Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Com diferentes conceitos estéticos, mas com as mesmas
estruturas espaciais e musicais, a companhia de dança
Ditarso apresenta as peças Gyneco e Cantos de lá
(foto: divulgação)
É hora de Montes Claros outra vez se encantar com os espetáculos Gyneco e Cantos de lá, apresentados pela Companhia de dança Ditarso. Estreadas em 2005, com direção do bailarino e coreógrafo Paulo di Tarso, as duas peças de dança contemporânea são obras esteticamente divergentes, mas com o mesmo estudo de estruturas espaciais e musicais, em uma dimensão, onde cenário, luz e figurino têm valor próprio e são tratados com apuro.
Nos espetáculos desse final de semana o grupo Ditarso apresenta ao público o amadurecimento das coreografias que exploram diferentes conceitos estéticos, o alto nível de desempenho e o entusiasmo dos bailarinos com o resultado de seu esforço, reafirmando sua criatividade na exploração do complexo universo da dança.
CANTOS DE LÁ
Inspirada nas canções portuguesas do grupo Madredeus, que criam uma atmosfera de erudição e modernidade, e nas especificidades de cada bailarino, base em que se firma toda a criação da companhia, a peça tem linguagem do ballet clássico, reinventada no corpo de cada intérprete, atribuindo ao todo uma estética contemporânea que delineia o belo de forma atual e sofisticada.
GYNECO
A coreografia é uma abstração que aproxima o homem moderno do seu ancestral primitivo através da linguagem do movimento. Fortemente influenciada pelo ritmo das pinturas rupestres, a peça expõe a realidade física do ser, levando-o ao limite na necessidade de vivenciar todas as suas possibilidades corpóreas. É um espetáculo forte e com uma construção cênica refinada.
GRUPO DITARSO
Fundado em Montes Claros no ano de 2001, o grupo Ditarso reuniu jovens ainda inexperientes, mas talentosos, em um processo intensivo de formação e informação atrelado ao propósito de tratar a arte-dança com seriedade e atitude profissional. Segundo Paulo di Tarso, a ideologia do grupo é o respeito à individualidade, somando diferenças e semelhanças, de forma que cada um dos integrantes possa encontrar sua própria definição.
PAULO DI TARSO
Depois de integrar o Corpo de Baile do Teatro municipal de São Paulo, onde trabalhou com coreógrafos reconhecidos no cenário mundial, como Victor Navarro, Luiz Arrieta, Oscar Arraiz, Suzana Yamauchi, Sônia Motta entre outros; de desenvolver seu potencial como bailarino do Grupo Corpo, companhia mineira que figura como melhor grupo de dança contemporânea do País; e de conhecer o universo da dança-teatro da Alemanha, Paulo di Tarso decide desconstruir os conceitos até então apreendidos para encontrar uma nova identidade, algo que acalmasse sua alma irrequieta e inventiva. De volta ao Brasil, já trilhando o caminho como coreógrafo, cria a peça Eros Tanatos e Rosas, em parceria com o studio de ballet Jaqueline Pereira, e As Canções do Roberto e Diabaram, em parceria com o ballet de Câmara. Depois de criar sua própria companhia, o grupo Ditarso, produz Pedro e o Lobo, peça de dança voltada para o público infantil, que nos anos de 2001 e 2002, incentivada pela Lei Roanet, foi exibida gratuitamente para mais de 6.000 crianças da rede municipal de ensino de Montes Claros e, em dezembro do ano passado, foi aprovada pela Lei estadual de incentivo à Cultura, que possibilita a dedução de até 80% do investimento no ICMS, e nesse ano será apresentada em praças públicas de pequenas cidades do Norte de Minas. Com sua companhia, Paulo di Tarso produziu, ainda, Três dias antes, três dias depois - primeira peça de dança contemporânea da companhia, Cantos de lá e Gyneco, dentre outros.
CANTOS DE LÁ E GYNECO
O espetáculo acontece neste sábado, dia 8, às 21 horas e domingo, dia 9, às 18 horas, no centro cultural Hermes de Paula. Os ingressos custam R$ 10.