Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Os grupos Consciência Negra Tambores dos Montes, Unegro, Capueirando e Núcleo de combate ao Racismo (Grucom) promovem no próximo dia 6 de maio, o I Festival de Cultura e Arte Negra - Fecan.
Segundo os organizadores do Festival, é simples falar em igualdade de direitos e de raças, mas é preciso perguntar o que está sendo feito para que isso, de fato, possa ser alcançado. No Brasil os negros, que são maioria da população, continuam à margem da sociedade, lideram os piores indicadores, compõem as classes sociais mais baixas e possuem os menores níveis de escolarização. De acordo com o coordenador do primeiro Fecan, Hilário Bispo, o Festival visa promover um debate sobre essas questões e a expectativa é de que a sociedade assimile a proposta do movimento.
BUSCANDO A IGUALDADE
O mundo comemorou no dia 21 de março o dia internacional de combate ao Racismo, mas é preciso que haja um o avanço das políticas de conscientização contra o preconceito para que essa comemoração tenha sentido. No Brasil muito já se avançou, porém ainda há muito a caminhar para que se conquiste a igualdade racial e social.
O projeto de lei que institui o Estatuto da Igualdade Racial trata de políticas públicas de combate ao preconceito e ao racismo, que valorizam os afro-brasileiros, maioria no país com propostas para educação, saúde, trabalho, mídia, terra, moradia e cotas.
Outro avanço foi a criação da secretaria especial de Promoção da Igualdade Racial pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decretando 2005 como o ano nacional da Igualdade Racial.
ESTATÍSTICAS
Pesquisa recente da associação nacional dos dirigentes das instituições federais de ensino superior (Andifes) demonstra que a política de cotas para as universidades públicas é uma necessidade. Por sua vez, o Programa das nações unidas para o desenvolvimento (PNUD), ao divulgar ano passado o Atlas Racial do Brasil, apresentou dados revelando que os negros são 65% dos pobres e 70% da população de indigentes. Pesquisas mais recentes indicam ainda que é de apenas 2% o número de negros nas universidades. Outro estudo, realizado pelo instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais Anísio Teixeira (INEP), demonstra que o número de brancos nessas instituições é 20% superior à sua participação na composição da população com um todo.
QUESTIONAMENTO
O coordenador do Fecan diz que o movimento quer promover um questionamento sobre a eficácia das cotas e o espaço conquistado pelo negro.
- Com o I Fecan queremos iniciar um trabalho de conscientização, discutir as cotas nas universidades, o desempenho do negro no mercado de trabalho e na cultura. Nesse ano estamos completando 118 anos da abolição da escravidão no Brasil e esta data não é para ser comemorada, mas transformada em um dia de luta contra o preconceito, que afeta não apenas os negros, mas também as mulheres e as crianças - argumenta Hilário Bispo.
PARCERIAS
O Festival conta com apoio da prefeitura de Montes Claros, através da secretaria de Cultura, Unimontes, Sesc e Instituto de Medicina, Engenharia e Segurança do Trabalho (Imest).
PROGRAMAÇÃO
O I Festival de Cultura e Arte Negra será de 06 a 14 de maio. A programação inclui oficinas de Dança de rua, com os oficineiros Adenilton Ferreira e Maurício Lopes; Percussão, com Zé Maria; Grafite, com Wender Miranda e Damácio Santos; Dança Afro, com Luciano de Jesus e Artes Plásticas, sob a orientação de Biolla.
A abertura será no Centro Cultural Hermes de Paula. As palestras e oficinas acontecem no Sesc, Casa do Tambor e Unimontes. As inscrições para as oficinas são gratuitas e podem ser feitas na secretaria municipal de Cultura.