Aos quinze anos de idade, com
um livro publicado e se preparando
para uma nova publicação,
o menino Filipe diz que já sabe
o que quer ser por toda vida: escritor
Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Apesar da pouca idade, Filipe Santos Oliveira já sabe o quer fazer na vida: ser escritor.
Aos quinze anos de idade, com um livro publicado e vários poemas prontos para uma nova publicação, o menino Filipe diz que a literatura deu um novo sentido a sua vida.
- Desde criança sempre me achei mais maduro que a maioria das pessoas da minha idade e penso que essa maturidade veio da leitura – conta Filipe, que sempre teve a leitura como hobby.
Mesmo se preparando para cursar Medicina, Filipe diz que
a literatura é sua grande paixão (foto: ADRIANA QUEIROZ)
Filipe diz que na escola, na hora de participar da aula, costuma ter opinião bem definida sobre muitos assuntos, o que normalmente não é comum na sua idade.
- A gente aprende muito com a leitura, ganha experiência. Sou muito sensível a certas situações, fico indignado com outras, porque apreendi seu real significado através dos livros e pude discutir a respeito com as pessoas de meu convívio – argumenta.
Estudante da primeira série do Ensino Médio e se preparando para ingressar na faculdade de Medicina, Filipe diz que sempre sobra tempo para suas anotações.
- Comecei a escrever poemas aos 12 anos e aos 15 publiquei meu primeiro livro (Escutando o Vento, ed. Unimontes, 2006, 72 páginas). É claro que a linguagem desse livro é bem pueril, pois ainda era muito novo quando o escrevi, mas nele consegui expressar minhas inquietações, meus anseios. Inclusive tem poemas que falam muito de mim, de uma forma que nem sabia que era possível, pois nessa idade temos muitos conflitos de sentimentos, de emoções. Mas continuo escrevendo e, apesar de ainda ser bem jovem, percebo que tem mais maturidade em meus versos. Além do tempo, penso que venho aprendendo a perceber mais a vida e criando novas formas de expressar essas mudanças – diz.
Inspirado no cotidiano, o livro Escutando o Vento reúne 56 poemas onde o menino Filipe fala de suas inquietações pueris (em poemas como A Solidão, E Agora?, O Amanhã, Amores, Ainda quero viver, Momentos), de seu dia a dia (A Rua, Circuito Fechado ); seus amores (Você, A Menina, O Tempo, Lembranças, Amor Infinito); faz uma homenagem à menina Ana (Aninha); se preocupa com a questão ambiental (O Jardim, A Terra,Cadê?, O Homem, A Caça); e surpreendentemente, do alto de seus treze anos, expressa seus sentimentos de menino com uma força de quem vive com a imaginação de asas abertas, voando precocemente por mundos tortuosos - Imagino como o amanhã será na minha vida, se o sol vai brilhar, se as flores vão desabrochar, se a vida vai continuar (O Amanhã); chega a conclusões que poderiam evitar sofrimento – (...) todos vivem num só mundo feito por um só ser ... e o importante é aceitar as pessoas como elas são, pretas ou brancas, amarelas ou vermelhas (As Pessoas); e revela seus sonhos de um mundo melhor – quero sonhar com coisas belas, estupendas (...) quero sentir o sol e a brisa leve tocar meu rosto, quero viver (Ainda quero viver).
Filipe diz que, se pudesse, viajaria pelo mundo, conheceria muitos lugares que lhe servissem de inspiração para novos poemas, novos livros.
- O livro por si só já é uma viagem, mas quero ampliar meus horizontes, conhecer outros lugares e compartilhar essas experiências com as pessoas – explica.
O jovem escritor diz lamentar que muitos escritores usem o livro para produzir idéias que nem sempre são positivas.
- A publicação tem sido cada vez mais acessível para os escritores, o que é bom, mas infelizmente muitos usam essa facilidade para produzir obras que nunca deveriam ser publicadas, principalmente aquelas voltadas para os jovens, pois afetam seu comportamento, comprometendo a família, que considero um importante pilar da sociedade – lamenta Filipe, que diz que a família e tudo o que diz respeito a ela o intriga.
Filho de pai e mãe que atuam na área da saúde, Filipe diz que escolheu a Medicina por influência da família.
- Mas, seja qual for o caminho que vou seguir, a literatura sempre estará presente – conclui.
