Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
O ano letivo está terminando e o período de matrículas para 2007 já começou. Nesse momento muitos pais enfrentam um sério dilema na hora e escolher a melhor opção para os filhos, seja os que vão ter sua estréia na escola, ou mesmo os que pretendem se transferir para uma nova instituição de ensino. Alguns critérios precisam ser ponderados para que a escolha não se torne um problema na vida das crianças, que nascem com personalidades distintas que precisam ser moldadas e adaptadas ao seu convívio social.
Muitas delas, pela sua rebeldia, temperamento forte, falta de educação adequada ou por influências externas precisam de uma educação mais rígida. Outras são mais introspectivas ou criativas e precisam de locais estruturados para desenvolver suas potencialidades. Algumas escolas são mais exigentes em relação à disciplina. Outras dão mais liberdade aos alunos. Há aquelas que enfatizam o conteúdo. Muitas privilegiam as ciências e a tecnologia. Algumas valorizam a arte. E se os pais conseguem definir exatamente o que procuram, se sabem o que querem para o filho, fica tudo mais fácil.
Não existe uma única escola que seja capaz de atender aos anseios de todos os pais e alunos. Cada escola é um mundo e cada criança uma individualidade. Por isso, é importante não atentar apenas para a estrutura física, mas, principalmente, para o modelo de ensino, que deve atender às necessidades de cada indivíduo e escolas com diferentes linhas pedagógicas para melhor lidar com a individualidade de cada criança. Também é importante que os pais conheçam e compreendam a metodologia e o processo educacional utilizados pela instituição para que possam optar pela que melhor atenda à filosofia, valores e expectativas da família.
A coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental I, Marina Santos Vieira, diz que é importante avaliar a metodologia trabalhada em sala de aula, pesquisar os livros e materiais didáticos utilizados, o espaço físico, o número de alunos por turma e as atividades extracurriculares oferecidas.
A professora Maria Lúcia Silva Carvalho, que trabalha há 24 anos na alfabetização, compartilha da mesma opinião.
- O trabalho em equipe é fundamental. O ambiente escolar precisa estar em harmonia e a equipe deve trabalhar com espírito de colaboração, focando o crescimento do aluno de forma interativa, não restringindo ao professor a atenção que lhe deve ser dispensada – explica Lúcia.
Na hora de mudar os filhos de escola, Marina Santos ressalta a importância dos pais conversarem com a criança e explicar o motivo da transferência, de forma que ela também participe da escolha da nova escola, e não encarar como uma imposição.
- A transferência deve ter um motivo, como falta de adaptação ao ambiente escolar, problemas com notas ou discordâncias com o método pedagógico. Não adianta mudar de instituição sem mudar as atitudes e a forma como a família se relaciona com o ensino do filho – explica Marina, que diz que pesquisar a opinião de pais de alunos que já estudam na nova instituição é importante antes de tomar a decisão.
- Ninguém indicará uma escola a outro pai se não estiver realmente satisfeito – completa.
Outro ponto lembrado pela professora, que não deve ser deixado de lado no momento da escolha, é a proximidade do colégio da residência ou do local de trabalho dos pais.
Lúcia diz que depois de decidir a escolha da escolha, é bom ler o contrato atentamente, calcular o valor da mensalidade e quais os produtos e serviços incluídos, verificar os gastos extras com material e transporte escolar, e se estes se ajustam ao orçamento familiar.
- A decisão final deve levar em consideração a sintonia, ou seja, a família tem segurança na equipe da escola e, em contrapartida, a criança terá uma educação eficiente e de qualidade – conclui.
CONFIRA AS DICAS PARA MATRICULAR OU TRANSFERIR AS CRIANÇAS
Educação infantil
• O espaço físico e o convívio com os colegas têm peso maior. A escola deve ter ambientes lúdicos, como brinquedotecas, por exemplo, com atividades que permitam à criança estar em movimento. Os intervalos das aulas e a preparação da merenda precisam de atenção especial.
• A proposta pedagógica deve ser bem definida, mas sem conteúdos sistematizados, com atividades integradas. Se for muito rígida, a criança pode perder o encanto com a escola e não querer voltar mais.
• O professor deve fazer um acompanhamento individualizado dos pequenos alunos (o número ideal é entre 10 e 12 alunos por professor). Ele deve ser formado em Pedagogia, Normal Superior ou, pelo menos, Magistério.
Ensino fundamental
• A alfabetização deve ser cuidadosa. Bibliotecas bem equipadas e videotecas fazem a diferença na formação do aluno.
• Tanto o espaço físico quanto a coordenação pedagógica devem permitir um intercâmbio entre as turmas, promovendo a socialização. Atividades que envolvam as classes como se fossem equipes são bem-vindas. Da 1ª à 4ª séries, cada sala deve ter no máximo 30 alunos. Da 5ª a 8ª série, até 35 alunos.
Ensino médio
• É importante que os professores desenvolvam projetos integrados às áreas de conhecimento, promovendo a interdisciplinaridade. Pais e alunos devem verificar o nível de aprovação dos alunos da instituição nos principais vestibulares.
• É o momento certo para motivar os jovens para a escolha da carreira. Projetos complementares, ligados às áreas de conhecimento que serão objeto do vestibular, contribuem para a definição de qual carreira seguir. A escola deve conciliar dois propósitos: oferecer uma formação ampla e integral e dar condições para o prosseguimento dos estudos pelo aluno, ou seja, prepará-lo para o vestibular.
• Boas bibliotecas, laboratórios de informática bem equipados e aulas de duas línguas estrangeiras são essenciais. O ideal é 35 alunos por sala de aula, podendo chegar, no máximo, a 40.
Alguns pontos são válidos para qualquer fase da educação:
• Informe-se sobre a metodologia utilizada pela escola (tradicional, cognitiva/ construtivista, sócio-construtivista, interacionista ou sócio-interacionista, por exemplo), e o sistema de avaliação da escola, se é mais quantitativo, priorizando o sistema de notas, ou qualitativo, voltada ao desempenho cotidiano do aluno;
• A escola tem de oferecer disciplinas extracurriculares, oficinas, laboratório de informática, esportes, línguas - contanto que o preço desses produtos e serviços não seja uma surpresa para os pais depois que a criança já está matriculada. A criança deve, sempre que possível, desenvolver uma atividade complementar, e se fizer isso dentro da própria escola, é muito mais prático para a organização familiar;
• Busque conhecer a equipe, os professores e a estrutura física da escola; se existem áreas para atividades culturais e esportivas e se a escola tem projetos inovadores de leitura e debate. Verifique se existe formação continuada dos profissionais da escola;
• O melhor para o aluno é estudar perto de casa. Busque uma escola que esteja no caminho do trabalho para casa. Porém, a rotina dos pais ou a distância do local de trabalho em relação à residência pode influenciar nessa escolha. Se trabalha próximo, é bom que o horário seja compatível. Se a distância for grande, a escola pode ser perto do trabalho para facilitar o transporte;
• Os pais têm que deixar seus filhos na escola e saber que estarão seguros. Quantas e como são as pessoas que recepcionam as crianças? Quais e como são os procedimentos de retirada dos alunos? Qual o número de porteiros e o número de inspetores em todos os andares? Há segurança interna, catraca eletrônica, câmeras? Visite o colégio durante as aulas e sem prévio aviso para ter noção real da segurança oferecida;
• Contratar uma escola é como comprar um serviço. Fique atento a valores, prazos e tenha certeza de que está contratando uma empresa idônea. O valor da mensalidade dependerá do orçamento de cada família. É preciso lembrar que esse será um gasto a longo prazo – por, pelo menos, 14 anos. O entusiasmo dos pais no primeiro ano pode gerar frustração, principalmente para o aluno, que tem que sair da escola porque os pais não conseguem mais pagar;
• Procure uma mensalidade que já inclua uma atividade extra. Avalie o contrato pedagógico também. Você estará aceitando o que a escola propõe para seu filho. Analise o custo-benefício da escola particular antes de efetuar a matrícula. Se optar por escolas da rede pública, a pesquisa terá que ser ainda mais criteriosa, uma vez que existem diferenças quanto à qualidade de ensino de uma unidade para outra.