Jerúsia Arruda
Repórter
Quem passar pelos viadutos do Roxo Verde e Morrinhos, na região central de Montes Claros, terá um motivo a mais para reduzir a velocidade ou até fazer uma pequena parada. É que no último sábado, o abandono e a sujeira foram substituídos por uma profusão de cores e mensagens variadas, com as ilustrações produzidas por grafiteiros e pichadores, ganhando novos ares.
O trabalho faz parte do projeto 150 Expressões, deflagrado no último sábado, 23, reunindo artistas urbanos, os conhecidos grafiteiros e pichadores, que vai transformar muros e paredes de locais públicos em telas para obras de arte.
O projeto 150 Expressões reúne artistas urbanos, os conhecidos grafiteiros e pichadores, que vão transformar muros e paredes de locais públicos em telas para obras de arte (foto: WILSON MEDEIROS)
A iniciativa, além de valorizar a arte e os artistas de rua, oferecendo, especialmente aos jovens, uma oportunidade de apresentar seu trabalho sem causar danos ao patrimônio público, estimular jovens grafiteiros e pichadores a se desenvolverem artisticamente, aprimorando suas formas de expressão, vai contribuir para o embelezamento da cidade e ajudar na revitalização de locais degradados ou deteriorados pela ação do tempo.
Os primeiros locais a se beneficiarem do projeto foram os viadutos do Roxo Verde e Morrinhos, que tiveram suas paredes cobertas pela street art, inspirada em elementos da cultura local, e também em comemoração ao sesquicentenário de Montes Claros – daí o título 150 Expressões.
O projeto realizado pela prefeitura de Montes Claros e coordenado por Fábio Neves Nunes, envolve vários grafiteiros da cidade.
De acordo com Fábio Neves, que também integra a equipe de grafiteiros, o projeto será desenvolvido em etapas.
- Nessa primeira etapa, foram ilustrados os dois viadutos. No dias 01 e 02 de março, vamos receber grafiteiros de várias regiões do Brasil, como Belo Horizonte e São Paulo, que virão a Montes Claros para nos ajudar a transformar outros locais – diz o coordenador, que também é líder do movimento hip hop da cidade.
GRAFITE
Considerado uma arte revolucionária por natureza, o grafite foi definido pelo escritor Norman Mailler como uma rebelião tribal contra a opressora civilização industrial. Seja pelo seu caráter de contestação ou por seu impulso transformador, o grafite possui a qualidade de comunicar por seus riscos rápidos e tão urgentes como o ritmo urbano, expressando em seus traços toda uma cultura de rua, ligado a movimentos como o hip hop, ricos em conteúdos que falam do cotidiano da própria cidade.
O grafite chegou ao Brasil na época da ditadura, com as marcas de protesto nos muros. Sempre ligados a uma ideologia ou expressão cultural, os grafiteiros de ontem são os artistas urbanos de hoje.
Para entender o conceito dessa expressão artística que faz parte da história cultural do país, basta dar uma volta pelos viadutos da cidade, que estão se transformando em verdadeiras galerias.