Educação

Montes Claros realiza formação em direitos humanos e diversidade

Educadores e comunidade LGBTQIAPN+ debatem inclusão e evasão escolar

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 08/09/2025 às 13:16.

Na última semana, a primeira formação de educadores em Direitos Humanos e Diversidade foi realizada em Montes Claros, visando fortalecer uma cultura de respeito, igualdade e inclusão no ambiente escolar. O encontro, realizado no auditório da AMAMS, reuniu servidores da educação, representantes da comunidade LGBTQIAPN+ e autoridades municipais.

Uma das palestrantes, a socióloga Daliana Antônio, professora da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), ressaltou a importância do letramento LGBTQIAPN+ como instrumento para reconhecer identidades de gênero e orientações sexuais no espaço educacional. “O letramento diz respeito a nomes que vão sendo denominados conforme entendemos que as masculinidades e feminilidades são pensadas a partir dos papéis sociais. Isso está conectado com as formas de vida que projetamos para o bem-estar e a felicidade de cada população”, explicou.

Segundo ela, compreender a diversidade é fundamental para melhorar a relação entre professores e estudantes. “Quando conseguimos conversar e explicar as dificuldades, os profissionais ficam mais abertos e passam a entender melhor seus alunos. Pensar em direitos humanos também é reconhecer que o Brasil é signatário de acordos mundialmente reconhecidos, e a escola precisa acompanhar essas transformações”, acrescentou.

A professora chamou a atenção ainda para a evasão escolar de estudantes LGBTQIAPN+. “É sabido, pelos relatos, que muitas violências impactam a permanência desses alunos. Não temos levantamentos completos, mas é evidente que o não reconhecimento gera efeitos diretos. Precisamos avançar em políticas públicas locais, já que ainda não existe em Montes Claros um comitê ou coordenação específica para essa população”, afirmou.

A universitária Marina Morena de Souza, de 21 anos, também compartilhou sua experiência. “Onde eu morava, em Ouro Preto, era um tabu falar sobre sexualidade em sala de aula. Eu nunca cheguei a discutir com professores ou me abrir em relação a isso, até porque descobri mais nova, com uns 11 anos, e nem com meus pais podia falar sobre isso direito”, contou.

Ela destacou que, muitas vezes, discursos religiosos reforçavam padrões heteronormativos, dificultando a liberdade de expressão. “No PIBID [Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência], onde estou dando aula, eu vejo várias alunas em sala de aula com mais liberdade para falar sobre isso. E os professores de história trabalham temas relacionados à diversidade, tentando diminuir o preconceito entre os alunos, apesar de ainda ser muito presente”, relatou.

Para ela, o papel do educador é fundamental. “Acho que ele tem que intervir, falar que isso é errado, que muita coisa está mudando e que não é mais legal pensar dessa forma. Tentar introduzir nos alunos uma nova ideia é essencial”, defendeu.

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