e o Lobo vem inspirando grandes artistas que criaram versões para o teatro, dança, teatro de bonecos, por todo o mundo. Por fim, a peça teve sua sagração ao cair no gosto de Walt Disney, que a reproduziu em desenho animado, consolidando sua importância no imaginário infantil e seu caráter universal.

DITARSO

Na versão criada pelo coreógrafo Paulo di Tarso a linguagem cênica possibilita a comunicação com o público, preservando o sentido lúdico da peça. Paulo só lamenta a falta de um espaço maior onde o espetáculo possa ser exibido.

- O desenvolvimento cultural de uma cidade é avaliado pelos espaços que ela dispõe para suas manifestações culturais e, infelizmente, em Montes Claros não existe um teatro que comporte um espetáculo mais elaborado. Apresentações em áreas abertas, em praças, são interessantes, mas o teatro é uma extensão do espetáculo.  Da mesma forma é importante a construção de espaços que possibilitem às comunidades mais carentes, de bairros mais distantes, o acesso a essas  manifestações – diz.

Fundado em Montes Claros no ano de 2001, o grupo Ditarso nasceu de um projeto-sonho que reuniu jovens ainda inexperientes, mas talentosos, em um processo intensivo de formação e informação.

- A ideologia do grupo é o respeito à individualidade. É o meio de conquistar a definição exata da identidade de cada um dos integrantes, uma soma de diferenças – explica di Tarso.

Ao instituir a companhia como empresa, ele diz que foi possível viabilizar não só a captação de recursos para a realização do projeto, mas também dar um importante passo para a sedimentação da companhia.

- O artista montes-clarense tem uma forte expressão artística, mas, hoje, para se estabelecer profissionalmente, é preciso mais do que isso. É preciso um aperfeiçoamento técnico, especialização e uma postura que não legitime certos conceitos que o rotulam. Em Montes Claros temos grandes talentos e um potencial artístico enorme, mas, por outro lado, não temos uma estrutura que possibilite o pleno desenvolvimento desses talentos, então eles permanecem como talentos. Buscamos capacitar os bailarinos para que possam desenvolver suas potencialidades e com a aprovação do projeto, além da formação técnica, a partir de agora também receberão salário fixo, o que lhes possibilitará uma dedicação ainda maior. Resta agora ganhar novas platéias e tentar ir além de Montes Claros – argumenta o coreógrafo.

ESPETÁCULOS

O primeiro espetáculo do grupo foi direcionado ao público infantil e estreou em novembro de 2001. Com patrocínio da ABB Medição de Água, Pedro e o Lobo foi assistido gratuitamente por cerca de 6 mil crianças ao longo de dois anos, fato inédito na região.

Durante esse tempo, na sala de ensaio, os bailarinos se desdobravam em improvisações e pesquisas, gerando material para o seu próximo passo: Três dias antes, três dias depois - primeira peça de dança contemporânea da companhia. O espetáculo, que estreou em agosto de 2003, é uma colagem de fragmentos criados pelos bailarinos e organizados por Paulo na construção e desconstrução de espaços, revelando universos pessoais e suas interseções.

Em 2004, ele investiu na criação de duas novas coreografias que, propositalmente, exigiam do grupo um grande desempenho técnico. O desafio foi aceito pelos bailarinos e, em maio de 2005, estrearam Cantos de lá e Gyneco, obras esteticamente divergentes, mas com um mesmo fundamento: o estudo de estruturas espaciais e musicais em uma dimensão contemporânea.

Segundo Paulo di Tarso, assim como os trabalhos anteriores, essas coreografias são peças complexas onde os elementos, cenário, figurino e luz têm valor próprio e são tratados com apuro na composição da obra.

- Hoje, o grupo Ditarso trilha o caminho que certamente o levará a sua consolidação como uma companhia estável, criativa e com identidade - conclui.

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