Paula Machado
Repórter
Hoje, dia 11 de outubro comemoramos o Dia nacional das pessoas portadoras de necessidades especiais. De acordo com a lei prevista no artigo 208 da Constituição, a participação dos portadores de deficiência no sistema educacional brasileiro é outro passo para a efetiva integração do aluno. Educação e cultura são condicionantes para evitar a exclusão social. As escolas e universidades de Montes Claros já estão se adaptando a essa realidade.
Tanto a Funorte, como a Unimontes adaptaram-se às normas do ministério da Educação, com estrutura adequada para receber os portadores de necessidades especiais, visando o bem-estar de seus alunos.
O coordenador de Educação da Funorte, Pedro Almeida diz que as instituições de ensino têm o dever de promover a acessibilidade a todos.
- O vestibular da Funorte tem um procedimento específico, desde que no momento da inscrição as pessoas especifiquem suas condições para que a comissão de vestibulares providencie adaptações, garantindo que o candidato tenha todas as possibilidades de executar uma boa prova – garante Pedro Almeida.
A bioquímica e também estudante de Medicina na Unimontes, Maria Alice Palmas Avelar aprova a estrutura da faculdade em que estuda.
Alice Palmas:
- A felicidade e o sucesso estão nas mãos deles
- A minha faculdade tem toda uma estrutura para receber portadores de necessidades especiais, como eu. Não possuo dificuldade nenhuma de locomoção pelas imediações da faculdade e nenhuma dificuldade em estudar. As salas são amplas, existem várias rampas de acesso espalhadas pela universidade e os banheiros são adaptados.
Ela revela que não teve problemas para se adaptar em sala e diz que a pessoa com necessidades especiais tem que dar valor a si mesmo, buscar o conhecimento e aprofundar na prática.
- Sempre haverá lugar para todos no mercado de trabalho, independente da condição física de cada indivíduo. O que leva ao sucesso é a determinação. O compromisso de cada um – afirma Maria Alice.
- Quero aproveitar a reportagem e deixar um recado para os deficientes eleitores, para que não acreditem em falsas promessas, não acreditem em canditados que usam da má fé para se eleger; não vote em canditados ficha suja e acreditem que cada um tem o seu valor, a sua força, basta crer, e buscá-las. Não é ganhando lona preta ou visita eleitoreira do candidato na sua casa que você vai ser alguém na vida. Você não precisa disto. Valorize o seu voto.
CONQUISTAS
Uma das conquistas garantidas por lei é a presença de tradutores de Libra, a segunda língua oficial brasileira, nas escolas e universidades da cidade. E movida por essa preocupação, a escola estadual Gonçalves Chaves disponibiliza atendimento especial aos seus nove deficientes auditivos.
Lá, a intérprete de Libra, Débora Botelho Costa é a responsável por levar as informações às crianças com deficiência auditiva.
Ela explica que no início foi um pouco complicado ensinar na escola, porque as crianças surdas tinham uma resistência maior e um preconceito contra as crianças sem deficiência auditiva.
Débora Costa afirma que a deficiência não é determinante para a exclusão social
(fotos: FABIOLA CANGUSSU)
- Antigamente as crianças surdas eram mandadas às escolas especiais e conviviam somente com pessoas portadoras de necessidades especiais, não tinham um contato maior com a sociedade – explica ela.
Segundo Débora, a realidade da escola hoje é diferente. Os alunos se interessam em aprender Libra para se comunicarem com seus coleguinhas surdos. E as crianças surdas, estão se adaptando mais facilmente à sociedade a que estão inseridas.
- A língua Libra é muito importante porque permite conversar e aprender mais sobre os surdos. Antigamente eles eram descriminados e sofriam muito. Eram chamados de incapazes, pois a fala era associada à inteligência. E hoje vemos que as coisas não são dessa forma. Eles não falam porque não escutam, mas são capazes de realizar as mesmas coisas que uma criança ou adulto sem necessidades especiais.
HARMONIA E AUTONOMIA
Na escola, segundo Débora, a relação das crianças com deficiência auditiva com as demais é totalmente saudável.
- Há uma relação de amizade e coleguismo. Eles brincam, conversam entre si através da escrita ou da mímica – revela Débora.
Segundo a intérprete da escola Gonçalves Chaves, Débora Botelho Costa, antigamente os surdos eram muito dependentes dos intérpretes, para realizar suas tarefas diárias, principalmente os adultos. Mas que com o tempo essa realidade mudou para melhor.
- Eles aprendem que é necessário tentar tomar as rédeas da própria vida, sem auxílio dos intérpretes. Vejo que a dependência está diminuindo e que eles têm autonomia para cuidar de si mesmos – afirma Débora.
De acordo com a intérprete, as crianças da escola compram seus lanches e vão à biblioteca até sozinhas.
