Especial

Lei de Cotas realiza sonhos de alunos carentes da região Norte

Sistema completa 10 anos na segunda (29) e é celebrado por estudantes que já garantiram vaga e por quem ainda sonha com a universidade

Larissa Durães
Publicado em 25/08/2022 às 22:56.
Estudantes do ensino médio visitam o campus da Unimontes, que esperam frequentar em breve (LARISSA DURÃES)

Estudantes do ensino médio visitam o campus da Unimontes, que esperam frequentar em breve (LARISSA DURÃES)

Uma caminhada pelos corredores da Unimontes, em Montes Claros, fez aumentar ainda mais o sonho do jovem Kauê Ferreira de Sousa, de 16 anos, em conquistar um diploma. Sonho reforçado pela Lei de Cotas, que facilitou o ingresso de pessoas de minorias raciais e de baixa renda à universidade pública. E completa 10 anos na próxima segunda (29).

Acompanhado por um grupo de colegas, ele foi visitar o local onde pretende estudar em breve. Mesmo sendo de uma família de baixa renda, sem muitas condições de investir nos estudos para ter um futuro melhor.

“Viemos aqui conhecer as instalações da Unimontes, visando aprender um pouco mais para ver a questão das oportunidades do Enem que vamos fazer este ano, pra gente poder entrar pela cota. O meu sonho é muito grande, se Deus quiser, vou conseguir realizar, que é o de cursar direito aqui”, comentou. 

A importância da possibilidade de entrar em uma universidade pelo sistema de cotas é muito grande para os jovens de uma comunidade como a de Kauê.  

“A minha comunidade se resume em famílias pobres, de baixa renda. Nossos pais não tiveram a oportunidade de entrar em uma universidade”, contou. 

Quem já está aproveitando esta possibilidade é o estudante de odontologia Maicon Douglas Teixeira Santos, de 19 anos. Ele garantiu a vaga por meio do Sistema de Seleção Unificada (SISU).

“A cota tem que existir, porque vivemos em um sistema capitalista onde, infelizmente, nem todo mundo tem condição de crescer. E se a gente for olhar a história, a escravidão não tem nem 200 anos que acabou. As marcas ainda estão aí, e as pessoas que são remanescentes disto, estão atrasadas alguns anos, precisam de oportunidades que lhes foi negada antes. E eu estou aproveitando”, disse.

De acordo com o pró-reitora da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) Andrea Jakubaszko, no que diz respeito a qualidade de ensino, o fato das universidades federais terem cedido 50% das vagas para o público minoritário, como, 45% (quarenta e cinco por cento) das vagas para candidatos de baixa renda que sejam egressos de escola pública, sendo parte dessas vagas reservadas para negros e indígenas e 5% (cinco por cento) das vagas para pessoas com deficiência, não alterou, como pensam alguns, o nível de ensino destas universidades. 

Para Andrea, o que mudou foi o acesso pensando principalmente nas grandes federais, porque a Unimontes, querendo ou não, sempre teve por natureza uma vocação de integração regional – são 12 campi espalhados pelo Norte de Minas.

“Sempre tivemos pessoas negras e egressas de escolas públicas tendo que concorrer pela modalidade da ampla concorrência ingressando na universidade. O que ocorre hoje é a possibilidade dessas pessoas entenderem que por conta de uma via facultada a elas direta, elas têm direito a esse lugar. Algo que antes poucos ousavam arriscar”, ressaltou a pró-reitora.

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