Pelo quinto ano consecutivo o projeto volta a Montes Claros, promovendo a aproximação dos leitores com grandes nomes da literatura brasileira

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Com objetivo de incentivar a descoberta da leitura e promover o conhecimento da vida e obra de importantes nomes da literatura brasileira, pelo quinto ano consecutivo, o projeto itinerante Tim Estado de Minas Grandes Escritores volta a Montes Claros, dessa vez apresentando o frade dominicano e escritor Frei Betto.

O escritor profere palestra no Palavras e Idéias, projeto da secretaria municipal de Cultura, no próximo dia 27 de agosto, às 20h, na sala Cândido Canela do Centro Cultural.

O Tim Estado de Minas Grandes Escritores foi idealizado pelo professor Marcelo Andrade, de Viçosa, em 2002. Abarcado pelo jornal Estado de Minas pela empresa de telefonia Tim, ganhou projeção estadual, levando escritores de renome nacional a cidades do interior do estado, além de Belo Horizonte, em parceria com prefeituras, fundações, secretarias de cultura, universidades e  escolas.

(foto: divulgação)

De acordo com os organizadores, em seu primeiro ano, o projeto teve a participação de oito escritores e foram proferidas 26 palestras em 11 cidades. Em 2003, a participação foi ampliada para 12 escritores e ministradas 42 palestras em 18 cidades. Em 2004, 12 escritores proferiram 34 palestras em 19 cidades. Entre 2005 e 2006, nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo foram 13 escritores em 71 palestras, percorrendo 41 cidades. Em novembro deste ano, o programa também deve chegar aos estados da Bahia e Sergipe.

Na primeira etapa, o programa levou escritores brasileiros às cidades participantes, promovendo o encontro com o público através de palestras. A partir de 2003, o programa foi ampliado e, para sedimentar sua proposta de incentivar a leitura, passou a doar livros para bibliotecas públicas das cidades visitadas.

Os dados contabilizam, segundo os organizadores, a entrega de 12.135 em Minas Gerais e 1.450 nos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

Em Montes Claros, são contempladas as bibliotecas Professor Antônio Jorge, da Unimontes, e a biblioteca pública municipal Doutor Antônio Teixeira de Carvalho.

Segundo o encarregado do setor de gerência e projetos das bibliotecas públicas municipais, Guilherme Rodrigues, as bibliotecas recebem, a cada visita, a doação de 40 a 80 livros de todos os escritores participantes do projeto.

- Além da melhoria do acervo das bibliotecas, principalmente em romances, poesias, contos e crônicas de nomes de expressão da literatura brasileira, as obras contribuem para o reconhecimento e interpretação da arte literária por professores e estudantes, que têm, ainda, a oportunidade de conhecer e falar como os autores durante as palestras – explica Guilherme.

Participante do projeto desde a primeira edição, Montes Claros recebeu, nesses cinco anos, a visita de nomes como Roberto Drummond, Zuenir Ventura, Adélia Prado, Afonso Romano de Sant´Anna, Carlos Herculano Lopes, Alcione Araújo, Nelson Motta, Bartolomeu Campos de Queiroz, Roberto Da Matta, Rose Marie Muraro, Marina Colasanti, entre outros.

O Palavras e Idéias acontece no próximo dia 27 de agosto, às 20h, na sala Cândido Canela do Centro Cultural Dr. Hermes de Paula, com palestra de Frei Betto. A entrada é gratuita.

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FREI BETTO

Quando jovem frade dominicano, Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, esteve envolvido com as lutas revolucionárias de seu tempo, com a política e a arte. Militante de esquerda, simpatizante da luta armada, se dividia entre os estudos de filosofia, o jornalismo e a assistência de direção de José Celso Martinez Corrêa na histórica montagem de O rei da vela, pelos idos de 1967. Frei Beto nasceu em Belo Horizonte (MG), em 24 de agosto de 1944. Estudou jornalismo, antropologia, filosofia e teologia e se consagrou como escritor com inúmeros livros de sucesso, dentre eles Fidel e a Religião (1985), coletânea de entrevistas com o líder cubano, que vendeu milhões de exemplares no Brasil e no exterior.

Em 1982 ganhou o prêmio Jabuti, principal prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, por seu livro de memórias Batismo de Sangue. No mesmo ano foi eleito Intelectual do Ano  pelos escritores filiados à União Brasileira de Escritores, que lhe deram o prêmio Juca Pato pela obra Fidel e a religião. Em projeto promovido pela revista Isto É, foram elaboradas listas com os 30 nomes de personalidades de maior destaque em cada área, que mais influenciaram o século XX no Brasil, e tiveram suas biografias publicadas em doze fascículos, Frei Betto foi eleito o Brasileiro do Século na categoria Religião, com 34,58% dos votos dos leitores.

Com A noite em que Jesus nasceu (Editora Vozes) ganhou o prêmio de Melhor Obra Infanto-Juvenil, de 1998, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 2005, o júri da Câmara Brasileira do Livro premiou-o mais uma vez com o Jabuti, na categoria Crônicas e Contos, pela obra Típicos Tipos - perfis literários, além de dezenas de prêmios por seu trabalho em favor dos Direitos Humanos.

Foi coordenador da Anampos - Articulação Nacional de Movimentos Populares e Sindicais, participou da fundação da CUT - Central Única dos Trabalhadores e da CMP - Central de Movimentos Populares. Prestou assessoria à Pastoral Operária do ABC, ao Instituto Cidadania e às Comunidades Eclesiais de Base, em São Paulo. Foi consultor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e, em 2003 e 2004, atuou como assessor especial do presidente da República e coordenador de Mobilização Social do Programa Fome Zero.

Seus livros mais recentes são A mosca azul – reflexão sobre o poder (2006) e Calendário do poder, lançado no último mês de junho. (Pesquisa na Net).