Paula Machado


Repórter

Depois de 15 anos, os estudantes de Montes Claros comemoram a conquista do meio-passe. Após muita determinação e luta, o benefício aos estudantes foi aprovado pela câmara municipal nessa terça-feira, dia 23. Mas o projeto agora aguarda sanção do executivo.

- Foram muitas dificuldades e muitos problemas que nós estudantes enfrentamos para conseguir essa vitória, mas valeu todo o esforço – diz Mônica Santos, universitária do 4º período de Letras.

Segundo Clara Montana Inácio Xavier, diretora da UJS – União da Juventude Socialista, a maior dificuldade era o problema com as empresas de lotação que atuam em Montes Claros há 25 anos, e que não queriam de forma alguma que o valor da passagem baixasse. Por isso a necessidade de se criar um projeto que beneficiasse os estudantes, o do meio passe.

As reivindicações principais dos estudantes e líderes estudantis eram de que alunos de escolas públicas e privadas, faculdades públicas e privadas e cursos técnicos tivessem direito também ao meio-passe. Que o critério de renda não fosse determinante.

Estudantes em massa ocuparam as cadeiras da câmara, ansiosos pela aprovação das emendas. O projeto de meia-boca, como o denominou Lipa Xavier, proposto pelo prefeito Athos Avelino, sofreu modificações que alegraram os estudantes. Todos os vereadores apoiaram a causa e votaram a favor.

- O critério de renda e o limite de distância propostos pelo prefeito excluíram 95% dos estudantes. É um projeto de meia-boca, que a câmara não podia permitir que ficasse do jeito que foi elaborado. Ele estava recheado de partes podres, que deveriam ser retiradas imediatamente. Era um projeto que estava em votação desde terça passada.  Os estudantes cobraram as emendas e a câmara teve de cumprir o seu papel de ajudar a população – diz Lipa Xavier – PCdoB, autor do primeiro projeto do meio-passe e criador de 5 emendas.

EMENDAS

Segundo a votação, foram aceitas das 13 emendas encaminhadas apenas 11 aguardando resposta do executivo. De acordo com Lipa Xavier, cinco modificações foram feitas. Elas alteram cinco dos oito artigos do projeto original, apenas 3 artigos do original continuam valendo.  Uma das alterações é a eliminação do critério de renda de 200 reais. Outra medida é a inclusão de estudantes de escolas particulares no benefício, o aumento de 54 vales para 70 por mês; e que o uso dos vales não fique restrito só aos dias letivos, servindo também para os finais de semana, férias e feriados, e a afirmação da representação de líderes estudantis, com o aumento de dois para nove líderes entre outras.

- Conseguir essa aprovação foi uma grande vitória. Merecemos muito essa conquista. Seria uma grande injustiça que os vales não fossem destinados a estudantes de escolas e faculdades privadas, também. Afinal, somos estudantes. Esperamos que o prefeito possa aceitar e aprovar o projeto que nós elaboramos e que agora foi aceito pela câmara – diz Veridiana Martins, 2º período de Administração de Empresas.

Como ela explica, se o prefeito for reeleito, é bem capaz de que o projeto não vá para frente, da mesma forma que ela acredita que ele possa vetar o projeto do meio-passe. O presidente da câmara, Coriolando Ribeiro também apóia o projeto, mas diz que todo movimento tem que ser responsável.

- Apoio o meio-passe, a comunidade inteira apóia o meio-passe, mas desde que ele venha a atender plenamente à categoria, que seja elaborado com responsabilidade. Em momento político as pessoas usam muitos subterfúgios, mais de forma politiqueira do que de forma responsável para garantir ao estudante o meio-passe – diz o presidente.

- Com a mobilização social e a coragem, juntos superamos mais um obstáculo. Esperamos que não venham mais. Se vierem, vamos enfrentá-los. O meio-passe é um direito nosso que a prefeitura deve garantir – diz o diretor da UBES – União Brasileira de Estudantes Secundaristas, Lucas Alves.

Após aprovação das emendas, estudantes e líderes estudantis foram para frente da prefeitura comemorar a vitória, cantando suas músicas com temas variados, como por exemplo, o hino da UJS e o dinheiro do meu pai não é capim, eu quero meio-passe sim e prefeito farsante, inimigo do estudante.