O escritor mineiro José Jarbas Oliveira Silva lança o livro Fantaspalho, o super-herói que o Brasil precisa para livrá-lo da imagem de terra de ladrões e corruptos que o resto do mundo tem a seu respeito
Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Imitar ou não imitar, eis a questão. Em pleno século 21, tempo que alguns teóricos consideram pós-moderno, parafrasear o dramaturgo inglês William Shakespeare em sua célebre tragédia Hamlet ainda nos é permitido, já que a intertextualidade nos proporciona a possibilidade de (re)elaboração dos ditos e escritos.
Mas para aqueles que foram formados do barro lavado pelo Jequinhonha, ninados pelo canto das lavadeiras e cresceram ouvindo histórias terríveis e intrigantes como a do bicho da carneira e outras tantas, inovarem na linguagem e reinventar na forma de contar o que todos já sabem e que nem sempre se dão conta é um desafio diário, já que o meio em que vivem propõe, a cada dia, a reinvenção de si mesmo para sobreviver às intempéries e agruras, típicas da região. E afinal, se a cultura é o patrimônio de um povo, não poderia ele fazer o uso que melhor lhe convier?
Pois foi bem assim que o escritor mineiro de Taiobeiras, José Jarbas Oliveira Silva decidiu fazer em seu livro Fantaspalho, lançado na noite da última quarta-feira em Montes Claros.
Jarbas diz que Fantaspalho, a quem chama de opúsculo literário - por ser de pequeno porte, apenas 88 páginas, em formato 11,5 x 16 cm, permitindo que os jovens se interessem pela sua leitura, pois seu conteúdo é também didático – é a concretização de seu imaginário, de criar um super-herói brasileiro que tenha a mesma malandragem dos que estão por aí respondendo pelo país, sem, entretanto, ser corrompido como esses.
Segundo o autor, o livro é uma proposta de combate à corrupção, onde ensina aos brasileirinhos que o que acontece no Brasil atualmente não é correto, para que não cresçam com os valores invertidos. Fantaspalho, para ele, é o super-herói que o Brasil precisa para livrá-lo da imagem de terra de ladrões e corruptos que o resto do mundo tem a seu respeito.
Escritor, contabilista formado em Economia e Finanças e acadêmico de jornalismo, José Jarbas, 55 anos, lançou seu primeiro livro em 2005 - Memória de Uma Vida - onde conta a trajetória de sua família desde Comercindo Bruno, no Vale do Jequitinhonha, passando por Taiobeiras, sua cidade natal, até Montes Claros, onde reside há 54 anos.
Com produção independente e apresentação da escritora montes-clarense Ruth Graça, Fantaspalho é uma peça de ficção, com uma pitada de surpresa, um outro tanto de humor, e vocabulário simples para que, segundo o autor, o adolescente não tenha preguiça de ler.
O livro conta a história da jornalista Júlia, recém-formada, logo, sem a malícia que a profissão exige, e de um acadêmico do curso de Biofísica que, ao fazer uma experiência, se torna invisível. Os dois se aliam no trabalho de denúncia da corrupção que grassa no país.
Jarbas diz que o livro é uma homenagem aos jornalistas, profissionais que tanto admira pela forma intensa como desenvolve seu trabalho. Segundo ele, por causa desse anseio de escrever, de participar do cotidiano das redações, se matriculou no curso de Jornalismo.
LANÇAMENTO
O lançamento do livro Fantaspalho aconteceu no Montes Claros Shopping, com presença de cerca de 100 pessoas, além dos curiosos que passeavam pelos corredores e paravam para conhecer autor e obra.
Na abertura, a escritora Ruth Graça apresentou o autor e falou da importância do livro para a formação consciente dos jovens e adolescentes em relação à situação política que o país está vivendo e seu papel como cidadão para mudar essa conjuntura. Em seguida, Jarbas agradeceu a presença de todos e falou sobre a concepção do livro na visão do autor, dizendo que sua maior preocupação é evidenciar o caos que o Brasil está vivendo, principalmente na política, e a necessidade de tornar essa realidade de conhecimento público. Ele disse que escolheu como personagem uma jornalista para prestar uma homenagem à imprensa brasileira, que tem trazido à tona essa realidade, contribuindo para o combate à corrupção.
- O livro é como um novo filho que nasce e o apoio dos amigos é que nos dá força e coragem para continuar escrevendo – disse.
Apesar de não ser um assunto novo, a forma lúdica e instigante como o aborda torna a leitura interessante e atinge sutilmente o público mais jovem, normalmente meio alheio a essas questões.