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Segunda-Feira,17 de Novembro

Estudantes pedem democratização do meio-passe

Jornal O Norte
Publicado em 23/09/2008 às 09:35.Atualizado em 15/11/2021 às 07:44.

Fabíola Cangussu


Repórter



Meio-passe, sonho que acompanha o estudante montes-clarense por mais de duas décadas e que provocou um dos capítulos mais tristes na história dos movimentos estudantis, com a agressão de crianças e adolescentes na prefeitura, continua causando polêmica. O projeto apresentado pelo município e aprovado na câmara, excluiu grande parte da população que necessita do benefício, e hoje, 23, estudantes buscam alterá-lo para se tornar mais democrático.



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Diego e José Lousada pedem aos vereadores que tornem o


projeto de meio-passe um direito de todos os estudantes



Em enquete realizada pelo jornalista Samuel Nunes para o jornal O NORTE, 100% dos entrevistados apóiam o meio-passe, mas pedem emenda sobre três itens básicos que tornam o projeto excludente. Esse é o  mesmo pensamento do presidente do DCE Unimontes Diego de Macedo.



- Lógico que sonhamos com esse meio-passe. É uma luta que acompanha o movimento estudantil há décadas. Mas da forma que ele foi apresentado se caracteriza como um projeto meia-boca.  Algo extremamente político, sem visar as reais necessidades sociais. No dia 24 de junho, o estudante do 5º período de Ciências Sociais da Unimontes Daniel Dias foi o responsável pela entrega do projeto de lei, anexado a 13.241 assinaturas de pessoas que lutam pela implantação do meio-passe em Montes Claros. Esse projeto demonstrava realmente a nossa necessidade. E agora em nome de uma eleição, a prefeitura desconsiderou um dos maiores exemplos de nossa democracia que foi a iniciativa popular. Vale reforçar que não estamos querendo reivindicar autoria do projeto, pois todos sabem bem que é um sonho coletivo. O que desejemos é pedir à câmara municipal que escutem a população -  explica Diego.



nullA estudante Fabiana Fernandes, representante do DA de Direito das Faculdades Pitágoras, questionou  sobre a exclusão dos estudantes da rede de ensino privada.



Fabiana afirma que estudantes de escolas privadas também necessitam do meio-passe


(fotos: FABIOLA CANGUSSU)



- Não consigo entender a lógica desse projeto. Todas as pesquisas apontam que no geral, as escolas superiores públicas têm em sua grande maioria estudantes oriundos de colégios particulares, uma vez que o ensino médio estadual encontra deficiente, fazendo com que esses milhares de meninos e meninas tenham dificuldade de lutar em pé de igualdade por uma vaga nessas instituições superiores. A alternativa dessas pessoas é conseguir vaga nas faculdades particulares. Sem a alteração desse projeto, pessoas como eu ficarão sem o benefício. Sou estagiária da prefeitura, recebo R$415 pelo meu trabalho, porém pago de faculdade o valor de  R$710. E essa é a realidade de centenas de pessoas de nossa cidade. Pessoas que trabalham o dia inteiro, juntam cada centavo para pagar seu curso superior, e no momento de amenizar sua luta, o sistema simplesmente a exclui. Onde está a justiça social desse projeto? – questiona a estudante.



Um outro ponto que gera polêmica é quanto a renda familiar desse estudante.



- Ter renda familiar de até 3 salários mínimos. Como justificar isso para um pai de família, que além de ter de arcar com as despesas de aluguel, água, luz, e alimentação, mais as outras variações garantidas pela Constituição como vestuário e lazer, que ao ganhar um pouco mais de 3 salários, seus filhos não poderão conquistar esse direito? Lembremos aos nossos legisladores que o meio-passe significa acessibilidade. Todos têm esse direito, portanto o meio-passe não pode ser excludente. E necessitamos salientar também que o estudante além de freqüentar as aulas, vai a uma biblioteca, sai para uma pesquisa de campo, ou mesmo a manifestações culturais. Tudo faz parte de sua educação, logo, necessita que o meio-passe atenda a isso também. Portanto, queremos pedir as pessoas que solicitem aos vereadores, nossos representantes, que atuem em prol da classe estudantil nesse momento – conclui  José Lousada, diretor municipal e estadual da UJS.



24 DE ABRIL: O MARCO DA VIOLÊNCIA



Mais de três mil estudantes, com idade entre de 12 e 17 anos, foram agredidos por policiais militares no dia 24 de abril deste ano, depois que eles saíram da praça Dr. Carlos em Montes Claros com destino à prefeitura da cidade, para reivindicar o meio-passe, direito já conquistados pelas grandes cidades mineiras e do Brasil. Objetivando cobrar promessas feita pela administração na manifestação realizada no dia 27 de março deste ano.



Na porta da prefeitura os estudantes pediram a presença do prefeito Athos Avelino para conversarem sobre o meio-passe. O chefe do executivo não foi ao encontro dos manifestantes e nem mandou representantes. Os adolescentes deram um prazo para que o prefeito de Montes Claros comparecesse a porta da prefeitura, caso não acontecesse todos iriam entrar na sede da administração.



Mas o que parecia uma reivindicação pacifica tomou outras proporções, quando a tropa de choque da polícia militar, entrou na prefeitura, munidos de armas com balas de borrachas, spray de pimenta, cães policiais e bombas de efeito moral. O cenário mudou radicalmente. Adolescentes foram agredidos com spray de pimenta, gás lacrimogêneo e balas de borracha.



Os lideres estudantis , Lucas Alves-UCMG, Tiago Mayoworm- UBES, Diogo Santos- UEE, Flávio Nascimento – UCMG e Danniel Coelho- UNE foram detidos pela polícia militar, e liberados quase 8 horas depois.

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