Paula Machado


Repórter

Os professores ainda continuam em greve, o movimento persiste, segundo o presidente do SIND-UTE em Montes Claros, José Gomes. Ele revela que a duração ou não da greve vai depender da resposta que obtiverem da assembléia que será realizada em Belo Horizonte.

- Estamos aguardando a resposta da assembléia em BH. Vamos nos reunir às 16h no sindicato e, no dia primeiro de outubro, vamos fazer também lá no sindicato uma avaliação geral, às 9h – explica ele.

O IBGE divulgou nesta quarta, 24, uma análise das condições de vida dos brasileiros em 2007. A pesquisa mostrou avanços na área social, mas a qualidade da educação está prejudicando milhões de alunos.

O acesso ao ensino fundamental já está praticamente resolvido no Brasil, mas o que ainda precisa melhorar é a qualidade da educação. São muitas as crianças que não sabem ler e escrever.

- Enquanto isso, a educação em Minas continua parada.  E as escolas e universidades que auxiliam na formação do aluno continuam em greve e quem sai perdendo são os estudantes.

Com os vestibulares se aproximando, muitos alunos que estão no último ano do ensino médio e que se preparavam para tentar o vestibular, tiveram que suspender seus sonhos, pois são justamente os últimos anos do ensino médio que preparam o estudante para enfrentar o vestibular com mais conhecimento.

- É complicado. Com essa greve, todos nós ficamos prejudicados. Nosso ensino está defasado, não tem nem como tentar vestibular esse ano. Perdemos um ano importante de estudos para tentar o vestibular, agora só no próximo – diz, inconformada, Caroline Silva, estudante do 3º ano do ensino médio.

PAIS

Essa realidade não assusta só aos estudantes do ensino médio, como também aos demais alunos e aos seus pais.

- Eu, como mãe de aluna do 1º ano do ensino médio, e como trabalhadora desse país, acho a greve um movimento legítimo e legal, mas o que não pode acontecer é que ela prejudique o ensino dos estudantes que não têm culpa disso. Eles estão certos em exigir providências do governo, mas o que fazer com os adolescentes ociosos em casa por falta de aula? É o futuro deles que estará prejudicado, essa greve vai ocasionar um grande atraso na vida de todos eles – diz Sueli Moreira Lopes Guimarães, faturista, mãe de uma aluna do ensino médio.

Os alunos desaprovam essa atitude dos professores, porque se sentem prejudicados com a greve.

- No início fiquei feliz em tirar uns dias de folga da escola. Mas, com o passar do tempo me senti prejudicada. Enquanto os alunos de escolas particulares continuam estudando eu estou sem aulas. Como vou me preparar para o vestibular com essa lacuna no meu ensino? Depois, teremos que correr com as matérias para recuperar o tempo perdido e o ensino será muito prejudicado, o entendimento das matérias ficará comprometido – lamenta Karla Viviane Carriery Guimarães, estudante do primeiro ano da Escola estadual Professor Plínio Ribeiro.

MOBILIZAÇÃO

O inspetor Leandro Silva Andrade, da SRE – Superintendência regional de Minas Gerais, diz que não pode se pronunciar pela instituição, mas que em sua opinião falta mais mobilização dos professores nessa greve. Ressalta que no dia 25, no movimento que eles fizeram em frente a SRE, ele pode notar que falta a muitos professores vestir mesmo a camisa e reivindicar com mais afinco seus objetivos.

- Falta mais mobilização. Tem que haver mais mobilização por parte dos professores. Mas nós, da SRE esperamos que o impasse seja resolvido rapidamente entre o governo e os educadores. Quem fica prejudicado é o estudante que perde aulas e fica no meio desse fogo cruzado – diz ele.

Segundo Leandro, essa paralisação no ensino quebra o ritmo das aulas oferecidas aos estudantes.

- Fica então a dúvida dos educadores por salários melhores e a esperança dos estudantes de Minas de que essa questão seja resolvida rapidamente para que possam voltar às aulas – conclui.