Paula Machado
Repórter
Para quem pensava que somente em época de férias as locadoras ficavam cheias, se enganou. A procura por filmes tem aumentado cada vez mais na cidade. O interesse entre crianças, jovens e universitários cresceu e isso se deve a forma com que professores vêm trabalhando dentro das salas de aula.
A funcionária Anne Katherine Teixeira trabalha numa locadora situada no Morada do Parque, e afirma que vários estudantes têm procurado as locadoras para assistir a filmes indicados pelos professores.
- No primeiro semestre, professores, tanto universitários como do segundo grau indicaram títulos e gêneros variados para serem analisados pelos estudantes, provocando um grande aumento no período letivo – explica.
O funcionário da locadora Rick’s vídeo, Paulo Roberto Ramos Dias, também é da mesma opinião de Anne, e salienta ainda que os filmes procurados são de diversos gêneros e de acordo com a escolaridade.
- Muitos alunos e universitários procuram filmes em nossa locadora para poder realizar um trabalho ou até mesmo rever um filme que foi aplicado em aula. Os filmes que saem muito são filmes épicos como O gladiador, Alexandre o grande. Mas os dramas têm maior saída, como por exemplo, uma lição de amor. Normalmente várias escolas como o colégio Marista São José, Antônio Figueira, Antônio Pimenta entre outras – afirma Paulo.
CULTURA
Essa abordagem garante aos alunos uma forma mais interessante de aprendizado, atrai e prende a atenção deles para o assunto tratado no filme. Os professores do colégio Marista São José simpatizam com os filmes que são exibidos em sala de aula.
- Utilizo muito os filmes em sala. Sobretudo em redação. Sempre dá para tirar um tema do filme, um assunto polêmico, provoca um debate sobre os temas que ele aborda. É muito importante também na disciplina de literatura, pois existem muitos filmes relacionados a obras, como por exemplo, O auto da compadecida. Mas há uma diferença entre o filme e o livro. Procuro sempre manter a relação entre um e outro – afirma Haroldo de Souza Prates, professor de redação e literatura do colégio São José.
DEBATE
Após os filmes, professores e alunos costumam discutir em sala o que aprenderam com os mesmos.
- É uma forma muito legal de aprender. Dinamiza as aulas, elas se tornam mais interessantes e divertidas. Acredito que os filmes são mais que uma ilustração das matérias vistas em sala de aula. Serve também como diferencial para fugir daquelas aulas à base de cuspe e giz. – afirma Hayslanne Araújo, 20 anos, universitária do 6º período de Jornalismo das faculdades Crecih Funorte.
- O uso do filme como material pedagógico é sempre bem vindo, em todas as atividades. Para o Português ele tem muita utilidade, pois trata da linguagem na atualidade. Eles ajudam tanto em Português como em História, Geografia, Religião e em demais matérias. Os alunos gostam muito desses tipos de aulas – explica a professora de Português do colégio Marista, Carla Cristine Gomes.
APOIO
Para o jornalista e coordenador do curso de Comunicação Social do Crecih Funorte, Elpídio Rocha Neto, os meios de comunicação de massa já são utilizados como instrumentos de apoio e suporte pedagógico nas instituições de ensino - de escolas a universidades. E essa “utilização” já acontece há um bom tempo. O cinema, com sua junção de imagens, sons e narrativa, é bem atraente para conquistar a atenção do estudante e oferecer uma mistura de informação e entretenimento.
- Só vale a pena usar um filme em sala de aula de houver uma discussão ou análise do mesmo orientada pelo professor. Tem que evitar o uso do filmes como um elemento “tapa buraco”, que é apenas exibido e esquecido. É preciso que o professor conheça o filme e saiba usá-lo para ilustrar e estimular o debate em aula. O filme não funciona “sozinho”, precisa de um roteiro de estudos ou de uma discussão para que os estudantes possam entendê-lo e analisá-lo com contexto de aprendizado, de aquisição de conhecimentos - afirma ele.
- Assisti à um filme chamado O Óleo de Lourenzo, um filme passado por professores da minha faculdade o qual achei muito interessante. Além de ter servido a mim e a minha turma com uma nova forma de aprendizado, acredito que marcou. No filme os personagens demonstram dedicação, perseverança, esperança, força de vontade, é uma lição de vida. Gostei muito – diz o estudante de Educação Física da Funorte, Érico Marcos Ribeiro.
O aluno Érico mantém aceso o interesse pelos filmes
(foto: XU MEDEIROS)
De acordo com Elpídio, os filmes são importantes porque, de certa forma, já contam com o interesse do estudante que já assiste filme em casa ou no cinema. É um instrumental importante para a ação didática do professor. Mas tem que ser usada de forma contextualizada e planejada pelo professor. Filmes que são exibidos em sala apenas para ocupar o horário, de forma isolada e sem planejamento não surtem efeito.
JORNALISTA RECOMENDA
Elpídio Rocha fez uma lista de filmes que recomenda para estudantes, principalmente universitários. Para os professores, uma idéia do que se pode apresentar em sala de aula e que despertaria o interesse dos alunos.
Carlota Joaquina - discutir sobre a chegada da Família Real no Brasil e o processo histórico porvocado por essa mudança.
O Nome da Rosa - para discutir a questão da religiosidade na Idade Média.
1492 - A Conquista do Paraíso - abordar questões da descoberta da América por Cristovão Colombo.
Pra Frente Brasil - discutir a repressão política no Brasil de 1970.
Central do Brasil - discutir o recorte geográfico, sociológico e humano que o filme apresenta do país.
Guerra de Canudos - discutir a questão de Antônio Conselheiro.
Zuzu Angel - novamente a questão da repressão durante o regime militar.
