Estudantes debatem violência doméstica em escola

Jornal O Norte
Publicado em 29/04/2008 às 10:08.Atualizado em 15/11/2021 às 07:31.




O desfile foi a maneira encontrada pelos alunos para levar para as


ruas uma maior conscientização
(foto: FABIOLA CANGUSSU)



Fabíola Cangussu


Repórter



Nos jogos internos do Indyu professores tiveram a ousadia de debater a situação da mulher no Brasil e no mundo, e levar as ruas temas como o 8 de março e a Lei Maria da Penha.



Segundo Elza de Oliveira, coordenadora de eventos do colégio, neste ano, a proposta do desfile foi apresentar à sociedade o Projeto SER – Sistema de Educação Responsável, que consiste em uma iniciativa da Associação Educativa do Brasil (Soebras) em colaborar para a formação de cidadãos conscientes de suas funções enquanto agentes transformadores da sociedade.



Joana Santos comerciante diz que ficou emocionada ao ver adolescentes representando a historia da mulher com naturalidade e orgulho.



- Quem podia imaginar que meninos de 15 para 16 anos iriam colocar um vestido ou uma saia, e levar cartazes sobre a violência doméstica e sexual. Essa postura demonstra que a nova geração irá respeitar e defender a mulher como um todo, inclusive no ambiente de trabalho – comenta a comerciante.



O mototaxista Josias Ferreira identificou a menina que foi acorrentada e torturada em um prédio em Goiânia, num dos carros do desfile.



- Achei perfeito eles reconstituírem a cena da criança encontrada num apartamento em Goiânia, isso faz com que não seja esquecido esse fato gravíssimo, e as pessoas percebam que meninos entendem o que acontece ao seu redor – elogiou o mototaxista.



Uma cena resgatada pelo professor Everaldo Ramos foi a vivida por operárias de uma fábrica de tecidos em 1857.



- Nesse desfile quisemos resgatar a historia da mulher, mostrar o sofrimento e as conquistas. E deixar claro, que elas fazem a história – afirma o professor, que trabalhou com a turma usando materiais recicláveis.



- Chamou muito minha atenção, mas não consegui saber o que significa a fábrica. Pelo que entendi as meninas pediam socorro, não foi isso? – Perguntou a vendedora ambulante, após o desfile, em resposta a pergunta sobre a homenagem dos adolescentes às mulheres.



A lei Maria da Penha foi lembrada no desfile. Cartazes alertando sobre o problema da violência doméstica e sobre o desrespeito com que as mulheres são tratadas no dia-a-dia foram carregados por meninas e meninos.



As conquistas também foram retratadas nas alas, médicas, bombeiras, empresárias e o maior cargo do executivo de um país, como a presidente do Chile, demonstrando a mudança no comportamento da América Latina, até então conhecida pela predominância do machismo.



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Menina de veste de presidente do Chile para reafirmar a


mudança de comportamento na América Latina



(foto: FABIOLA CANGUSSU)



A estudante do 2º ano, Cristiane Dantas, que participa dos desfiles do colégio há quatro anos aprovou a escolha do tema, por considerar algo importante para todos. Um outro ponto aprovado pela estudante foi a oportunidade oferecida pelo evento de unir estudantes e professores em prol de uma mesma causa.



Após o desfile, os participantes se reuniram no pátio do colégio, para a abertura dos jogos internos. O professor Ruy Muniz parabenizou a iniciativa dos professores.



- O esporte tem o papel de despertar a cidadania, o trabalho em grupo e o respeito ao próximo. É também muito importante como parceiro no desenvolvimento intelectual dos jovens. É importante uma juventude sadia para a construção de um mundo melhor – ressaltou o professor antes de decretar aberto os jogos.



Raquel Muniz além de parabenizar o empenho dos adolescentes na realização da festa de abertura dos jogos internos. Agradeceu a parcerias dos pais em todos os momentos da vida escolar dos filhos.



- Vamos olhar em direção aos pais que estão sempre presentes e ajudando a fazer esse colégio cada vez melhor, e agradecer a parceira e o apoio – pediu Raquel aos estudantes e professores que prestassem essa homenagem justa aos pais.



8 DE MARÇO



O Dia Internacional da Mulher é celebrado a 8 de Março. É um dia comemorativo para a celebração dos feitos económicos, políticos e sociais alcançados pela mulher.



A ideia da existência de um dia internacional da mulher foi inicialmente proposta na virada do século XX, durante o rápido processo de industrialização e expansão económica que levou aos protestos sobre as condições de trabalho. As mulheres empregadas em fábricas de vestuário e indústria têxtil foram protagonistas de um desses protestos em 8 de Março de 1857 em Nova Iorque, em que protestavam sobre as más condições de trabalho e reduzidos salários. Nessa data as operarias foram trancadas na fábrica e queimadas vivas.



LEI MARIA DA PENHA



A Lei Maria da Penha foi sancionada em 7 de agosto de 2006 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva; dentre as várias mudanças promovidas pela lei está o aumento no rigor das punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. A lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006, e já no dia seguinte o primeiro agressor foi preso, no Rio de Janeiro, após tentar estrangular a ex-esposa.



O nome da lei é uma homenagem a Maria da Penha Maia que foi agredida pelo marido durante seis anos. Em 1983, por duas vezes, ele tentou assassiná-la. Na primeira com arma de fogo deixando-a paraplégica e na segunda por eletrocução e afogamento. O marido de Maria da Penha só foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas dois anos em regime fechado.



A lei altera o Código Penal brasileiro e possibilita que agressores de mulheres no âmbito doméstico ou familiar sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada, estes agressores também não poderão mais ser punidos com penas alternativas, a legislação também aumenta o tempo máximo de detenção previsto de um para três anos, a nova lei ainda prevê medidas que vão desde a saída do agressor do domicílio e a proibição de sua aproximação da mulher agredida e filhos.

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