EDUCAÇÃO

Novo perfil da pós-graduação no país

Estudo mostra que presença feminina é majoritária na pós-graduação

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Publicado em 05/06/2024 às 19:53.
Apesar das mudanças, a remuneração mais baixa de mestras e doutoras em relação aos colegas do sexo masculino com igual formação permanece. (Agência Brasil)

Apesar das mudanças, a remuneração mais baixa de mestras e doutoras em relação aos colegas do sexo masculino com igual formação permanece. (Agência Brasil)

O Brasil formou e empregou mais mestres e doutores em 25 anos, os cursos estão melhor distribuídos entre as regiões e há mais mulheres pós-graduadas.

No entanto, apesar das mudanças, permanecem assimetrias históricas como a remuneração mais baixa das mestras e doutoras em comparação aos colegas do sexo masculino com a mesma formação acadêmica e, ainda é baixa a proporção de pessoas com essas qualificações no conjunto da sociedade.

O retrato da pós-graduação no país está no estudo Brasil: Mestres e Doutores, produzido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com sede em Brasília.

Segundo o CGEE, há “clara evidência do processo de desconcentra-ção regional ocorrido na pós-graduação brasileira entre 1996 e 2021”. A Região Sudeste concentrava 62% do número de cursos de mestrado em 1996. Após 25 anos, essa participação caiu 20 pontos percentuais.

O mesmo fenômeno foi observado no doutorado. Em 1996, oito de cada dez cursos de doutorado estavam no Sudeste (79,2%). No mesmo intervalo de tempo, o peso da região caiu 29,6 pontos percentuais.

CARTEIRA ASSINADA 
As mudanças atingiram o mercado de trabalho formal. Em 2009, no Sudeste estavam empregados 55,1% dos doutores e 49,2% dos mestres. Em 2021, a prevalência de doutores na região permanece, mas deixa de ser majoritária, cai para 45,6% dos doutores empregados. No caso dos mestres com carteira assinada, a proporção caiu para 43,9%.

A redistribuição da pós-graduação no Brasil tem a ver com dois movimentos: a mobilidade de mestres e doutores, especialmente dos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, para estados de outras regiões e o aumento da formação local, que diminui a “importação” de profissionais com mestrado e doutorado. 

DESIGUALDADE 
A socióloga Fernanda Sobral, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) comemora a desconcentração, mas alerta para a queda recente da taxa de crescimento de cursos de pós-graduação. Entre 1996 e 2021, o número de programas de mestrado e doutorado passou de 608 para 4.691. O sucesso entre 2016 e 2021 foi menos intenso, no entanto. 

Ela também destacou a remuneração mais baixa paga as mulheres tituladas. Em 2021, a remuneração média das mulheres com mestrado era de R$ 10.033,95 – 26,7% menor do que recebiam os homens com a mesma formação. No caso das doutoras, a remuneração média naquele ano era de R$ 14.782,68 – 16,4% abaixo do que ganhavam os doutores.

Um detalhe importante: a presença feminina é majoritária na pós-graduação. “A partir de 1997, as mulheres passaram a ser maioria entre os titulados em mestrado., A partir de 2003, elas também passaram a ser maioria entre os titulados em e doutorado. A participação de mulheres no total de títulos de mestrado e de doutorado em 2021 foram, respectivamente, 13,6 e 11,2 pontos percentuais maiores do que as participações de homens.”

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